Classificados

3.1K 134 38
                                    

"Palmeiras, Palmeiras..."

O grito da torcida depois do apito final era arrepiante, algo inexplicável que eu tinha o prazer de vivenciar jogando por esse clube.

Estávamos em mais uma final e era como se fosse a primeira vez, sempre era. O coração acelerado, o sangue pulsando mais forte na veia e a emoção de mais uma vez poder disputar um título.

Depois de agradecer a toda essa massa alviverde, desci para o vestiário junto com meus companheiros, fomos cantando e brincando como sempre fazíamos.

— Mais uma final caralho. — Scarpa gritou.

— E nada melhor do que comemorar essa classificação naquele bar. — Danilo falou, passando o braço sobre meu ombro.

— Tô fora. — Comentei me afastando e indo em direção a minha mochila, pegando algumas coisas pra tomar banho.

— Ah qual é Veiga, não adianta inventar desculpa e além do mais a gente sabe que você tá louco pra ver a garçonete gata de novo.

Dessa vez foi Gabriel Menino quem falou, ele era um idiota e adorava me zoar por causa daquela garçonete, uma garota chata que por motivo nenhum me odiava.

— Eu odeio aquela garota. — Esbravejei e ouvi a risada de todos. — E eu vou no bar com vocês idiotas. — Falei antes de entrar no chuveiro.

(...)

Desde que terminei com a Bruna eu não saía muito, apenas algumas comemorações em ocasiões especiais e almoços em família.

Esse bar era alguns dos poucos lugares que eu ia, ele ficava a alguns quilômetros do estádio e era um lugar super reservado onde podíamos comer e beber sem sermos interrompidos.

O único problema era Heloísa, umas das garçonetes que sempre atendia a gente. Por alguma razão que eu não conhecia, ela me odiava, tratava a todos bem, mas comigo era sempre provocações e cara feia. Tínhamos algo em comum, eu também a odiava, o que ela tinha de bonita, tinha de insuportável.

— Vamos sentar no fundo. — Gabriel falou apontando pra mesma vazia.

Estávamos eu, ele, Danilo e Scarpa, já que o restante do pessoal deu pra trás e não quis vir. Nos acomodamos na mesa e pra minha surpresa quem veio até nós não foi Heloísa e sim a outra garçonete, Letícia o nome.

— Boa noite meninos, hoje vieram só vocês? — A moça de cabelos loiros prendidos em um coque perguntou.

— Oi gatinha. — Gabriel respondeu arrancando um largo sorriso da loira. — Uma rodada de chopp por favor.

— É pra já.

A loira sorriu saindo dali, os meninos e eu caimos na risada. Como Gabriel era péssimo em cantadas. Meus olhos vasculharam todo o espaço que por incrível que pareça estava quase vazio, talvez pelo horário ou não. Mas eu procurava mesmo por ela, não a tinha visto desde que chegamos, ela era sempre a primeira a aparecer pronta pra me alfinetar e me tirar do sério como só ela conseguia.

— Ela está ali. — Danilo comentou me olhando e apontando pra uma mesa do canto.

— Ela quem? — Fingi não saber de quem ele falava, já que havia sido pego no flagra.

— A garçonete gata. — Meus olhos varreram o local e a encontraram, ela anotava um pedido de um casal.

— Eu não estava procurando ela. — Neguei, mas ele não acreditou. — O que foi? Só estava vendo se tinha alguém interessante por aqui.

— Conta outra. — Scarpa afirmou. — Eu sei que esse ódio todo aí é amor.

Fiz uma careta do modo como ele falou e os três patetas caíram na risada, estava pronto pra xinga - los, mais uma voz que eu conhecia bem interrompeu.

— Boa noite, aqui está o pedido de vocês. — Meus olhos capitaram rapidamente os dela, ela me olhou de relance e colocou o pedido sobre a mesa.

— Obrigada linda. — Gabriel deu uma piscadela e ela riu.

— Você não desiste mesmo não é? — Ela cruzou os braços e encarou o jogador que sentava ao meu lado.

— Só quando você me der uma chance.

— Ela é boa demais pra você cara. — Comentei sarcasticamente e senti o olhar da moça queimar sobre mim. — Falei alguma mentira? — Encarei seus olhos e lhe lancei um sorriso irônico.

— Insuportável. — Ela disse antes de sair.

Segui seus passos rápidos até ela entrar pra dentro de algum cômodo que tinha ali e sumir totalmente de minha visão.

— Engraçado que toda vez que vocês se falam, é como se estivesse prestes a começar um incêndio, espero que um dia se resolvam. — Gustavo comentou.

— Isso é totalmente improvável, na verdade impossível. — Falei tomando um gole de minha cerveja.

Our Love - Raphael VeigaOnde histórias criam vida. Descubra agora