Magia de verdade

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 Gina entrou em casa e estranhou o silêncio. Entrou na sala e viu a bagunça deixada por todos os lados: almofadas jogadas no chão, brinquedos espalhados por todo lugar, cacos de um vaso amontoados perto da lareira. Saíra de manhã e deixara Harry tomando conta dos dois filhos de quatro e dois anos e já esperava toda aquela bagunça, não o silêncio. Logo ficou imaginando o que poderia ter acontecido. Foi para a cozinha e também não os encontrou. Já estava ficando apavorada quando ouviu um grito infantil, seguido de risadas.

 Foi até a porta dos fundos, abriu e ficou um longo tempo observando a cena: Tiago, Alvo e Teddy corriam de um lado para o outro tentando pegar Harry que desviava dos garotos com facilidade, rindo do esforço dos meninos em tentar pegá-lo. Após desviar várias vezes, Harry deixou que o pegassem e caíram os quatro no chão, rolando na grama e dando altas risadas. Sorriu também e voltou para dentro de casa. Não interromperia aquela cena por nada no mundo.

 Não existia nada mais lindo do que ver Harry com os filhos. Ele era um paizão, sempre presente em todos os momentos e isso começara com Teddy a nove anos atrás. Fora muito engraçado vê-lo trocar a fralda do afilhado pela primeira vez, o pânico que sentia cada vez que o pegava no colo, a delicadeza com que o embalava para dormir. Todos os momentos com Teddy prepararam Harry para a chegada dos filhos, mas não o prepararam para a emoção que tivera ao ter Tiago e Alvo nos braços. Gina sorriu e acariciou a barriga: logo o marido sentiria aquela emoção novamente, embora ainda não soubesse disso.

 Voltou para a sala e num simples gesto de varinha arrumou toda a bagunça e foi até o quarto tomar um banho antes de preparar o jantar. Tinha acabado de voltar para a cozinha quando seu marido e as três crianças entraram rindo, Alvo e Tiago pendurados na cintura de Harry e Teddy fazendo festa em volta deles, com o cabelo cor de rosa igual ao que Tonks usava. O menino descobrira isso a pouco tempo e estava com o cabelo sempre daquela cor.

- Mamãe! - gritaram os dois meninos menores e pularam para o chão, e correram para Gina, mas não se demoraram no abraço. Só Teddy a abraçou mais apertado e ela deu um beijo nos cabelos.

- Olá meus amores. Se divertiram muito enquanto eu estive fora?- perguntou trocando um olhar cúmplice com Harry.

- Muito, tia Gina. Tio Harry brincou com a gente de pique esconde a tarde inteira, fez cachorro quente e disse que vamos assistir o filme do Aladim, depois do jantar.

- Mas antes vocês têm que tomar banho. - Harry declarou. - Por que vocês não vão subindo na frente?

- Podemos tomar banho na banheira do seu quarto, papai? - perguntou Tiago, pulando inquieto.

- Podem. - os três gritaram felizes e saíram correndo, Teddy segurando a mão de Alvo.

Harry se aproximou de Gina e a enlaçou pela cintura, a beijando ternamente.

- Senti saudades. - ele falou, próximo ao ouvido dela.

- Também senti. - ela respondeu e se afastou um pouco para olhar nos olhos que tanto adorava e tentou ralhar com ele. - Quantas vezes já te falei que cachorro quente não é refeição? - Harry fez uma careta e Gina riu.

- Um dia só não faz mal, amor. - ele defendeu-se.

- É, não faz. - ouviram pequenos gritinhos e risadas vindas do andar de cima. - Mas agora acho que tem três pestinhas lá em cima esperando pra tomar banho. E isso vai ser tarefa sua.

- Tudo bem, capitã. - deu um beijo estalado no rosto dela e saiu correndo.

- Vê se não inunda o banheiro inteiro. - ela ainda gritou, mas sabia que ele não tinha ouvido. 

Mais de meia hora depois os quatro apareceram na cozinha, todos com os cabelos molhados, os meninos já de pijama. Comeram em meio a uma conversa alegre, os risos dos meninos enchendo a casa, a alegria infantil contagiando os adultos. Depois do jantar foram para a sala de TV e se esparramaram pelo chão, enquanto Harry colocava um dvd do Aladim para tocar. 

Apesar de viver no mundo bruxo a muito tempo, ele ainda cultivava alguns hábitos trouxas e adorava dividir isso com as crianças. Após assistirem a dois desenhos animados, fazerem uma guerra de pipoca e devorarem vários sapos de chocolate, os três meninos adormeceram nas almofadas do chão, exaustos após um dia inteiro de brincadeiras.

