Dias se passavam e mesmo no trabalho eu não conseguia tirar da mente tudo que eu vivia com Laura. Lá estava eu em meus escritório relembrando todos os nossos momentos.
Além daquele dia em que a gente dançou e nossos lábios quase se fundiram em um beijo ardente, teve a vez e que Laura caiu em cima de mim.
Era tarde da noite e tínhamos acabado de jantar. Para não ser injusta fui ajudar Laura com a louça. Enquanto eu secava Laura ia guardando os utensílios. Havia uma panela que ficava na ultima parte do armário acima da geladeira. Quando Laura se esticou para colocar a panela no lugar se desequilibrou, vendo isso me joguei para segura-la então ela caiu em cima de mim e um monte potes por cima da gente. Deitadas no chão da cozinha e apesar do susto não conseguimos fazer outra coisa senão rir da situação. O nosso tombo foi bem engraçado e a chuva de potes também. O som da risada de Laura era a coisa mais linda de se ouvir, além disso ela sorria com os olhos e isso me encantava. Tão próximas uma da outra, o corpo de Laura contra o meu e minhas mão fixas na sua cintura.
Sem perceber nossa risada escandalosa foi dando lugar a um terno e penetrante olhar. Sabe nos filmes água com açúcar quando o casal principal cai junto e eles ficam se encarando e você percebe que um tá afim do outro mas no final não acaba rolando... Pois é, foi bem assim. Laura tinha olhos que cabiam o universo inteiro e eu estava fascinada, além disso sua boca estava tão perto da minha que dava pra sentir o cheiro de frutas vermelhas do seu brilho labial. O que eu queria mesmo era ter provado o gosto do beijo dela.
De repente o silencio é quebrado quando Laura pergunta:
- A senhora está bem, dona Marina?
- Não se preocupe, não foi nada. Estou bem, e vc, se machucou? - pergunto preocupada
- Não, eu estou bem. Que bom que a senhora estava aqui pra me segurar. - Diz Laura esboçando um sorriso agradecido
- É, parece que você tem uma quedinha por mim.
Rio tirando sarro da situação mas já deixando claro a minha indireta. Laura me olha com ar que quem tivesse seu segredo mais intimo revelado.
Depois desse dia teve o episódio do cinema.
Tinha saído um filme novo no cinema que eu estava louca pra assistir, eu havia ganhado um par de ingressos para a sala vip. Liguei para Laura e a convidei para ir comigo, prontamente ela topou. Eu havia marcado com ela no shopping onde ficava o cinema. Ela estava linda, usava uma saia longa estampada com fenda e um top ciganinha branco que trazia todo um charme ao look.
- Nossa! Tudo isso é para ir ao cinema comigo? - Elogio Laura assim que a vejo
- Ah dona Marina, assim a senhora me deixa sem graça. - diz Laura já corada
Entramos na sala de cinema mas antes disso eu havia comprado um mega balde de pipoca salgada com manteiga. Encontrando nossos lugares nos sentamos e o filme começou. Estávamos tão compenetradas na trama do filme que não percebemos quando nossas mãos se entrelaçaram dentro do balde de pipoca. Eu fui a primeira a perceber mas não seria louca de me mexer. Laura percebendo pouco tempo depois tira rapidamente a mão perto da minha, disfarçando volta a ver o filme. A sensação do toque de nossas mãos era maravilhoso, como se ela me completasse.
Mas não acaba por aí, haviam algumas crianças nas poltronas detrás que estavam jogando pipoca pra cima quando uma acabou grudando no cabelo de Laura que não havia percebido já que estava focada no filme. Passo a mão levemente por seus cabelos afim de tirar as pipocas e digo:
- Tem umas pipoquinhas no seu cabelo, deixe-me tirar. - digo enquanto acaricio seu cabelo.
Laura consente em me deixar tirar as pipocas quando peço ela para vira um pouco mais o rosto pra mim. Nessa hora aquela luz do cinema, seus olhos brilhando, minhas mão acariciando seu cabelo, afasto-o para trás da orelha e acabo fazendo um carinho em seu rosto. Percebo que Laura não esquiva e nem tenta sair daquele momento, tudo estava tão perfeito que tomei coragem. Puxando-a lentamente pela nuca pra mais perto me inclino para lhe dar o tão esperado beijo. Quando nossos lábios estão finalmente prestes a se encontrar um clarão nos interrompe bem na hora. O filme havia acabado e minha chance de beija-la também.
