秋 (Aki) - Hanzo

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O entardecer flamejante revela toda a extensão da esfera solar no topo deste céu, um ápice invejável a todo e qualquer astro presente no universo. Paro próximo ao arco natural de árvores fitando a íris violeta à qual jamais perde o ar de indiferença, ela me odeia mais do que esse tortuoso silêncio... é mediante esses olhos que possuo uma certeza, ela jamais conseguirá perdoar meus erros passados.
Antes que pudesse deixar o carro travo seu movimento segurando a porta, o olhar afiado lança sobre mim frieza e descrença, apenas por esse olhar tenho certeza que poderia me matar a qualquer instante.
Busco sua mão tocando-a, essa expressão de raiva vai contra o semblante calmo que esboça sempre para os outros. Mesmo contra sua vontade ainda carrega a aliança, e pensar que antes de tudo isso éramos mais compreensíveis um com o outro... o passar do tempo apenas acentuou o que todos nós sabíamos, que o ódio iria surgir dentre as emoções de nossos corações e que por ele a destruição do casamento viria.


- Que palhaçada é essa?

- Murano, quero que me explique o que está havendo entre nós para eu poder mudar.

- Eu tomei minha decisão, sou casada não submissa... não mais... estou farta de sempre abdicar de algo em prol de você ou de meu pai.

- Eu disse que poderia vir, manter uma vida de aparência seria mais fácil por aqui e querendo ou não poderia tentar.

- Não pode me respeitar longe e pretendia manter uma vida de aparências comigo por perto? Logo você, o homem que me trai sem peso na consciência, suas palavras não passam de falsas afirmações inválidas.

- Eu sei que erro com você, mas não é por mal, apenas não consigo encontrar outras soluções.

- Vamos logo por favor, ficar no mesmo ambiente que você por muito tempo não me agrada nem um pouco e já percebeu isso.

- Desculpa, eu juro não faço por mal.

- Entendi, apenas enxergar uma oportunidade para errar e permanece em seguir ela... claro que não faz por mal, burra fui eu de não ter me entregado aos sentimentos enquanto estiver sozinha na França.

- Eu sei... - pressiono o volante contra meus dedos. - o que você fez há dois anos, vi com meus próprios olhos.

- Sabe? Que bom! Agora percebe o estrago que gerou em mim... uau... - seus olhos são tomados pela vermelhidão. - descobriu que por sua culpa eu estou vivendo um inferno na terra!


Agressiva desfaz o toque buscando a evasão e por ela retira-se do carro tomando a ribanceira como visão enquanto o sol percorre seu semblante. Deixo o veículo para ter a visão de seus olhos repletos de lágrimas, eu não queria levar a discussão para esse ponto, porém, no final eu apenas faço tudo errado como ela sempre diz... no final eu sou um peso para seus sentimentos tão confusos.
Vê-la desta forma sem forças e inibida de vida mágoa meu coração, dói, saber que tudo isso é por minha culpa crava em meu peito a faca mais letal que alguém poderia ter, sentimentos, quando se voltam para você não há muito o que ser feito para reverter a situação.


- Desculpa, eu fui um idiota com você em todos esses anos. Não tem desculpa que feche as feridas que provoquei no seu coração.

- Eu fiz tudo, deitei-me com um homem, gerei uma filha a qual não tive opção e agora vivo presa nesse lugar de esposa... se soubesse o quão confusa estou entenderia cada sentimento que guardo aqui dentro.


Ofegante toma proximidade do carro, o que eu fiz com ela... busco nosso encontro, mas logo sou afastado. Busco seus olhos e tudo que vejo são apenas fragmentos da mulher que um dia foi, apenas cacos quebrados de seu ser.


When The Weather Is FineOnde histórias criam vida. Descubra agora