Comemoração

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A energia que percorria minhas veias levava meu corpo ao completo êxtase. Mesmo estando numa multidão ao qual eu não estava acostumada, cada centímetro do meu corpo vibrava de tanta alegria.

O hino do Palmeiras tocou pela quinta vez naquela noite e eu fechei os olhos, cantando como se fosse a primeira vez. O verdão era meu time do coração desde que eu me entendia por gente e isso só se intensificou quando eu vim morar em São Paulo. Era uma alegria inexplicável e meu coração batia freneticamente a cada conquista do clube.

Quando o hino parou, Letícia que estava ao meu lado me puxou para um abraço e acabou derrubando um pouco de sua cerveja em mim, o que já tinha acontecido muitas vezes com pessoas diferentes.

— Eu tô muito feliz. — Ela comentou sorrindo. Eu também estava, quando ela me disse que Raphael a convidou e deu a ela também um ingresso extra pra mim eu não acreditei.

— Eu também tô e muito cansada também. — Falei tomando o último gole da minha garrafa de água.


— Você não acredita, daqui nós vamos pra uma festa privada na casa do Danilo, só dos jogadores. —a loira comentou eufórica, como se tivesse ganhado na loteria. O que pra ela era quase isso, porque no fundo Letícia não era palmeirense, ela estava apenas aproveitando a oportunidade de se prender a um jogador.

— Que ótimo.

— Você vai também, o Raphael disse que eu podia te levar.

Arregalei os olhos com essa afirmação, eu estava cada vez mais surpresa, primeiro o convite pro jogo e agora pra essa festa, qual era a dele?

— Eu não vou, amanhã eu trabalho. — Neguei olhando em volta e vendo a torcida saindo aos poucos.

— Porra Heloísa, claro que você vai, eu também trabalho amanhã, esqueceu que trabalhamos juntas?

Suspirei fundo e balancei a cabeça. Meu lado palmeirense estava feliz, uma festa privada com jogadores, coisa que eu jamais imaginei. Mas por outro lado eu estava receosa, eu iria pra um lugar que não conhecia ninguém, porque a única conversa que eu tinha com os jogadores era quando eles iriam no bar, algo totalmente superficial e não uma amizade de anos.

— Tudo bem, mas não quero voltar tarde.

Letícia soltou um gritinho e comemorou, após algum tempo os jogadores já haviam ido pro vestiário, a torcida praticamente já tinha ido toda embora e a loira ao meu lado mandava mensagem sem parar no celular.

— O Raphael pediu pra gente encontrar ele no estacionamento, onde fica o carro dos jogadores, ele disse que o Gabriel vai com a gente.

A muito contragosto eu concordei, eu só podia estar maluca mesmo. Andei em silêncio com Letícia que falava sem parar sobre como estava feliz e blá blá blá....finalmente chegamos no local combinado. Encostei em um dos carros e peguei meu celular, bati uma foto e postei no insta e em seguida guardei o aparelho. Ouvi risadas e notei que Gabriel e o chato do Veiga vinham animados.

— Boa noite meninas. — Gabriel falou sorridente e eu e Letícia respondemos juntas.

— Boa noite Lê. — Raphael disse dando dois beijos no rosto dela e em seguida me encarou.


— Qual o problema? — Perguntei.

— Nada garota, nada. — Ele sacudiu a cabeça e andou em direção ao carro, Letícia me fuzilou com os olhos e o seguiu sentando no banco da frente, fazendo com que eu e Gabriel sentássemos atrás.

O jogador ligou o carro e deu partida, encostei minha cabeça na janela e observei a noite que estava iluminada e com uma brisa maravilhosa.

— Vocês jogaram demais, eu tô muito feliz pelo título, não é Helô. — Letícia falou, me tirando de meus pensamentos.

— Com certeza, eu quase fiquei sem voz de tanto cantar e gritar. — Comentei animada e Gabriel sorriu pra mim.

Raphael permanecia em silêncio e vira e mexe me olhava do retrovisor, já Gabriel cantava e tirava fotos com seu celular, ele era muito gente boa e engraçado.

— Aí Helô, tira uma foto comigo. — Ele virou a câmera do celular e me puxou pra junto dele, confesso que esse gesto me deixou um pouco sem jeito, mas encostei minha cabeça na sua e sorri, assim ele bateu a foto. — Caralho ficou perfeita, me passa seu insta, vou postar e te marcar. — Depois dele insistir muito finalmente passei meu insta pra ele, eu sabia como isso funcionava, em questão de segundos minha rede social ia estar invadida de palmeirenses querendo saber quem eu era e porque estava ao lado do jogador.

O carro foi estacionado logo em seguida, paramos em uma casa enorme que tocava uma música super alta e tinha vários carros estacionados em frente. Acompanhei os três que saíram do carro junto comigo, Raphael andava na frente seguido por Letícia e Gabriel ao meu lado postando alguns stories. Quando entramos a casa era maior ainda por dentro, tudo incrívelmente lindo e organizado.

Percebi que jogadores, esposas e filhos estavam ali, na hora eu travei e senti minha mão suar. Mas por sorte eu fui bem recebida, fui apresentada, assim como Letícia pra todos que estavam ali e graças a Deus eram todos simpáticos e muito gentis, inclusive Danilo que disse pra eu ficar a vontade e me sentir em casa. Letícia era mais desinibida, conversava e ria com todos como se fosse amiga deles a anos, já eu apenas era simpática, meu lado social não entrava em ação quando eu estava com desconhecidos.

De longe avistei um local que eu deduzi ser tipo um bar, me afastei da pequena multidão e caminhei até lá, estava vazio, já que todos conversavam ao redor da piscina, então me sentei em um dos bancos e pedi uma água ao garçom que estava ali. Assim que peguei a garrafa, tomei um enorme gole, eu estava morrendo de sede e meu nervosismo só deixava isso ainda maior.

— Bela camisa. — Reconheci aquela voz de imediato e revirei os olhos.

— Se quer dar em cima de mim, não precisa elogiar minha camisa, eu sei que ela é bonita. — Comentei e vi Raphael me olhar incrédulo.

— Você é maluca. — Ele disse. — Eu não estava dando em cima de você, apenas elogiando a camisa.

— Claro que você não estava. — Sorri irônica. — Quer saber? Eu nunca ficaria com você. — Me levantei e me preparei pra sair, mas fui impedida por sua mão em meu pulso.

— Porque você não ficaria comigo? — Sua pergunta me pegou de surpresa.

— Porque eu não gosto de você e você não faz meu tipo. — Completei saindo dali e o deixando sozinho com o ego totalmente ferido.

Our Love - Raphael VeigaOnde histórias criam vida. Descubra agora