Relembrando tudo isso e diante desses acontecimento era quase que impossível não achar que ela também não queria o mesmo que eu. Estava claro que havia algo ali, eu não estava ficando doida, a não ser por ela, é claro.
Eu estava costumada a dar em cima das mulheres que eu tinha vontade de ficar mas com Laura era diferente, eu pisava em ovos, tinha medo de sua reprovação, era muito louco como ela fazia eu me sentir. Eu precisava de uma vez por todas saber se eu tinha uma chance ou não. Eu tinha que agir, e rápido!
Foi então que eu tive uma ideia. Acho que eu sei exatamente o que fazer.
Naquele mesmo dia passei no restaurante que Laura gostava e encomendei o menu da noite, aproveitei para comprar uma garrafa de vinho tinto 1988 maravilhoso. Chegando em casa vejo Laura em seu quarto deitada na cama lendo um livro, estava com uma camisola de seda linda que eu havida dado de presente pra ela. Deixo as coisa em cima do balcão e a chamo para sair do quarto.
- Laura! Pode vir aqui na cozinha por favor?
Para minha surpresa Laura não havia trocado de roupa como fazia de costume quando eu chegava, seria isso um sinal?
- Trouxe o jantar do restaurante que vc gosta. Temos vinho também. Espero que esteja com fome.
- Sim, estou faminta. - responde ela
- Eu vou tomar um banho e já volto. Você pode pôr a mesa pra gente?
- Claro, pode deixar. - Laura vai até o armário para pegar a louça.
Subo e tomo um bom banho, me arrumo e coloco um perfume marcante. Eu queria que sentisse que estou ali pra ela. Desço então as escadas vou até a cozinha e tem uma mesa linda posta. Para completar acendo umas velas aromáticas e ligo o som num volume ambiente.
Sentamos a mesa e começamos a comer. Eu não consigo parar de olhar para Laura, tinha um imã que me atraia pra ela. Era visível que ela percebeu que o meu olhar era um olhar de desejo. Ela fugia dele mas não por muito tempo. Terminado de comer a convido para sentar na sala comigo para terminarmos o vinho, Laura diz que vai beber muito e que aquela seria a última taça. Conversa vai, conversa vem. Falávamos de assuntos aleatórios do trabalho, faculdade. O tempo passava voando quando a gente estava junto, tanto que sem perceber já tínhamos ido para a segunda garrafa de vinho.
Laura já estava um pouquinho alta quando começou a tocar uma música que ela gostava muito no rádio, dessa vez foi ela que me chamou pra dançar. Eu estava achando o máximo o jeito de Laura quando bebia, não se parecia nada com ela sobrea. De repente Laura me olha e pergunta:
- Dona Marina, como é ficar com uma mulher?
Eu não acreditava que ela havia feito aquele pergunta, era eu que deveria fazer as perguntas mas isso estava saindo melhor do que eu esperava. Sentei no sofá e Laura sentou-se ao me lado, então lhe respondi sem hesitar.
- Ficar com uma mulher é maravilhoso! O corpo feminino é uma dádiva esculpida pelos deuses. O toque é intenso, a pele é macia, o beijo é de uma perfeição. O sexo com uma mulher é divino, uma troca genuína onde todo mundo sai ganhando, é cumplicidade, desejo, paixão. É o melhor que você pode imaginar.
Enquanto descrevo todas essas coisas percebo que Laura me olha fixamente como quem toma nota de tudo que é dito. Percebo em seu olhar um desejo que eu não tinha visto antes. Então Laura se aproxima de mim, chegando cada vez mais perto ela toca a parte interna da minha coxa, eu já não era ninguém naquele momento. Laura chega bem perto da minha boca e sussurra:
- Posso confessar uma coisa pra você, dona Marina?
Eu sem reação aceno com a cabeça e lhe digo que sim
Então Laura vai até o meu ouvido e...
Cai sobre meus ombros apagada. Tento acorda-la mas ela esta muito bêbada. Eu não acredito que eu cheguei tão perto de saber o que ela realmente sente. Só então o que me restou foi carregar Laura para o seu quarto e deita-la na cama. Depois de ter feito isso fiquei olhado ela dormir por alguns instantes e só conseguia pensar no quão ela era linda e que eu não ia desistir tão fácil.
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Laurina
Short StoryQue a gente não manda no coração isso é fato, mas como lidar com isso quando o seu passado resurge e o presente da pessoa não pode ser você? O que fazer quando o seu coração foi partido? Ou quando é tarde demais para se arrepender? Venha se se apaix...