Amigos?

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Minha semana passou incrivelmente rápido, as aulas na faculdade estavam bem intensas e com a semana de provas chegando e o trabalho no bar, eu estava literalmente morta de cansada.

Não obtive mais nenhum contato com Raphael desde aquele dia na festa, naquela mesma noite ele começou a me seguir no Instagram e a nossa conversa por direct foi um tanto quanto estranha. Eu sabia bem qual era o seu joguinho e não iria cair nele. Já Gabriel me mandava mensagem vez, apenas pra saber se eu estava bem. Eu tinha passado meu número pra ele e estávamos próximos, até demais eu diria. confesso que achava aquilo bem fofo, mais ainda assim eu tinha receio. Depois da foto que ele postou, minhas redes sociais ficaram uma loucura e eu tive que privar minha conta pra não ter mais "invasões".

Era sábado e meu expediente no bar só começaria a noite, basicamente as 19 horas. Hoje seria um daqueles dias em que eu teria que aguentar homens bebados e sem educação por longas horas. Eu estava jogada em casa, já passava das 11 da manhã e eu ainda estava de pijama, pensando o que faria. Suspirei fundo e passei a mão pelos cabelos, as vezes eu tenho vontade de largar tudo, esse emprego, essa faculdade e simplesmente ir embora, pra minha pequena cidade do interior. Mas por outro lado eu estaria abandonando meu sonho, quando decidi me mudar pra São Paulo, depois de ganhar uma bolsa na melhor universidade, eu prometi a mim mesma que me tornaria uma grande mulher, lutaria por meus sonhos e seria a melhor psicóloga desse país, e era isso, eu cumpriria minha promessa. Sou interrompida de meus pensamentos com o toque do meu celular, indicando uma nova mensagem. Peguei o aparelho e fixei meus olhos no visor; Gabriel Menino.

"Oi Helô, acabei de sair do treino, vamos almoçar juntos?".

Franzi o cenho confusa, eu estava acostumada com as mensagens constantes dele, era sempre nos mesmo horários, mas ele nunca tinha me chamado pra sair ou algo do tipo, o que tinha dessa vez?

"Não sei se é uma boa ideia..."

"Ah qual é, vamos num restaurante reservado, prometo que não terá nada demais".

Pensei por um momento, eu não sabia se estava fazendo a coisa certa, Gabriel era divertido e eu gostava de sua companhia, mas eu tinha medo pra onde essa amizade poderia me levar.

"Tudo bem". Disse por fim. A reposta veio logo em seguida.

"Ótimo! Te pego na sua casa as 13; beijos".

"Beijos Gabriel".

Coloquei o aparelho na mesa ao meu lado e bufei baixinho. Que merda eu estava fazendo mesmo?

(...)

Tranquei o apartamento e desci assim que recebi a mensagem de Menino, avisando que me esperava em frente ao meu prédio. Coloquei todos os documentos na bolsa e na saída avistei um belo carro preto parado, Gabriel assim que me viu abaixou os vidros e sorriu, retribui em agradecimento, mas minha feição se desfez assim que vi o rosto conhecido sentado ao seu lado no banco do carona;Raphael Veiga. Ele mexia em seu celular e quando me olhou, o sorriso presunçoso que eu odiava estava lá, estampado em seu rosto. Gabriel destravou o carro e eu entrei, me acomodando no banco atrás, onde era possível ver perfeitamente o olhar de deboche do imbecil do Veiga.

— Espero que não se importe do Raphael ter vindo junto. — Gabriel disse um pouco sem jeito.

— Claro que não, a presença dele é irrelevante pra mim. — Encarei o moreno através do retrovisor e forcei um sorriso.

— Eu penso o mesmo de você, Helô. — A sua voz carregada de deboche me fez revirar os olhos, e eu educadamente pedi que Gabriel dirigisse logo antes que eu cometesse um crime naquele carro. Assim ele fez.

O restaurante não era tão longe dali e o melhor disso tudo, era um local mais simples e reservado. Nos sentamos nas mesas mais afastadas e fizemos nosso pedido, tenho que admitir que estava me divertindo, se não fosse pela cara feia e mau humor de Veiga, o almoço seria perfeito, já que Gabriel era super engraçado e me fazia sempre rir. Após um tempo sai pra ir ao banheiro, era um pequeno corredor com duas portas de acesso, que ficava nos fundos do restaurante, totalmente isolado. Lavei meu rosto e o sequei, o tempo estava incrivelmente quente naquele dia. Quando saio estou tão distraída que acabo esbarrando em alguém, mas não me dou ao trabalho de pedir desculpas, não quando vejo quem é a pessoa.

— Olha por onde anda. — Falo grossa.

— Você que devia sair desse celular e prestar mais atenção. — Raphael diz com ironia. Reviro meus olhos e decido sair dali, mas sou impedida por uma mão segurando meu pulso, não pra machucar, apenas pra me manter ali.

— O que foi? — Pergunto confusa, olhando diretamente pra sua mão ainda me segurando. Ele me solta em seguida.

— Eu quero te pedir desculpas. — Arregalo meus olhos no mesmo momento em que escuto essa frase. Isso era uma piada? Uma pegadinha?


— Ok! Cadê as câmeras? O que você apostou?

— Como assim garota? — Ele ergue uma sobrancelha.

— Porque isso com certeza é uma pegadinha ou uma aposta, tá na cara, foi por isso que você veio nesse almoço? O Gabriel também tá envolvido nisso? Eu sabia que não devia estar aqui. — Falei alterada. Ainda estávamos no corredor dos banheiros, mas ninguém passava por ali.

— O que? Claro que não? O Gabriel nem sabe que estou aqui, ele acha que eu sai pra falar com alguém no celular.

O analiso cuidadosamente, tentando achar qualquer tipo de mentira no que ele me falou, mas ele me parece sincero, o que me deixa ainda mais intrigada.

— O que foi?

— Estou te analisando, preciso saber se está mentindo. — Falo sincera.

— Não estou mentindo. — Ele diz balançando a cabeça. — Odeio mentiras.

— Ok! Não sei porque está me pedindo desculpas, mas tá desculpado. — Afirmei. — Posso ir agora? — perguntei.

— Porque você me odeia Heloísa? — Sua pergunta me pegou de surpresa, então eu suspirei.

— Te acho arrogante, presunçoso, irônico e você me irrita desde que nos conhecemos naquele bar. — Ele soltou uma risada bem humorada e me encarou.

— Você também não é fácil, sempre pronta pra me provocar e soltar grosserias. — Ele faz uma careta e se aproxima, derepente aquele corredor ficou pequeno demais pra nós dois. — Mas eu gosto desse jeito sabia, na real eu não te odeio, só te acho marrenta demais.

Fico surpresa com aquela confissão e por alguma razão desconhecida meu coração bate mais acelerado que o normal.

— Acho melhor eu voltar. — Falo soltando o ar que eu nem sabia que estava segurando.

— Podemos ser amigos? — Ele pergunta e eu não falo nada. — Você é amiga do Gabriel.

— O Gabriel não é irônico comigo.

— Ah qual é garota do bar, amigos? — Ele estende sua mão pra mim. Seus olhos escuros me encaram com uma expressão indecifrável, sei que vou me arrepender, tenho certeza, mas naquele momento não consigo dizer não, então pego sua mão e sinto uma pequena corrente elétrica passar pelo meu corpo.

— Amigos. — Ele aperta delicadamente e sorri.

Merda. Eu estava ferrada.

Our Love - Raphael VeigaOnde histórias criam vida. Descubra agora