- Acho que está na hora de colocar os meninos na cama. - Gina falou baixinho, acariciando os cabelos do marido que estava deitado no seu colo. Harry se levantou e esticou o corpo todo. 

- Vou subir e arrumar as camas. 

Após colocarem os meninos na cama, voltaram para a sala e arrumaram a bagunça que tinha ficado. Sentaram-se abraçadinhos no sofá e ficaram um tempo em dizer nada.

- Não sei como você consegue cuidar daqueles dois, escrever pro Profeta Diário e ainda cuidar da casa. - Harry falou. - Cuidei deles só um dia e estou morto.

- Mas você se saiu muito bem. Os meninos adoraram. - Gina o elogiou.

- Isso é perfeito, sabia? - ele declarou a apertando mais nos braços. - Quando eu era criança imaginava viver assim, ter uma casa cheia de risadas de crianças, brinquedos espalhados por toda parte, fazer guerra de travesseiros, brincar de pega-pega no jardim. Achei que nunca viveria isso.

- Mas tá vivendo, meu amor. Eu sei como isso é importante pra você. Eu cresci numa casa desse jeito e adoro esses momentos, imagino então você, que não teve isso quando era pequeno. Acho que essa é a verdadeira magia. - declarou Gina.

- É verdade. Essa é a verdadeira magia. E ficaria mais perfeita ainda se tivéssemos uma menininha. - Harry declarou, galante, mordiscando a orelha dela e Gina riu, com a falta de sutileza do marido.

- Talvez não precisemos esperar muito. Tenho o pressentimento que o bebê que está aqui é uma menina. - falou acariciando a barriga. 

Levou mais de um segundo para Harry entender o que ela tinha dito. Afastou-se dela, o olhar incrédulo, como se recebesse aquela notícia pela primeira vez na vida.

- Você tá grávida? - quis confirmar e Gina assentiu com a cabeça. 

- Vamos ter outro filho? - Sem esperar resposta, Harry a beijou profundamente.- Eu te amo, Gina. Muito, muito, muito. - ele falou, distribuindo beijos por todo o rosto dela. - Obrigado por fazer minha vida tão feliz, por não desistir de mim, por me esperar tanto tempo, por se casar comigo, por me dar dois filhos lindos.

- Três. - Gina completou.

- Sim. Três. - Harry ajoelhou-se no chão e beijou a barriga da mulher. - Quatro, na verdade, se contarmos o Teddy. 

Ficou um bom tempo abraçado a mulher, tentando de alguma forma, já sentir a criança que crescia ali. 

- Acha mesmo que pode ser uma menina?

- Acho. Mamãe disse que sempre sabia o sexo do bebê antes mesmo da barriga começar acrescer. Acertou até comigo, apesar de ter mudado de idéia durante a gravidez. Ela disse que eu me mexia e chutava demais, então só podia ser menino. Fleur, Angelina, Audrey e Hermione também acertaram. E das outras vezes, eu tinha certeza que eram meninos.

- Então acho que temos que começar a arrumar um quarto pra ela. Vou pintar todas as paredes de cor de rosa, comprar um monte de bonecas e bichinhos de pelúcia e vários vestidos.

- Ah, não Harry. Rosa é horrível, e sendo minha filha e sua acho que ela vai preferir uma vassoura de brinquedo e duvido que ela goste de vestidos. - Gina ralhou, rindo do entusiasmo dele.

- Pode ser. Mas gostaria muito que ela fosse parecida com você, os mesmos cabelos ruivos, os mesmos olhos de chocolate, o mesmo sorriso encantador. Só espero que o garoto por quem ela se apaixonar não demore uma vida inteira pra descobrir como ela é incrível. - Gina o beijou na testa e depois nos lábios, com lágrima nos olhos.

- Acho que estamos fazendo planos demais pra uma criaturinha que ainda tá crescendo aqui dentro. Primeiro temos que ter certeza que será menina, e isso vai demorar um pouquinho ainda. - Gina declarou, tentando disfarçar a emoção que lhe tomava naquele momento.

- Tá bom. - Harry se levantou e puxou a mulher para si. - Mas se qualquer idiota fizer minha princesinha sofrer eu acabo com ele. 

Gina riu alto e puxou o marido pela mão até o quarto. De alguma maneira sabia que teria uma menina, que traria muita alegria aquela casa e para sua família. E sabia que ela seria paparicada e superprotegida pelo pai e pelos irmãos e como mãe, teria muita dor de cabeça para equilibrar aquela proteção e manter a paz naquela casa. Mas sabia de uma coisa: sua filha seria muito amada e isso era a verdadeira magia que envolvia a sua família: o amor. 

Momentos da Vida - Harry PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora