Pureza e corrupção

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Título: Tolice

Sinopse: A tolice. Característica daquele que é consumido pela estupidez, que se deixa envolver em promessas vazias, que se deixa corromper. Não é bem uma virtude ou um adjetivo com o qual alguém queira ser definido.
Itachi não conseguia enxergar a si mesmo de outra maneira, no entanto.
Era um tolo.

A voz de Shisui soava através dos alto-falantes e Itachi sequer precisava encará-lo para saber que ele sorria. O fez, ainda assim, sentindo o peito vibrar quando o olhar dele encontrou o seu. Foram milésimos de segundos, mas o efeito era o mesmo de ser encarado por horas.

Era impressionante o quanto Shisui o envolvia, prendendo-o em suas teias como se fosse a porra de uma viúva negra e ele apenas uma presa ingênua, capturada pelo olhar magnético, pela maldita lábia, pelo sorriso.

Itachi não sabia se sentia alívio ou receio pelo fato de que ele era só mais um, em meio aquela plateia, a cair nos encantos de Shisui.

O som dos aplausos sucedeu o fim do discurso e Itachi se levantou, caminhando em direção à saída lateral, dedicando um rápido olhar ao segurança que liberou sua passagem.

Do corredor, pôde ouvir o riso tão familiar junto às congratulações dos demais presentes. Shisui estava em meio aos outros homens engravatados e destacava-se, reluzente aos olhos de Itachi, apesar da semelhança que tinha com os outros.

Todos iguais.

Ele voltou sua atenção ao mais novo assim que o viu, dispensando o restante como se não tivessem importância alguma. Era o caso, Itachi sabia.

— O que achou do discurso? — Shisui perguntou, agarrando-lhe pela cintura quando o trouxe para perto, as mãos dele queimavam sua pele, mesmo por cima das roupas e os lábios sugavam seu fôlego, ainda que mantivessem distância.

Shisui era como um incêndio, quente, belo, mortal.

Eles já estavam sozinhos àquela altura, protegidos pela privacidade que o camarim do salão de eventos lhes proporcionava. A porta fechada, guardada por um segurança, impossibilitava a fuga de Itachi.

Não que quisesse fugir, é claro.

— Convincente, como sempre — Itachi respondeu, os braços sobre os ombros alheios — Tenho certeza que não notaram o quanto você é canalha.

Sua voz soou ácida e Shisui riu maliciosamente, aproximando os lábios quentes do ouvido dele antes de sussurrar:

— Apenas você sabe, meu amor.

Itachi estremeceu, a pele arrepiada, o calor se espalhando pelo corpo.

— Isso significa que você está em minhas mãos — Respondeu. Sua voz não convencia nem a si mesmo.

— Não, Tachi — Falou, os dedos segurando o queixo de Itachi, o olhar preso ao dele, magnético — Você está em minhas mãos, em meu controle, como todo o resto.

O mais novo prendeu a respiração, encarcerado nos olhos escuros e no brilho ardiloso que demonstravam.

— Como pode ter tanta certeza? — O tom seco e as palavras firmes foram derretidos pelo riso do outro, dissolvidos em meio ao sorriso dele.

— Estamos juntos há tanto tempo, meu amor — Ele disse, os dedos quentes acariciando o rosto alheio.

Itachi não pôde evitar fechar os olhos, o ar deixando seus lábios abertos lentamente, os batimentos cardíacos inquietos, o corpo aquecido.

— Eu confio cegamente em você — Shisui continuou, aproximando-se para chupar seu lábio inferior.

Não deveria!, Itachi queria dizer, mas não conseguia formar palavra alguma quando a boca do outro estava sobre a sua daquela forma, mordendo-lhe, chupando. A língua dele umedecendo seus lábios antes de se encontrar com a sua, dominando-o, fazendo-o derreter em seus braços.

Além disso, há quem queria enganar?

Não havia nada que Shisui pudesse fazer para que Itachi deixasse de estar ao seu lado. Nada. Certamente, ser um político de merda não seria uma exceção.

Ele sabia que o tecido macio que sentia sob as mãos enquanto lhe tocava os ombros, trazendo-o para mais perto, havia sido comprado por dinheiro sujo. Sabia que o perfume delicioso que ele usava, que lhe inebriava como a porra de um alucinógeno havia tido a mesma origem.

Itachi não dava a mínima na maior parte do tempo.

E quando o fazia, Shisui o encantava novamente, vinha até si com seus olhos magnéticos, seu sorriso, sua lábia e todo o seu calor fazendo-o se esquecer da culpa e mergulhar em toda aquela sujeira com ele.

Se imergir na corrupção.

— Em alguns meses — Shisui sussurrou contra a sua boca, interrompendo o beijo — Eu serei presidente.

Aquela arrogância toda trouxe um sorriso aos lábios de Itachi. A fala exalava poder. Ele acreditava que tinha o controle sobre tudo, que era invencível, que em breve seria o homem mais poderoso do país.

Estava convencido e acabou por convencer Itachi também.

— Você será — Respondeu, o tom baixo, os olhos nos dele.

Shisui sorriu.

— E você estará ao meu lado, independente do que eu fizer — Não era uma pergunta e, novamente, Itachi se sentiu afetado por todo aquele poder.

Ele assentiu, então, concordando, antes de ser beijado novamente.

Era um tolo.

Notas finais:

Espero que tenham gostado e obrigada por ler!

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