Quem Não Quer Sou Eu

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Frederico levantou com cara de poucos amigos, não iria se rebaixar pra voltar a trabalhar na fazenda e nem ter a ajuda da sua mãe pra tá de volta no serviço, seu orgulho de macho não lhe permitia.

Frederico - Pois fique ciente que eu não volto nem ganhando o dobro, eu tenho meu orgulho e não há dinheiro no mundo que faça eu voltar _ socou a mesa com raiva _ Quem não quer sou eu!

Cristina - Eu lhe tinha apreço e carinho Frederico, hoje eu sinto pena de sua mãe que tem de viver com um machista que nem você ao lado dela _ não recuou.

Frederico - Não meta minha mãe no meio sua megera indomável, não sabe do que sou capaz por ela _ falava sério, ninguém mexia com sua mãe _ sou homem o suficiente pra arcar com meus problemas.

Cristina - Eu não preciso meter ninguém nisso, você é adulto e eu também, sabe do que estou falando verdade? _ falou mandona.

Frederico - Não me dá ordens Cristina eu não sou mais teu empregado _ apertou os punhos com raiva _ da ordem naqueles teus empregadinhos.

A tensão era palpável e o que aqueles dois não esperavam no momento era a aproximação dos seus corpos raivosos querendo um contato proibido, ficando a milímetros de distância até serem separados pela chegada de Bento que estranhou, mas não disse nada.

Bento - Patroa os peões mais antigos estão perguntando se alguém vai ficar no lugar do garoto _ olhou Frederico e abaixou a cabeça.

Cristina - Eulogio... _ falou de supetão e viu a cara de Frederico se enfurecer _ mas avise que é Temporariamente _ respirou fundo tomando fôlego _ e diga a ele que espero que saiba fazer esse trabalho, já trabalha tantos anos pela região que tem mais experiência.

Bento - Sim senhora patroa vou dar o recado _ saiu sem entender bem aquela decisão, Eulogio era do tipo preguiçoso.

Ele riu e andou de um lado pro outro balançando a cabeça sem acreditar na decisão da ex patroa, o peão era bem mais velho que Frederico e sempre estavam brigando por um motivo idiota, tinham o mesmo gênio explosivo o gosto por mulheres e a sedução bruta. Mas aquilo irritou profundamente Cristina e por isso encarou ele e falou sem demora:

Cristina - Qual o motivo do riso? _ estava se irritando de novo _ não contei nenhuma piada que eu saiba.

Frederico - Vai colocar Eulogio no meu lugar? _ sorriu e foi até a porta _ o mais gandaia e preguiçoso dos seus empregados, medíocre que nunca buscou melhorar no seu posto de trabalho.

Cristina - Eu sei o que faço e quem eu coloco pra trabalhar comigo entendeu? _ foi incisiva _ além do mais você não tem o que fazer aqui, nem trabalha pra mim.

Frederico - Claro ex patroa, você sempre sabe o que fazer né _ debochou dela e saiu batendo a porta.

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Rômulo chegava da cidade sozinho, tinha um sorriso sem vergonha de conquistar todos ao seu redor, ele nunca revelou seu segredo de sedução, mas em seus tempos de garoto as mulheres caiam aos seus pés. Veio a pedido pessoal de Cristina Álvarez para  trabalhar na fazenda que o viu crescer, onde conheceu a dor e a alegria de se desenvolver, mas talvez por azar do destino ou a péssima qualidade da estrada, o seu pneu furou quase chegando a fazenda Bananal e grande foi a surpresa quando viu um tipo caminhando em sua direção com cara de poucos amigos.

X - O que faz nas terras da minha patroa? _ falou sem reconhecer o tipo bem vestido.

Rômulo - Eulogio não muda mesmo verdade? _ pós a mão na cintura _ continua o mesmo desconfiado que faz pergunta a todos.

Eulogio - Rômulo? _ se surpreendeu ao ver ele tão bem e com a aparência mais cuidada, isso significava que ele venceu na vida e ele continuava na merda.

Rômulo - Disse que ia mudar de vida, deixar de ser um peão _ foi pro carro pegar sua mala _ sou o novo veterinário da fazenda e você pelo jeito continua na merda.

Eulogio - Você o que? _ ficou sem acreditar, os dois sempre foram peões e nunca sairiam disso ele pensava sempre _ que mentira é essa? Sempre foi um bruto cumedor de novinha que eu sei.

Rômulo - Me respeita seu ignorante _ quis partir pra cima dele, mas parou contendo sua raiva _ eu já te partir a cara uma vez, não vacila que faço de novo entendeu?

Eulogio - Isso tudo porque eu peguei a sua pombinha Rômulo? _ pós a mão na cintura e gargalhou _ mas ela era muito gostosinha.

Rômulo - Limpa tua boca pra falar dela _ empurrou ele com força derrubando no chão _ por tua culpa ela sumiu da minha vida.

Eulogio - Ela mora aqui perto, se te ver é capaz de pedir pra voltar contigo _ foi falando com deboche enquanto limpava a roupa.

Rômulo - Você é um nojento que não vale nada Eulogio, um dom ninguém que leva a vida na merda _ balançou a cabeça rindo e foi andando pra casa grande.

Eulogio - Pra onde vai seu imbecil? Aí é a casa grande não é pro seu bico sabia? _ ficou ardido ao escutar as palavras dele _ pode ter diploma, mas não significa muita coisa.

Rômulo - É onde vou ficar por alguns dias, a casa da cidade não está pronta e sou convidado da senhora Cristina _ olhou a cara dele e riu sem pena _ não esperava isso verdade?

Eulogio - Não vai ficar aqui muito tempo, somos iguais Rômulo, viemos do nosso pai, somos sangue do mesmo sangue _ pegou o chapéu no chão _ sua mãe não foi mais especial que a minha.

Rômulo - Você ainda se pergunta quem é minha mãe verdade? _ parou antes do degrau e olhou pra ele sorrindo _ mas isso eu nunca vou dizer, não é e nunca foi minha responsabilidade falar esse segredo, eu fiz um pacto de silêncio com ela.

Eulogio - Acha que eu quero saber disso? Ah por favor me erra seu pangaré sem graça _ deu de ombros _ num quero saber o nome da rameira da tua mãe.

Rômulo - Minha mãe nunca foi isso, já a sua eu sei bem onde andava até um tempo desse e onde foi enterrada também, quer que eu diga seu burro velho falante? _ disse desafiante.

Eulogio - Eu vou me acertar com você pode ter certeza disso _ saiu pisando duro.

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