Sentimentos

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Eu permanecia estática enquanto lágrimas grossas escorria do meu rosto, depois da saída de Raphael do meu apartamento. Gabriel continuava parado na porta de entrada, do mesmo jeito que chegou. Ela me encarava com uma expressão indecifrável no rosto e confesso que se ele estivesse me odiando naquele momento, eu não o julgaria.

Depois de juntar o resto de dignidade que eu ainda tinha eu consegui secar minhas lágrimas e encarar o jogador. Quando ele suspirou e entreabriu a boca, pra falar algo eu já esperava pelas palavras duras, mas ele não falou nada, simplesmente me puxou para um abraço e afagou meus cabelos num gesto carinhoso. Minha surpresa foi enorme e se eu não estivesse tão vulnerável eu recusaria aquele gesto, não porque eu não queria, mas sim porque eu não merecia. Eu não merecia qualquer carinho de Gabriel e a julgar pelo modo como Veiga saiu daqui, eu também não merecia nada dele. Quando finalmente consegui me recompor, me soltei daquele abraço e dei passagem para que ele entrasse, fechando a porta em seguida.

— Me desculpa. — Sussurrei. — Eu não sei por onde começar, eu só...me desculpa Gabriel. — Repeti aquela frase como se fosse a única coisa que soubesse dizer, o que no momento era mesmo.

— Eu queria acreditar que não houve nada, que é só coisa da minha cabeça, mas pelo modo que o Raphael saiu daqui, vocês dois...

Ele deixou a frase morrer no ar, eu não neguei, afinal não tinha o que negar, eu tinha beijado Raphael e tinha gostado, tanto que não sabia explicar.

— Um beijo, ontem na boate. — Falei e baixei a cabeça, incapaz de encarar seus olhos.

Gabriel bufou baixinho e passou a mão pela cabeça, ele estava nervoso.

— Eu imaginei, o Raphael sumiu logo depois que eu voltei pra área de cima, eu te procurei também e não achei, logo depois ele voltou todo animado falando que iria embora. — Ele da um sorriso anasalado. — Eu sou um completo idiota.

— Não, você não é. — O choro que estava entalado saiu como uma tempestade. — Por favor, só me desculpa.

— Eu não posso lidar com isso Heloísa, eu vim aqui pra gente conversar sobre nosso beijo, porque nem encarar isso você teve coragem. — Cada palavra dele era repleta de mágoa. — Eu vou embora.

Ele se dirigiu até a porta.

— Gabriel por favor...

Mas foi em vão, o jogador já tinha saído e eu continuei ali, humilhada e sozinha.

(...)

Ísis acariciava meu cabelo, enquanto eu estava deitada em seu colo, chorando como um bebê que tinha caído. Eu tinha ligado pra minha amiga depois de todo ocorrido, porque depois de ter vindo com Raphael da boate, Ísis apareceu aqui em casa de madrugada e ficou sabendo sobre o beijo.

— Eu sei que tô nessa história a pouco tempo, mas eu te avisei Heloísa, isso não ia dar certo. — Ísis comentou.

— Por favor, eu não preciso disso, não agora. — Funguei.

— Acorda Heloísa! Você precisa. — Minha amiga disse me tirando de seu colo e encarando meu rosto, vermelho e inchado. — Você precisa tomar uma decisão sobre isso, não pode simplesmente continuar nisso e brincar com os sentimentos de dois caras que estão apaixonados por você.

— Eu não tô brincando com ninguém. — Afirmei.

— Mas não é o que parece. O Gabriel deixou claro o interesse por você, você me disse que ele se declarou e te beijou. Já o Raphael mostrou que é capaz de tudo por você e também te beijou, agora me diz, isso não é estar apaixonado?

— Eles não estão apaixo...

Ísis suspirou, perdendo o último fio de paciência que lhe restava.

— Sai dessa bolha por cinco minutos, que merda Heloísa, enxerga a realidade. — Minha amiga disse irritada.

Passei minhas mãos pelo rosto nervosa, o suficiente pra não consegue formar um único pensamento sequer?

— O que você sente pelo Raphael?

— Eu não sei, me sinto tão confusa. — Balancei a cabeça.

— Não. — Ísis negou. — Você gosta dele e por mais que também goste do Gabriel, não é da mesma forma, porque eu vejo o quanto você muda quando fala sobre o Veiga.

— A gente não daria certo. — Afirmei.

— E como você sabe? Você nem deu a ele uma chance.

— Nem é preciso, não posso estragar a única oportunidade que tive na vida por causa de um cara.

— Merda Heloísa, o Raphael jamais te impediria de alguma coisa. — Ísis falou extremamente impaciente.

— Mas eu seria sempre a namorada do Raphael Veiga.

— Ok! Se é assim que você pensa tudo bem! Só não venha chorar pra mim quando perceber que perdeu ele.

As palavras de Ísis martelaram na minha cabeça de um jeito maluco, talvez ela tivesse razão, mas eu era fraca demais pra encarar a realidade que esse relacionamento poderia me trazer.

Our Love - Raphael VeigaOnde histórias criam vida. Descubra agora