Marina
Já tinha amanhecido e eu havia acabado de abrir os olhos quando vi Letícia deitada ao meu lado dormindo serenamente, foi maravilhoso saber que a noite passada não foi um sonho. Olhei a hora no meu celular e percebi que estava quase atrasada para o trabalho. Levantei, e fui tomar um banho, ao voltar acordei Letícia com um delicado beijo.
- Bom dia, minha modelo! - sussurro no pé do ouvido
Ela abre os olhos e sorri pra mim com o sorriso mais lindo do mundo, pelo visto não era só eu que estava feliz por tudo não ter sido apenas um sonho. Enquanto eu me arrumava ela foi tomar o seu banho. Agora já devidamente arrumadas descemos as escadas. Letícia bem que tentou me fazer ficar mais um pouco no quarto mas eu precisava ir para o trabalho e ela também, afinal hoje era o dia da sessão de fotos. O clima era descontraído entre nós, estávamos felizes e satisfeitas por estarmos juntas novamente, o tempo parecia nunca ter passado, parecíamos as mesmas adolescentes do instituto de artes. Enquanto descia as escadas dizia a Letícia o quanto tinha sido boa a nossa noite. Até que ao chegar a cozinha me deparo com a última pessoa que eu esperava ver aquela hora...
-LAURA?!
Nossos olhares se encontraram naquele momento e tudo a minha volta parecia estar em slow motion, um filme passou lentamente diante dos meus olhos até que volto a si quando ouço um barulho de vidro se quebrando. Olho para o chão e vejo que Laura havia derrubado o prato de panquecas que tinha preparado.
- Me desculpe, eu deveria ter avisado que cheguei, não foi a minha intenção. Eu vou limpar tudo isso...
- Tudo bem! Só cuidado para não se machucar...
- AAAIIII!!
- Eu disse pra ter cuidado!
Quando olho pra o chão e vejo Laura com a mão ensanguentada, logo vou até ela para ajuda-la. O corte parecia relativamente profundo e para a minha surpresa Laura desmaia logo em seguida, aparentemente ela não podia ver sangue. Foi então que eu fiquei desesperada. Fui até a lavanderia e peguei uma das minhas camisetas e rasgando-a enfaixei o ferimento afim de estancar o sangramento.
A essa altura Letícia não estava entendendo mais nada, mesmo assim foi bastante solidária pegando o carro para nos levar ao hospital. Carreguei Laura até o carro e a pus no banco de trás, apoiei sua cabeça em meu colo enquanto Letícia dirigia até o hospital. Aos poucos fui tentando acordar Laura. Após algumas tentativas ela começou a voltar a si. Visivelmente desnorteada tentou dizer alguma coisa mas pedi que ficasse quieta pois já estávamos chegando ao hospital.
Letícia parou o carro e então levei Laura para dentro. Enfermeiros vieram logo atende-la e a encaminharam até a sala de sutura para dar os pontos e fazer o curativo. Enquanto Laura era atendida, fui até Letícia para conversar e esclarecer as coisas.
- Lê, desculpa a confusão e obrigado por nos trazer aqui.
- Quem é ela? - Letícia perguntou.
- Laura é a minha secretária do lar, mais do que isso, ela é minha amiga.
- Entendi. Mari, eu preciso passar no hotel antes de ir pra agencia. Tenho que resolver algumas coisas antes da sessão de fotos. Te vejo mais tarde na locação, qualquer coisa me liga.
- Tá bom, Lê. Mais uma vez, obrigada. Nos vemos lá.
Me despedindo de Letícia ponho-a num táxi e volto para a sala de espera do hospital. Alguns minutos se passam. De repente vejo Laura cruzar a porta da sala de atendimento vindo em minha direção.
- Oi! Como está se sentindo? - pergunto-
- Estou bem, eu acho. Só com um pouco de dor, mas vai passar. - ela responde-
- O médico passou algum remédio, certo? Vamos pra casa e no caminho compramos.
Entramos no carro e embora estivéssemos ali sozinhas, as palavras eram nulas entre nós. Mas nos raros momentos em que nossos olhares acabavam se encontrando era nítido a tensão que se formava entre nós. Era um misto de sentimentos que eu não sabia explicar e pelo visto ela também não. Eu estava surpresa com a volta dela, feliz por vê-la, mas com raiva dela ter ido embora daquele jeito e também preocupada com o corte.
A caminho de casa paro na farmácia e compro os remédios e insumos para cuidar do ferimento de Laura. Chegando em casa, Laura vai direto para o seu quarto e eu logo em seguida entro atrás dela. A gente precisava conversar, embora aquele dia tenha começado de uma forma não muito agradável, eu ainda precisava saber o que estava acontecendo. Mas antes...
- É hora do remédio!
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Laurina
Storie breviQue a gente não manda no coração isso é fato, mas como lidar com isso quando o seu passado resurge e o presente da pessoa não pode ser você? O que fazer quando o seu coração foi partido? Ou quando é tarde demais para se arrepender? Venha se se apaix...