Laura e eu convivíamos muito bem. Ajudei ela a conseguir entrar na faculdade de pedagogia, aprender a andar pela cidade, se vestir melhor. Dia após dia via Laura se transformar de uma simples menina do interior em uma linda mulher da cidade. Aos fins de semana na sua folga, Laura costumava me acompanhar nos trabalhos, era uma espécie de assistente pra mim, além disso ela poderia conhecer novas pessoas e fazer amizades.
Andar com aquelas modelos fez muito bem pra Laura. Ela aprendeu a se portar melhor, se vestir melhor e a cuidar do seu corpo, não era atoa que estava se tornando difícil conter os olhares do pessoal da equipe sobre ela. Eu como prometido, tentava não olha-la com outros olhos. Cada vez mais me dava conta de que o que eu sentia por Laura era um carinho e um cuidado muito grande, se bem que a essa altura Laura já sabia se cuidar muito bem sozinha.
Laura era muito atenciosa comigo, cuidava muito bem de mim e das minhas coisas. Era ótimo chegar em casa e ver tudo arrumado e pronto para eu desfrutar. Laura conhecia minhas manias e jeitos estranho, como a de espalhar velas aromatizadas pela casa, colocar uma música alta no rádio e dançar feito louca no meio da sala. Via como Laura olhava tudo aquilo achando graça enquanto arrumava a cozinha. Às vezes eu fazia ela dançar comigo, mesmo envergonhada e um tanto acanhada Laura cedia ao meu pedido. Nossa cumplicidade se tornava cada vez mais forte. E assim o tempo foi passando. Laura fazendo sua faculdade, eu com o meu trabalho indo de vento em polpa, tudo parecia correr bem.
Um certo dia depois de ter fechado um dos contratos mais importantes para o estúdio decido ir para casa mais cedo para comemorar do jeito que eu gostava, relaxando na banheira com uma boa taça de vinho. Chegando em casa percebi que Laura ainda estava na faculdade. Entrei e fui até o meu quarto para tomar um banho, como eu sempre fazia pus uma música, tirei minha roupa e entrei na banheira. Já sem roupa percebi que faltava alguma coisa, ah sim, a taça de vinho. Saí da banheira e nem me preocupei em me enrolar na toalha, afinal estava sozinha em casa e estava longe de Laura chegar então desci as escadas para ir até a cozinha. Distraída escolhendo o vinho e procurando o abridor de garrafas na ultima gaveta do armário da cozinha não me dei conta da chegada de Laura, e pelo visto nem ela esperava que eu estivesse em casa aquela hora.
- Dona Marina, meu Deus!!
Laura diz rapidamente cobrindo os olhos ao se deparar comigo completamente nua no meio da cozinha.
- Laura! Não sabia que você ia chegar mais cedo da faculdade.
Espantada pego o primeiro pano que vejo na frente para me cobrir. Estava acostumada a andar pelada pela casa mas acho que essa mania Laura ainda não conhecia.
Vou a área de serviço para pegar uma camiseta e uma toalha na corda para vestir. Pondo a camiseta e enrolando a toalha na cintura volto para a cozinha.
- Laura, já pode tirar as mão do rosto. Estou vestida agora.
Rio ao perceber que Laura se mantinha imóvel perto da porta de entrada ainda com as mão sobre os olhos.
- Sinto muito pelo ocorrido, realmente não achei que fosse chegar agora. Mas não foi nada demais, afinal, o que eu tenho você também tem.
Dou risadas indo até a porta em direção a Laura que rapidamente se dirige para o quarto. Tadinha, acho que ela nunca viu uma mulher nua antes.
Volto para a cozinha, pego o vinho, a taça e subo pro meu quarto. Enquanto subo as escadas grito para Laura:
- Estou indo tomar banho, já volto. E não se preocupe dessa vez eu volto vestida.
Dou risada da situação e continuo o caminho até meu quarto.
Após o meu banho relaxante volto para a cozinha e encontro Laura fazendo o jantar.
- O que está fazendo de bom pra gente hoje, Laura? -pergunto enquanto me sento junto ao balcão.
- Ah Dona Marina, estou fazendo a lasanha à bolonhesa que a senhora gosta.
- Oba! Eu amo quando você faz essa lasanha. E isso vem muito a calhar. Hoje fechei um ótimo contrato pro estúdio, vai ser ótimo comemorar comendo essa delícia.
- Que bom, Dona Marina. Meus Parabéns! - Laura me felicita
- Isso pede sabe o que, Laura?
Levanto-me do balcão, vou até o meu Home Theater e coloco uma música pra tocar. Começo a dançar e vou em direção a cozinha olhando para Laura que já me conhecendo diz:
- Não Dona Marina! Se eu sair daqui o molho da lasanha vai queimar.
- Deixa disso! Você sabe que eu gosto quando você dança comigo. Vem!
Tomo Laura pela mão e a levo para o meio da sala. A princípio Laura resiste mas logo cede e entra na onda.
-Vamos Laura, se solta! Eu sei que você gosta dessa música. Vamos comemorar!
Dançando tomo Laura em meus braços e a conduzo. Num ato involuntário levo minhas mãos em sua cintura e com a outra mão a giro como nos filmes de comédia romântica bem água com açúcar. Laura se desequilibra e eu rapidamente a seguro junto ao meu corpo. Nessa hora fico cara a cara com ela, nossos olhos se encontram e eu sinto que posso ver um universo inteiro em seu olhar. Naquele instante, nem eu e nem Laura éramos capazes de perceber mas havia algo ali no ar. Sua respiração descompassada me fazia questionar se ela estava assim pelo fato de ter quase caído ou se foi porque nossos lábios estavam tão próximos que a qualquer deslize poderíamos facilmente nos beijar.
Recompondo-se Laura me afasta com as mãos e corre em direção a cozinha e grita:
- As panelas no fogo!
Eu começo a rir do desespero dela enquanto Laura, visivelmente irritada porque as panelas queimaram começa a resmungar.
- Olha isso, eu vou levar horas para fazer outra lasanha. -diz ela jogando as panelas na pia.
- Hey! Não é culpa sua, estávamos nos divertindo aqui e quer sabe? Como hoje é um dia especial, o jantar é por minha conta. - digo indo até a cozinha e tirando o avental que Laura estava usando.
- A senhora vai cozinhar? - pergunta Laura com ar de surpresa.
- Não! Vou pedir uma pizza. -Digo dando risada e jogando o avental em cima do balcão voltando para dançar na sala.
- Você não vem?! - pergunto a Laura
- A senhora é doida! - Me diz ela sorrindo achando graça do meu jeito.
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Laurina
Short StoryQue a gente não manda no coração isso é fato, mas como lidar com isso quando o seu passado resurge e o presente da pessoa não pode ser você? O que fazer quando o seu coração foi partido? Ou quando é tarde demais para se arrepender? Venha se se apaix...