Assim que coloquei os pés naquela boate me arrependi. O som alto tocando música eletrônica e as luzes coloridas que piscavam sem parar, faziam minha cabeça doer. Eu devia ter recusado o convite de Danilo, além de não gostar muito desse tipo de lugares, eu estava cansado dos jogos e treinos que estávamos tendo. No final de semana era nossa estreia no campeonato brasileiro e depois de duas vitórias na libertadores, duas goleadas, a gente estava bem animado pra mais uma competição.
Assim que cheguei na área vip meus olhos avistaram a mulher que estava sentada em um dos sofás e conversava animada com o restante do pessoal que estava ali, incluindo Gabriel que ria e bebia. Mas o que merda ela estava fazendo aqui? Eu pensei estar imaginando coisas, mas quando Bruna se virou em minha direção e sorriu eu suspirei baixinho, e agora mais essa?
— Que porra ela está fazendo aqui? — Perguntei a Danilo que me olhava sério.
— Cara eu não sei. — Ele disse, parecia sincero. — Relaxa aí e vamos curtir.
Ele me deu dois tapinhas nas costas e saiu em busca de bebida, me encostei em uma parte daquela área que dava visão pra toda a outra parte de baixo e peguei meu celular, eu queria fazer qualquer coisa pra evitar contato com Bruna, mas foi em vão já que ela logo se aproximou de mim e puxou assunto.
— Oi Rapha. — O cheiro doce demais invadiu meu nariz. — Quanto tempo.
Eu não podia negar o quanto ela estava bonita, aliás Bruna sempre foi muito gata.
— Faz um tempo mesmo. — Balbuciei.
— Você não respondeu minhas mensagens. — Ela cruzou os braços de forma que o decote em seu vestido ficasse mais evidente.
— Eu acho que a gente não tem mais o que conversar, você terminou comigo e eu aceitei. — Falei erguendo uma sobrancelha.
— Poxa Rapha, eu só queria conversar. — Ela passou sua mão levemente pelo meu ombro.
Encarei seu rosto que mantinha uma postura delicada, sua aproximação repentina era muito estranha, mas conhecendo Bruna eu sabia o que ela queria, e sinceramente eu não estava nenhum pouco afim. Enquanto ela tagarelava minha atenção se voltou pra Gabriel, ele parecia ter visto algo lá embaixo e desceu rapidamente. Segui seus passos e meus olhos flagraram uma pessoa que eu conhecia bem. Heloísa. O que ela fazia aqui? Não consegui tirar meus olhos dos dois nenhum minuto e percebi quando Helô voltou seu olhar pra cá e desviou rápido. A conversa durou alguns minutos que pra mim parecia uma eternidade e na hora de se despedir eu vi quando o imbecil do Gabriel deu um beijo próximo a boca dela. Me virei pra Bruna quando vi que Menino subia e tentei manter minha postura.
— Tá tudo bem? — Ela perguntou me analisando.
— Tá sim, eu só preciso ir ao banheiro.
Sai dali feito um foguete e trombei em Gabriel que xingou algo mas eu não fiz questão de ouvir. A verdade era que eu não iria no banheiro coisa nenhuma, eu iria atrás de Heloísa, desde aquela noite em sua casa não nos falamos mais, eu estava muito ocupado com as competições e mal tinha tempo pra nada, confesso que ficar sem falar com ela estava me matando. Quando cheguei a parte debaixo ela não estava mais ali, xinguei mentalmente e decidi procura - la, passei por todas aquelas pessoas, e o fato de ser um jogador e ser reconhecido não me importava nenhum pouco, dentro da boate ela não estava então resolvi procurar lá fora, olhei em todos os cantos e a encontrei em um local bem afastado, ela digitava em seu celular, parecia impaciente, então me aproximei.
— Heloísa. — Ela deu um pulo de susto, mas quando me viu seu semblante mudou, ficando mais calmo.
— Raphael, você me assustou. — Ela disse guardando o aparelho em sua bolsa. — O que tá fazendo aqui?
— Eu te vi e quis vim falar com você.
Ela sorriu de lado e ficou em silêncio, incrível como ela estava linda naquela noite, mais que o normal.
— Você não tem que voltar? Sua amiga deve estar te esperando. — Ela falou sem jeito.
— A Bruna não é minha amiga. — Neguei. — E não, eu não tenho que voltar.
— Eu tô esperando uma amiga, ela deve...
— Eu vi você com o Gabriel. — Falei e vi seus olhos me encararem curiosos.
— Eu já disse que somos amigos. — Ela suspirou baixinho.
— Merda Heloísa, você sabe como eu me sinto quando vejo você com ele? Me sinto um idiota. Não consigo controlar meus instintos, tenho vontade de bater naquele moleque, mas sei que se eu fizesse isso você me odiaria.
Passo minha mão suavemente pelos meus cabelos, quando o assunto era Heloísa eu me sentia tão vulnerável, nenhuma mulher me fez sentir assim, com ela era tudo mais intenso e eu sinceramente não sei se isso era bom ou não. Senti ela se aproximar e envolver seus braços em minha cintura, seu corpo se arrepiou com o contato e eu a abracei ainda mais, sentindo ela encostar sua cabeça em meu peito.
— Eu gosto muito de você Raphael e tenho tanto medo disso. — Ela sussurrou me apertando mais contra ela.
— Pois somos dois Heloísa, não sei como agir quando estou perto de você. — Heloísa ergueu seu olhar pra mim, fazendo nossos rostos ficarem próximos demais.
Senti quando sua respiração ficou mais acelerada, passei minha mão pelo seu rosto sentindo sua pele macia e aproximei meu rosto do seu. Heloísa ergueu seu queixo roçando nossos lábios suavemente e eu fechei os olhos, mas recuei em seguida.
— Acho melhor não. — falei.
— Eu quero você. — Ela sussurrou. — Quero mesmo que não admita.
Seus lábios pressionaram os meus e finalmente eu estava tão próximo dela do jeito que eu sempre quis. Sua boca sugou meu lábio inferior e nossas línguas se tocaram, a vibração que eu senti fez meu corpo inteiro se derreter em direção seu. Aquilo era perfeito, era incrível e gostoso como sua língua sabia exatamente como tocar a minha.
Minha pele ficou quente quando Heloísa passou suas unhas por dentro da minha camisa, arranhando de leve minhas costas.
Nosso beijo que antes era urgente foi se tornando mais calmo e por mais que eu quisesse continuar aquilo, me afastei de Heloísa. Seu olhar era indecifrável e seus lábios estavam vermelhos e inchados.
— Raphael...
— Não fala nada, por favor. — Pedi com um sorriso bobo. — Só vem cá.
Heloísa se aproximou de novo de mim e eu a abracei, tão forte que senti um gemido escapar de sua boca. Porra, aquilo tinha sido incrível e só de pensar em perde - la, meu estômago se embrulhou, eu não iria deixar isso acontecer, eu não podia deixar isso acontecer.
E AGORA MEUS AMORES?
HELOISA ESTÁ FERRADASIM OU COM CERTEZA?
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Our Love - Raphael Veiga
RomanceHeloísa e Raphael se odiaram desde a primeira em que se viram no "quase" secreto bar em que ela trabalha. Torcedora do time alviverde, ela vai descobrir que talvez o ódio não seja o único sentimento entre ela o jogador.