Quase beijo

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Assim que sai do bar, meus olhos capitaram a figura que estava encostada em um belo carro escuro. Raphael estava distraído mexendo em seu celular e não notou a minha presença ali. Aproveitei então para analisa - lo um pouco.

Ele estava muito bonito naquela noite, vestia uma calça jeans de lavagem clara com pequenos rasgos, uma camiseta branca que deixava seus músculos marcados, os cabelos estavam levemente bagunçados e sua expressão era de irritação, como se estivesse vendo algo que não tinha gostado. Observei quando ele bufou baixinho e desligou o aparelho o guardando no bolso da frente de sua calça . Seu olhar ligeiramente se voltou pra mim e ele sorriu de lado, suspirei fundo e cocei levemente minha nuca, eu estava tão confusa em relação a tudo isso, Raphael era tão complexo e intrigante, eu sempre achei que ele me odiava, mas de uma hora pra outra me pediu desculpas e propôs sermos amigos. Eu não sei onde essa loucura toda vai dar, mas por alguma razão eu não queria me afastar dele.

Finalmente criei coragem e caminhei a passos lentos em direção a ele.

— Você me esperou. — Afirmei arrumando a bolsa em meu ombro.

— Acho que sim. — Ele deu de ombros. — E então, vamos? — ele perguntou e eu ergui uma sobrancelha, confusa.

— Vamos pra onde?

— Eu vou te levar em casa. — Ele disse como se fosse óbvio.

— Eu achei que você queria conversar e por isso tinha me esperado, apesar dessa ideia já me parecer estranha. Mas não precisa se preocupar, eu vou embora sozinha.

Raphael me encarou e franziu o cenho, fazendo uma cara extremamente fofa.

— Ah deixa de ser chata Heloísa, eu quero sim conversar e não vejo nada de estranho nisso. E eu não vou deixar você ir embora sozinha.

— Qual a chance de você desistir? — Questionei.

— Zero. — ele riu.

— Ótimo, vamos lá — Concordei um pouco insegura.

Veiga destravou o carro e eu entrei no veículo, o banco de couro preto era extremamente confortável e eu agradeci por isso, já que estava exausta. Ele deu partida no carro e como tinha ido me buscar com Gabriel no dia anterior, já sabia onde eu morava. O caminho foi em total silêncio, eu estava com a cabeça encostada na janela, enquanto o jogador dirigia calmamente, vez ou outra eu percebia seu olhar de relance sobre mim, mas evitava o olhar de volta. Cerca de meia hora depois ele estava estacionando em frente ao meu prédio, retirei o cinto e ajeitei minha bolsa no ombro, me virei pra encarar Raphael que me olhava em silêncio.

— É, obrigada. — Falei e ele assentiu. — Você disse que queria conversar e...bom...se quiser você...você pode subir. — Falei incerta, pensando se realmente aquilo era a coisa certa a se fazer.

— Pode ser. — Ele concordou de imediato.

(...)

— Seja bem vindo ao meu apartamento de luxo. — Afirmei abrindo a porta e dando passagem pro jogador. Percebi que ele analisava cada canto e não falava nada.

— Gostei, aqui é bem aconchegante. — Ele me olhou e sorriu.

— Claro que é. — Respondi com ironia, jogando minha bolsa sobre o sofá.

— Eu tô falando sério, eu gostei daqui. — Ele disse se jogando no sofá, me fazendo revirar os olhos. — O sofá também é muito bom. — Ele deu uma piscadela.

— Ok jogador folgado, eu vou tomar um banho e você me espera aqui, já volto.

Raphael apenas concordou com a cabeça enquanto eu sai em direção ao meu quarto. Fechei a porta e me encostei nela suspirando, o que eu estava fazendo senhor? Raphael Veiga, o jogador que eu sempre odiei estava sentado no meu sofá, como se fôssemos amigos de longos anos, isso era uma loucura, uma completa loucura. Passei a mão pelos cabelos e os prendi em um coque, tirei minhas roupas e as joguei pelo quarto mesmo, caminhei para o chuveiro e liguei a água morna, uma sensação de alívio percorreu todo o meu corpo e eu finalmente relaxei. O banho estava ótimo e se não fosse pela pessoa que me esperava na sala eu tinha ficado ali por várias horas. Me enrolei na toalha e busquei algo "adequado" pra vestir e depois de muito revirar meu guarda roupa, optei por um vestido florido soltinho que ia um pouco acima dos meus joelhos, ajeitei meus cabelos e passei um pouco de perfume. Voltei novamente a sala e encontrei Veiga distraído mexendo em uma das minhas decorações, quando me viu o jogador rapidamente guardou o objeto e sorriu.

— Achei que tinha fugido. — Ele brincou me olhando de cima a baixo. Senti minhas bochechas ficarem vermelhas.

— Eu até pensei nisso, mas desisti. — Falei sincera.

— Porque? — Ele perguntou, curioso. Aproveitei pra sentar ao seu lado no sofá e ele se virou pra mim, os olhos escuros intrigantes me analisavam cuidadosamente.

— Isso tudo é uma loucura. — Apontei pra nós dois. — Eu sei como termina, porque no final das contas, um jogador como você não é amigo de uma garota como eu.

— Você é muito mais que isso.

— E você descobriu isso a um dia e meio? A gente se odeia Veiga, desde que a gente se conheceu naquela noite...

— Naquela noite que você zombou do meu término com a Bruna e eu fiquei puto de raiva. — Ele completou. — Desde aquela noite você não sai da minha cabeça, e eu não sei o porque disso. — Ele suspira.


Fiquei atônita com aquela revelação, senti minhas pernas bambas ao levantar do sofá e encarar o jogador que permanecia sentado. Me virei de costas e fechei os olhos, sentindo meus olhos marejarem. Minha respiração falhou quando percebi que Veiga estava atrás de mim, sua mão tocou suavemente a minha e eu virei pra encara - lo. Sua expressão era indecifrável e ali naquele momento meu coração batia tão forte que chegava a doer.

— Eu não odeio você Heloísa, aliás nunca te odiei, eu só precisava de uma desculpa pra me manter por perto e a única maneira de fazer isso era implicando com você.

Estávamos próximos demais e meu coração saltava ridiculamente. Tentei controlar a ansiedade do meu estômago, mas estar tão perto dele me fazia me sentir como uma boba. Senti sua respiração se descompassar igualmente a minha, passei minha mão carinhosamente pelo seu rosto vendo - o fechar os olhos, corri meus dedos por toda a extensão de seu rosto e parei em seus lábios, que estavam entreabertos. Tão perto assim eu podia sentir o cheiro amadeirado que emanava dele, Raphael abriu os olhos e olhou intensamente pra mim, fazendo minha cabeça se inclinar e me aproximar de seu rosto. Estávamos tão perto um do outro, que meu corpo ficou em chamas só de imaginar o que podia acontecer em seguida. Fechei meus olhos e aproximei minha boca da sua, mas antes que nossos lábios se encontrassem o barulho do toque de meu celular interrompeu esse momento. Com as bochechas queimando caminhei em direção a minha bolsa que estava no sofá e peguei o aparelho, olhei fixamente pra tela que marcava o nome de Gabriel e em seguida olhei sem graça pra Veiga que me encarava sério.

— Era o Gabriel, depois eu falo com ele. — Desliguei o aparelho e o joguei de volta na bolsa.

— Eu preciso ir. — Ele disse se afastando e indo em direção a porta, saindo logo em seguida.

Meus braços caíram devagar ao lado das minhas coxas, assim que vi Raphael fechar a porta e sair completamente de minha visão e uma  onda de frustração percorreu todo meu corpo fazendo meu coração  se desfazer numa sensação de vergonha que eu jamais tinha sentido na vida.

Our Love - Raphael VeigaOnde histórias criam vida. Descubra agora