Our Love - Raphael Veiga

Um pouco de diversão

Merda. Estava tudo uma merda, o fato de eu ter ido até o trabalho de Heloísa vê - la, a mensagem que recebi de Bruna querendo conversar comigo, mesmo depois de meses após nosso término e o fato de Gabriel ter ligado justamente na hora em que Helô iria me beijar.

Chutei a primeira coisa que vi na minha frente e me joguei no sofá com estofado macio, tentando me livrar daquele meu mau humor. Talvez eu estivesse precisando sair e me divertir mais, ou sei lá, transar com qualquer mulher que me aparecesse. Eu nunca fui do tipo galinha, tive alguns relacionamentos e o mais duradouro foi o último, com Bruna. Ficamos juntos por quase 2 anos. Depois de pensar nisso a imagem do rosto envergonhado de Heloísa veio a minha mente.

Outra merda.

Eu sempre tive um certo controle de meus sentimentos, intensidade não era o meu forte, mesmo namorando por quase dois anos, eu não deixava ele relacionamento me levar. Claro que eu amava Bruna, éramos perfeitos juntos, em todos os sentidos, ou pelo menos eu achava que era. Quando ela terminou comigo, alegando que não estava conseguindo lidar com essa fama de ser namorada de jogador de futebol, eu fiquei mal pra caralho, cheguei a ficar recluso por uns dias e até ir mal em alguns jogos e treinos. Mas o tempo passou e eu decidi que o melhor a fazer era superar, então depois disso eu jurei pra mim mesmo que nenhuma outra mulher iria me deixar a mercê dela.

Aí eu conheci a Heloísa e ela mudou totalmente a minha forma de pensar, ela parecia estar sempre ali, de vigília nos meus pensamentos e isso era agoniante demais pra mim, porque eu a queria por perto, sempre. Ela era marrenta e estava sempre pronta pra me dar respostas curtas e grossas, mas nessa noite foi diferente, ela estava entregue a mim, o jeito que ela me olhou, a forma como ela me tocou, o calor do seu corpo indicando que ela queria o mesmo que eu, e como eu queria aquilo, foi por isso que fiquei tão puto e sai de lá sem dar mais explicações, e eu me sentia um babaca por ter feito aquilo, mas minha raiva foi mais forte que qualquer outra coisa.

Heloísa fodia com minha cabeça e principalmente fodia com quem eu era. Eu estava literalmente fodido.

(...)

O começo da semana foi bem cansativo, passei o restante do meu final de semana trancado em casa, com minha cabeça totalmente a mil. Não respondi a mensagem de Bruna e também não falei mais com Heloísa, ela devia estar me odiando e com razão, mas eu não queria estragar as coisas, mais do que elas já estavam. Me arrumei rápido pro treino, estava quase atrasado e levaria uma bronca de Abel caso isso acontecesse.

Joguei minha mochila de qualquer jeito no banco do carro e liguei o veículo, dando partido logo em seguida. O trânsito naquele horário estava um pouco caótico, o que deixava meu humor pior do já andava esses dias. Com vinte minutos de atraso cheguei ao CT, andei rápido até o vestiário onde Gabriel e Gomez estavam, o restante dos atletas já tinha iniciado o trabalho no campo.

— Olha só quem chegou, o sumido. — Gomez comentou.

— Caralho Raphael, por onde você andou? Sumiu o final de semana inteiro. — Gabriel disse, eu o encarei sério.

— Estava em casa, preferi ficar sozinho esse tempo, estava precisando. — Respondi seco.

— Xi, ele tá de mau humor hoje, boa sorte pra você Gabriel, vou indo lá. — Gomez disse se retirando, mas antes parou e voltou a me encarar. — Abel não está muito contente com seu atraso, melhor você andar logo. — Apenas assenti vendo o zagueiro sair dali.

Vesti minha roupa de treino de treino e me sentei pra calçar as chuteiras, percebi que Menino me olhava vez ou outra, como se quisesse falar algo.

— Qual o problema cara? — perguntei terminando de amarrar o cadarço.

— Eu te fiz alguma coisa? Porque você parece tá muito puto comigo e eu sinceramente não sei o porque. — Encarei os olhos dele que me olhava confuso, suspirei fundo e neguei, por mais que eu quisesse dizer que estava furioso com ele, porque ele interrompeu meu beijo com a Heloísa, apenas menti.

— Eu apenas não dormi bem e meu final de semana foi terrível, Bruna me mandou mensagem e eu não soube o que responder. — Afirmei, omitindo a parte que eu tinha ido visitar Helô no seu trabalho e a levado em casa.

— Ufa cara, achei que tivesse feito alguma coisa. — Ele comentou aliviado. — E eu já sei o que fazer pra te tirar dessa bad. — Erguei minha sobrancelha confuso. — Festinha lá em casa, você tá precisando se divertir e beber Veiga, conhecer gatinhas novas e transar.

Olhei sério pra Gabriel que apenas sorriu, apesar de estar puto ele tinha razão, talvez eu só estivesse precisando disso mesmo.

— A gente tá no começo da semana Gabriel. — Afirmei me levantando.

— Eu sei cara, mas amanhã a gente só treina a tarde e além do mais nossa agenda de jogos só começa semana que vem. — Ele explicou.

— Beleza, mas não vai fazer nada de exagerado. — O ameacei. — Eu conheço bem suas festinhas.

— Assim que se fala mano. — Ele comemorou. — E pode deixar, vai ser só uma social com a rapaziada e algumas meninas.

Suspirei fundo pensando se tinha sido uma boa aceitar essa ideia maluca do Menino, mas pelo menos eu iria me divertir, era o que eu esperava.