O Culpado?

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Minutos depois Frederico ainda agarrado ao corpo da mãe tentava processar aquela verdade que tinha escutado dela e não compreendia o porque de ter perdido ela daquele jeito. Depois de uma longa despedida levaram o corpo de Vicenta para ser preparado velado. O casal preferiu esperar no quarto, enquanto Frederico estava no sofá Cristina sentou na cadeira ficando de frente a ele.

Frederico - Porque a vida tem sido tão dura comigo Cris? _ disse amargamente sentindo a dor com força dentro dele _ Eu só queria viver com a minha e cuidar dela como sempre foi.

Cristina - Sei que não existe lado bom nessa história então vou te deixar pensar na possibilidade de buscar sua família biológica em outro momento.

Frederico - Eu bem que queria buscar, mas onde começar? Eu sou um desconhecido pra essa mulher _ deu de ombros.

Cristina - Agora precisa descobrir quem é Teodora _ colocou a mão no queixo pensativa

Frederico - É uma mulher que não conheço, acho que não vou conhecer nunca.

Cristina - Amor nunca diga nunca... _ segurou a mão dele.

Frederico - Agora me tira uma dúvida que tô matutando até agora.

Cristina - Que tipo de dúvida?

Frederico - Como chegou tão rápido na minha casa?

Cristina - Eulogio me pediu permissão pra sair e me explicou o que aconteceu no caminho.

Frederico - E o que aconteceu? Eu não entendo de onde veio o fogo.

Cristina - Osório ele foi o culpado com certeza, foi ele que ofereceu dinheiro pra Eulogio e os dois colocar fogo na sua casa.

Frederico - Maldito eu vou acabar com ele! _ apertou o punho com ódio.

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Eulogio foi chamado por uma das enfermeiras e levado ao necrotério no prédio ao lado sem entender muito bem o que acontecia, mas quando a porta foi aberta e ele se aproximou do corpo coberto por apenas um lençol sentiu um arrepio na espinha e quis sair dali.

Enfermeira - Achamos nós registros dele o seu nome, são irmãos verdade? _ falou abaixando o lençol e deixando a cabeça aparecendo.

Eulogio - Sim eu e ele somos irmãos _ colocou a mão no rosto dele _ onde encontraram?

Enfermeira - Na estrada aqui perto, já acharam morto, mas o delegado vem falar com você em breve.

Eulogio - Como encontraram ele na estrada? _ olhou a enfermeira com desespero.

Enfermeira - Ele foi esfaqueado, o legista que olhou ele disse que seu irmão foi deixado pra morrer senhor Eulogio.

Eulogio - Deixado pra morrer? Como? Ele não tinha inimigos, era mais fácil eu ter sido deixado pra morrer assim, feito um bicho sarnento.

Enfermeira - Perdão senhor, mas eu não sei de muita coisa, o delegado já deve está chegando _ saiu deixando os dois sozinhos.

Osório que tinha uma queimadura na mão tinha saído da enfermaria quando topou com Frederico que demorou pra reconhecer o homem, mas foi algo instantâneo quando escutou os "pêsames"  e não demorou pra reconhecer o peão que participou do incêndio, em segundos ele já estava jogado no chão depois de um soco no meio da cara e depois Frederico ficou só chutando ele sem pena. O delegado que estava chegando na recepção do hospital quando viu a confusão que estava armada.

Frederico - Se vier pra cima de mim eu soco a cara de todo mundo _ falou com ódio levantando Osório pelo colarinho.

Delegado - Larga dele Frederico, posso te prender e vai ficar sem ir ao enterro da sua mãe.

Frederico - Então prende esse maldito por queimar a minha casa.

Delegado - Sei que está de luto, mas não pode acusar as pessoas assim.

Mas para sorte de Frederico  e azar do outro homem quem chegava na hora foi Eulogio que só cruzou os braços e balançou a cabeça positivamente em direção a Frederico dando um sorriso de satisfação.

Eulogio - Ele pode matar esse covarde se quiser, porque foi esse aí que me chamou pro trabalho sujo e eu não aceitei, achei que fosse brincadeira, mas mesmo assim fui atrás pra assegurar que tava tudo bem.

Frederico - Você fez isso por mim? _ olhou ele surpreso e se afastou de Osório _ foi atrás e me salvou.

Eulogio - Sou um amargado e chato, mas não sou assassino Frederico _ falou sem olhar pra ele.

Delegado - Quero você na delegacia ainda hoje me entendeu? _ apontou Eulogio que balançou a cabeça positivamente _ peguem esse verme do chão e vamos pra delegacia.

Os policiais pegaram Osório e saíram do hospital, o delegado foi logo atrás sem falar nada deixando Frederico e Eulogio.

Frederico - Você me salvou não fez nada contra mim, porque vai pra delegacia?

Eulogio - Mataram Rômulo e ele era meu meio irmão agora tenho que ir lá na delegacia falar com o delegado.

Frederico - Eu sinto muito, não conhecia Rômulo, mas sei como é perder alguém importante, a minha mãe se foi mas vou sentir sua falta pra sempre _ suspirou.

Eulogio - Sinto muito por Vicenta, ela era como uma mãe pra muitos peões daqui garoto _ disse com pesar _ além disso agora você tá sozinho não tem família.

Frederico - Sim e não _ passou a mão nos cabelos _ a Vicenta antes de morrer me disse o nome da minha mãe biológica, agora vou ter que ir atrás dela se não quero ficar sozinho no mundo.

Eulogio - Não perde nada indo atrás dessa mulher, pode pedir ajuda ao seu Rodolfo se quiser.

Frederico - Não quero pedir favores pro seu Rodolfo, além do mais estou com Cristina e ela vai me ajudar a encontrar minha mãe biológica.

Eulogio - O importante é achar garoto, mas agora eu tenho que ir na delegacia e organizar o enterro _ se despediu e foi em direção a saída do hospital.

Frederico - Antes de enterrar minha mãe vou tirar satisfação com o único homem que tem contas comigo, Diego Rivas, o maldito marido de Cristina, ele sim quer me tirar da rota _ falou pensativo, mas cheio de raiva.

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Dora estava no seu escritório quando sentiu seu peito apertar e não queria mais ir a reunião que já tinha marcado, iria demorar um pouco para ir até a sala de reuniões, ficou tomando seu café puro e pensando no filho que nunca tinha visto pessoalmente depois de tantos anos. Seu pensamento só foi interrompido por Rodolfo que abriu a porta do escritório de Dora e entrou na sala dela interrompendo seus pensamentos com o filho e o café, o que acabou deixando ela com uma cara nada feliz.

Teodora - O que pensa que está fazendo Rodolfo? _ levantou e olhou ele de cima a baixo.

Rodolfo - Eu preciso de você como advogada, por toda amizade que teve com a minha esposa e o carinho que tem por minha filha.

Teodora - Qual é o favor? _ cruzou os braços.

Rodolfo - Um empregado querido está preso, mas não é sua culpa, ele foi preso no enterro da mãe, é impossível que tenha matado alguém _ respirou fundo _ o delegado apenas disse que tem uma testemunha e uma arma com as digitais dele, mas eu tenho certeza que ele tem um álibi.

Teodora - Seja mais claro Rodolfo, eu quero nomes e fatos _ não entendeu nada _ quem quer que eu defenda? Só assim posso ajudar.

Rodolfo - Frederico Rivero é o empregado e ele foi acusado de tentar matar Diego Rivas esposo de Cristina Álvarez, mas é impossível isso ter sido feito por ele.

Teodora - Frederico filho de Vicenta? _ levantou o rosto agora preocupada.

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