A Tragédia

247 25 8
                                    

Era depois do meio dia quando Osório foi até o estábulo e ficou esperando Eulogio chegar da ronda nos pastos. O sol começou a se por e quando ele chegou com o cavalo se aproximou e olhou prós lados vendo que estavam sozinhos.

Osório -  Tenho um trabalho pra fazer, pode me ajudar? Vai rolar um bom pagamento.

Eulogio - Claro que posso, fala o que é _ disse olhando o peão.

Osório - Temo que fazer um trabalho sujo pra um cara cheio das verdinhas!

Eulogio - Que seria o que? _ falou sem paciência.

Osório - Queimar a casa de um moleque que se acha um galinho de briga.

Eulogio - Quem acha que eu sou? Não faria isso nem por todo dinheiro do mundo _ falou com o olhar em colera.

Osório - Mas é claro que não faria, e isso foi uma brincadeira cara, eu não sou um assassino _ desconversou e riu.

As horas passaram e a noite ainda deixava tudo escuro, sobras rondava a casa enquanto os moradores dormiam tranquilamente sem prever o perigo que estava por perto.

Osório - Então seu Diego é aqui mesmo? _ tinha um galão de gasolina nas mãos.

Diego - Sim, eu quero tudo encharcado de gasolina e o quarto daquele moleque também, quero todos mortos entendeu? _ apertou o isqueiro com força.

Osório - Grana fácil, ainda bem que o otário do Eulogio não aceitou, eu ganho mais _ riu e foi fazer o trabalho sujo.

Enquanto o homem jogava gasolina por toda casa Diego viu uma carro se aproximar de farol baixo e pegou a faca pra se defender, o único que sabia do plano era Ângelo e foi quem lhe ajudou com a ideia e o dinheiro pra pagar o peão, quando conseguiu ver quem era não esperou ver Rômulo, que se aproximava com certa rapidez, foi então que ele teve que agir rápido pra deter o homem.

Diego - Tá perdido veterinário? _ escondeu sua mão atrás das costas _ não tem o que ver aqui.

Rômulo - Esse cheiro é de gasolina? Vai se vigar da surra de Frederico tacando fogo com eles dentro? _ foi em direção a casa.

Diego - Podia ir embora sem saber dos sórdidos detalhes doutor de bicho _ segurou seu ombro.

Rômulo - Pegou meu ajudante pra te ajudar, seu sórdido o que quer fazer com eles? _ viu quem jogava o combustível.

Diego - Matar e agora você tá no pacote dos mortos _ sorriu com frieza e o puxou pra o chão derrubando ele com dificuldade.

Ele desferiu nas costas dele três facadas rápidas com uma faca bem afiada em pontos vitais e certeiro, coisa que aprendeu com o amigo medico, Rômulo colocou a mão em cima do ferimento e caiu ajoelhado.

Diego - Ótimo, vai ver queimar o moleque e a velha seu defensor de merda! _ guardou a faca e sorriu sem culpa.

*

*

*

Cristina tinha acabado de chegar em casa depois de uma reunião interminável na fábrica e quando finalmente sentou no sofá viu Eulogio entrar com tudo e com uma cara nada boa, era muito raro ver o capataz na casa grande, por isso levantou e se aproximou dele.

Cristina - O que aconteceu Eulogio, onde é o incêndio?

Eulogio - Não é aqui patroa, mas se eu demorar vão queimar a casa do fedelho Frederico e sua mãe com eles dentro.

Cristina - Como? Vamos logo o que estamos esperando? _ levantou pegando a chave da caminhonete e entregando a ele.

Eulogio - Vamos que não temos tempo, vou passar um rádio pedindo ajuda dos outros peões.

Os dois correram pra caminhonete dela sem demora, tinham que salvar Frederico e Vicenta daquele perigo de morte, Eulogio dirigiu o mais rápido que pode e quando estavam numa distancia considerável viram o clarão de longe e a fumaça subindo sem controle, o mau já tinha sido feito e agora só restava ir mais rápido e salvar todos do perigo. Foi quando o capataz pegou o rádio e passou o recado que Vicenta e o filho corriam perigo pra todas as fazendas vizinhas e precisavam de ajuda urgente.

Cristina - A gente não pode esperar, temos que entrar e salvar eles.

Eulogio - Eu vou _ pegou uma coberta e molhou com água.

Cristina - Eu vou junto _ ia fazer a mesma coisa, porém foi impedida.

Eulogio - A senhora fica patroa, eu não vou colocar mas ninguém em perigo.

Cristina - Frederico está lá _ disse num fio de voz.

Eulogio - Sei que é seu protegido e vou trazer ele bem, eu juro.

Cristina - Ele é o amor da minha vida e vou entrar aí pra salvar ele _ molhou a coberta e jogou sobre o corpo.

Eulogio - Conhece a casa verdade? _ olhou ela antes de meter o pé na porta.

Cristina - Sim, eu conheço muito bem _ disse firme.

O homem não teve dificuldade de arrombar a porta e quando entrou viu que a situação era ainda pior do que acharam, a ajuda tinha que chegar ou tudo ia virar cinzas.

Eulogio - Vou tirar a Vicenta primeiro _ passou por ela e foi até os quartos.

Cristina continuou procurando pela casa e foi até a cozinha onde encontrou Frederico desmaiado com um ferimento na cabeça.

Cristina - Fred? _ se aproximou e tocou seu rosto preocupada _ amor acorda que agora precisamos sair daqui.

Fred - Mãe... mãezinha... _ abriu os olhos e não reconheceu Cristina.

Cristina - Sou eu meu amor, só saio com você ao meu lado e ninguém mais entendeu? _ jogou o cobertor por cima do corpo dele _ meu moleque, não vai me deixar.

Frederico - Cris...te amo... _ ele tocou o rosto dela numa carícia desesperada _ não me deixa morrer.

Cristina - Não vou meu menino, mas vai ter que me ajudar _ ela levantou e foi ajudando ele a fazer o mesmo _ vamos Fred, não podemos desistir agora.

E justo quando os dois estavam começando a caminhar o teto da cozinha desaba deixando ambos presos entre a parede e o fogo. Tudo estava ficando negro pra eles, Cristina pensou que se aquele fosse o fim estaria ao lado do homem que ama, o pensamento de Frederico era praticamente o mesmo, seu fim seria ao lado da mulher da sua vida. O fogo avançou e quase tocava o corpo dos amantes enamorados e encurralados na chama.

La Patrona ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora