秋 (Aki) - Memórias de nosso cômico passado (parte IV)

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Este capítulo contém cenas de violência explícitas que podem acabar gerando gatilhos e até mesmo desconforto.




No descer destes comprimidos o arranho por minha garganta tão comprimida pelos gritos exaltados. Sempre que tomo as cinco pílulas sinto minhas memórias se exaltarem e pela fraqueza lembranças de minhas fragilidades joviais, coisa de garota talvez.
As versões de minhas memórias se alinham e imagem do passado volta assombrando minhas ideias, foi em verão distante, irônico talvez, mas foi em um marcante verão onde encontrei pela primeira vez sua essência caridosa.

Ainda naquela época o cruzar de sua flecha que ganhou a competição foi o estopim que motivou meu alegre coração a sorrir, eu não sei se gostei sempre de garotas ou se isto foi rebeldia aos dogmas..., porém eu sei que no momento em que ganhou conquistou bem mais que uma simples medalha ou troféu. Levou consigo o meu coração tão fluído, despertou em mim um repentino desejo de viver sentimentos inimagináveis para uma mente fechada.

Inegável é o sentimento que carreguei durante aqueles dias de dois mil e quatro, época onde eu mal sonhava com um conceito de liberdade, algo construído após conversas e mais conversas com você. Ali, não havia volta para minhas emoções, já sabia que Naomi Minamoto era a pessoa que eu gostava e não importava o quão difícil ou distante isso fosse eu iria desejar buscar essa emoção.
Hoje que penso nisso percebo o quanto minhas histórias favoritas não eram mentiras infundadas, eu me apaixonei pela heroína, quando passei pela minha primeira crise de dores menstruais ela me ajudou e pensar que mesmo sabendo que ocorreria eu agi como criança... e por fim a competição apenas reforçou aquilo que eu sabia desde o início, um fato que não poderia ser negado nem pelo próprio tempo, uma garota havia me conquistado com sua expressão única.

Lembro das tardes onde despendi tempo para desenhar suas expressões enquanto pensava nas explicações mais elusivas para evitar admitir minhas emoções, coisa como o fato de uma garota gostar de outras ou simples fatos mundanos de como eu poderia desenvolver tal afinidade. Tolice perder tempo com tantas questões? Sim, tolice, mas a verdade é que eu pouco conseguia explicar e até hoje não sei.

Em dois mil e cinco quando estávamos no final de nosso segundo ano ela me beijo após uma crise que tive, naquela manhã meu pai havia feito algo ruim e eu estava em choque, porém mesmo com tantas emoções ruins eu senti seus lábios e por eles o calar de minha voz repleta de confusão. Senti que meu mundo estava repleto de sentido e por mais que nosso sentimento tenha sido afogado em rumores e ofensas ocultas persisti neutra para evitar sua explosão repentina.

Suportei por meses até que no dia mais sombrio a chegada da frente fria trouxe espanto para minha mente, corpo e principalmente alma.
No instante em que observei seu reconfortante olhar pela última vez naquela tarde fria testemunhei um último sorrio singelo, pois a emoção que sentia morreu no instante em que eu cruzei a porta de casa... no segundo em que o olhar de minha mãe recaiu sobre minha face, uma fração de segundo e quando me dei conta já estava no lugar que tanto fui imposta a estar.

Passado (24/12/2005 - outono)

Por suas mãos o sufocar, forte é sua pressão em meu pescoço e pela desesperança da iminente falta de ar fito seu olhar tomado por uma extrema raiva. As mãos que sufocam minha traqueia enquanto meus olhos recaem sobre ela que ao chão está parada observando ele com seu marejado olhar, o brilho de seus olhos é semelhante ao meu... é inexistente... ausência de vida define a expressão de sua face e a fraqueza a impede de vir até mim.

A brutalidade de seu aperta se desfaz, contra à escadaria sou largada caindo sobre os degraus. O impacto aflige meu corpo franzino, dói, mas eu não consigo chorar não importa o quanto isso me machuque... a mão percorre seus fios e abaixo deste olhar percebo minha insignificância.

When The Weather Is FineOnde histórias criam vida. Descubra agora