Heloísa e Raphael se odiaram desde a primeira em que se viram no "quase" secreto bar em que ela trabalha. Torcedora do time alviverde, ela vai descobrir que talvez o ódio não seja o único sentimento entre ela o jogador.
Minha vida tinha literalmente mudado, eu finalmente tinha saído daquele maldito bar, com o dinheiro que consegui juntar eu conseguia pagar alguns meses de aluguel até arranjar outro emprego. Meu namoro com Raphael estava mais firme que nunca, agora estávamos mais que assumidos com direito a foto no Instagram e tudo mais. Os comentários negativos ainda existiam, mas naquele momento já não me importava mais, eu estava tão feliz que aquilo era nada perto da minha felicidade.
Hoje era o dia de folga de Ísis, ela ainda continuava no mesmo emprego, mesmo reclamando e como tínhamos combinado a duas semanas, ela estava em minha casa, deitada no sofá enquanto assistíamos a um filme.
— Eu estava com saudades dessa tranquilidade. — Falei enquanto jogava algumas pipocas na boca.
— Claro, agora você é a badalada namorado de Raphael Veiga e mal tem tempo pra amiga aqui. — Ela comentou dramática demais.
— Não seja tão dramática Ísis, você que trabalha demais. — Falei me jogando em seu colo.
— Sim, mas sempre que eu tô de folga você tá com aquele jogador, vocês não cansam não? — Ela me olhou maliciosa e eu entendi sobre o que ela falava.
— Ei, a gente não fica só fazendo isso não sua safada. — dei um tapa em seu braço.
— A safada sou eu né? Você joga na minha cara que transa sempre e eu que sou a safada, Oh Deus quando vai aparecer um desses na minha vida? — Minha amiga ergueu as mãos pro alto de forma engraçada e eu caí na risada.
Mas derepente tudo começou a girar e um embrulho forte no estômago anunciou que eu precisava vomitar. Sai correndo pro banheiro e ouvi Ísis gritando confusa, mas não tive tempo de nada, apenas de abrir a tampa do vaso e despejar tudo o que eu havia comido. Me sentei alguns segundos tentando recuperar minhas forças, fechei os olhos e respirei fundo, quando ouvi batidas na porta.
— Helô, tá tudo bem amiga? — A voz preocupada de Ísis soou do outro lado.
— Está sim, só um minuto Ísis. — Falei abrindo os olhos e me levantando. Dei descarga e caminhei em direção a pia, escovando meus dentes. — Pronto, to ótima.
Abri a porta e forcei um sorriso pra minha amiga que obviamente não acreditou.
— Você tá mais branca que o normal Heloísa, claro que você não tá bem.
— Eu tô ótima Ísis, foi só um mal estar.
Andei de volta pra sala com Ísis atrás de mim.
— Você tá comendo direito? — Ela perguntou.
— Claro que sim. — Afirmei me sentando no sofá e sentindo uma leve pontada na cabeça.
— Comendo porcarias todo dia, isso não é alimentação Heloísa. — Ísis quase gritou.
— Eu me alimento bem ok. — Protestei. — Foi só uma queda de pressão.
— Você sentiu isso outras vezes?
Derepente o rosto de Ísis ganhou um ar de dúvida e eu franzi o cenho.
— Venho sentido a uma semana mais ou menos, mas não é nada demais. — dei de ombros.
— Você e o Raphael...
— Chega Ísis. — A interrompi percebendo onde ela queria chegar. — Eu e o Raphael a gente se protege e...
Mais uma tontura me atingiu e eu fechei os olhos tentando não pensar nisso, mas foi inevitável, uma vez, uma única vez a gente se descuidou e eu me lembrava perfeitamente desse dia.
— Não pode ser. — Me desesperei.
— Você tá grávida Helô. — Minha amiga constatou antes mesmo de qualquer outra coisa.
— Não, eu não posso estar. — Lágrimas grossas começaram a cair do meu rosto e eu pensei em tudo o que eu perderia na minha vida se isso fosse verdade.
— A gente só vai descobrir isso fazendo um teste.
Ísis pegou sua bolsa que estava no sofá e saiu sem dizer nada.
(...)
— Aqui está, vai lá e faz. — Minha amiga me entregou aquele pequeno pacote e eu peguei.
Minhas pernas tremiam, assim como minhas mãos, entrei no banheiro e tranquei a porta, abri a embalagem e li como fazia. Após fazer o xixi necessário aguardei o tempo indicado. 5 minutos. Parecia uma eternidade, a toda hora eu olhava o relógio e aquele negócio na minha mão, porque merda aquilo demorava tanto? Quando o celular despertou indicando que o tempo já havia terminado eu senti meu coração acelerar rapidamente. Olhei o objeto em minhas mãos e as duas listras marcavam o que eu mais temia.
Positivo.
Abri a porta do banheiro e corri até Ísis que roía as unhas de tanta ansiedade, abracei minha amiga e chorei em desespero, meu Deus, o que eu faria agora?
— Deu positivo. — Falei entre soluços.
— Caralho amiga, meu Deus, vai ficar tudo bem. — Ísis me apertou no abraço.
— Não vai, minha faculdade Ísis, o que eu vou fazer?
— Heloísa, olha pra mim. — Minha amiga falou me fazendo encara - la. — Essa criança tem um pai e você não tá sozinha nisso.
— Um pai rico e famoso, agora eu vou ser acusada de dar o golpe da barriga. — Chorei mais ainda.
— Que se fodam o que os outros pensam, você não fez de propósito, eu mais que ninguém sei o quanto você relutou em assumir esse namoro, agora você precisa contar pro Raphael.
— E se ele também achar isso?
— Ele não vai, ele te ama demais pra isso. — Ísis sorriu.
— Eu vou contar, mas agora eu só preciso que você me abrace e fique comigo.
Ísis assentiu e me puxou novamente pra um abraço apertado, fazendo com que eu soltasse toda a angústia que estava entalada no meu coração.
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