Podemos conversar?

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Uma pontada forte atingiu em cheio minha cabeça, assim que abri os olhos naquela manhã. O relógio da mesa ao lado marcava exatamente 7 da manhã. Cocei os olhos rapidamente e senti meu estômago embrulhar assim que me sentei na cama, porra, eu tinha chapado no álcool de novo.

Raciocinei por mais alguns minutos na cama, tentei lembrar de tudo que tinha acontecido na noite anterior. A imagem de Heloísa chorando foi a primeira coisa que veio a minha mente, logo em seguida eu fui ao bar, bebi mais do que devia e Bruna apareceu, em seguida discutimos e eu vim pra casa, o problema era que eu não lembrava como eu tinha chegado aqui. Outra pontada forte, então eu me levantei e fui direto pro banheiro.

A água quente escorreu pelo meu corpo fazendo meus músculos relaxarem, e eu fiquei ali por mais meia hora. Sai do banho e vesti uma bermuda jeans, uma camiseta branca e sequei meus cabelos, os ajeitando em seguida. Borrifei um pouco de perfume e calcei meus tênis, eu tinha treino pela manhã, então não podia me atrasar. Peguei minha mochila, tomei um analgésico e desci, mas um cheiro de café invadiu meu nariz e uma confusão se instalou em minha cabeça.

Desci as escadas e caminhei até a cozinha, a figura de Bruna me fez estremecer, ainda mais pelos trajes que ela vestia. Uma camisa minha. Engoli em seco e me aproximei dela, seu rosto se voltou pra mim e ela abriu um sorriso.

— Bom dia. Fiz seu café. — Ela disse me entregando uma xícara. Está com fome?

A cada pergunta que ela fazia, eu sentia minha cabeça girar, o que tinha acontecido?

— Bruna, o que você tá fazendo aqui? — Fui direto, colocando a xícara sobre o balcão.

— Você não lembra? — Ela franziu o cenho.

— Eu não lembro de muita coisa, eu te encontrei no bar, a gente discutiu e eu vim pra casa. — Detalhei o que eu tinha na memória.

— Você bebeu demais e eu te trouxe pra casa.

— E porque você tá aqui? — Perguntei, com medo da resposta.

— Eu fiquei preocupada Rapha, você não parecia bem, então peguei uma roupa sua pra dormir mais confortável e acabei pegando no sono no sofá mesmo.

Um suspiro de alívio escapou de meus lábios quando Bruna falou que não houve nada entre a gente.

— Olha Bruna, eu agradeço muito por tudo, mas você precisa ir, não precisava ter ficado.

— Tudo bem Rapha, eu já entendi, eu só vou me trocar e pedir um táxi. — Ela bufou irritada.

— Ok!

(...)

Depois que Bruna saiu lá de casa, fui direto pro CT, eu precisava treinar firme pra ocupar minha cabeça, porque eu só conseguia pensar em Heloísa, no quanto eu tava sentindo a falta dela e no quanto eu tinha sido precipitado e idiota por ter agido daquela forma.

Coloquei minha roupa de treino e quando estava indo pro campo, me juntar aos jogadores que já estavam lá, Gabriel Menino chegou.

— Cara será que a gente pode conversar? — Seu semblante era calmo.

— Pode falar.

— Eu já tô sabendo do lance com a Heloísa, ela me contou e eu quero dizer que eu só procurei ela pra conversar.

— Eu não...

— Me deixa falar por favor. — Ele me interrompeu. — Eu não nego que me interessei pela Heloísa, porque ela é uma mulher maravilhosa demais, mas cara, ela ama você. Desde quando vocês dois resolveram ficar juntos eu tirei meu time de campo, eu fiquei mal por isso, mas eu não sou nenhum fura olho. A Helô é só minha amiga e desde aquele beijo, quando vocês nem estavam juntos, nunca passou de amizade, ela sempre deixou claro que te ama.

— Eu não sei o que falar. — Fui sincero.

— Só pede desculpas pra ela, não perde ela não! A Heloísa é perfeita demais e ela é louca por você.

Soltei um suspiro cansado, agora sim minha cabeça estava a mil, eu tinha sido um completo babaca com a minha gatinha e o pior, eu nem sabia se ela me perdoaria.

— Obrigada. — Falei pra Gabriel.

— Tudo bem, só vai lá e resolve as coisas.

Quando Gabriel deu as costas, peguei meu celular e mandei uma mensagem pra Helô, torcendo pra ela me responder logo.

"Oi. Podemos conversar?".

Our Love - Raphael VeigaOnde histórias criam vida. Descubra agora