Mais um dia começa e com ele a minha velha rotina, bom, era isso que eu pensava...
Quando deixei Laura em seu quarto depois de apagar no meu colo sem ter completado o que ia dizer, eu não pude deixar de perceber que algo fora do comum estava acontecendo. Eu não conseguia mais vê-la do mesmo jeito, era estranho. Tudo que eu queria naquele momento não era apenas cuidar dela com carinho, eu estava desejando seu corpo e não era pouco. Eu tinha que sair dali antes que eu fizesse uma besteira.No dia seguinte agi como se nada tivesse acontecido e Laura também, mas ela agiu assim porque não lembrava o que tinha feito. Parece que o porre de vinho causou amnésia instantânea nela.
Bom, ela não lembrava de nada, mas eu lembrava de tudo. Eu não podia ignorar o fato do nosso quase beijo, muito menos que ela estava prestes a dizer.
- Quer mais alguma coisa, dona Marina? - Pergunta Laura.
Nesse momento passam mil e uma possíveis resposta para aquela pergunta. Tinha muita coisa que eu queria naquele momento, e eu não estou me referindo a mais uma xícara de café.
- Você seria ótimo! - Sussurro bem baixinho só pra eu ouvir.
- O que disse, dona Marina? - Laura me olha confusa.
- Está tudo ótimo! Foi o que eu disse. - Sorriu tentando disfarçar e me levanto para colocar as coisas na pia afim de ajudar Laura .
- Deixa que eu pego! - diz Laura
- Não, tudo bem! Eu quero ajudar. - Respondo.
- Vou te ajudar secando a louça. - Completo.
- Sabe que não precisa disso. A senhora vai acabar se atrasando pro trabalho. - Ela me diz tomando sutilmente o pano de prato das minhas mãos.
Naquele momento eu não tava conseguindo pensar em mais nada, nem no meu trabalho. Eu só queria fazer de Laura minha mulher.
- Tudo bem! É melhor eu ir trabalhar, alguém tem que pagar as contas, não é mesmo?! - Brinco saindo da cozinha em direção às escadas.
Após todo o ritual de banho, troca de roupa e caça aos meus óculos, saio para trabalhar. Seria um longo dia pela frente e tudo que eu queria naquele momento era que as horas passassem voando só pra eu voltar logo pra casa.
Já no meu trabalho cuido para que tudo esteja bem. Reuniões daqui, teste de câmeras dali, escolha de modelos para as campanhas... Meu dia estava cheio e minha cabeça também, mas não tanto que não tivesse um tempinho para o meu subconsciente me sabotar e me fazer perder a concentração me lembrando de como Laura me deixava louca. Toda vez que isso acontecia eu sentia um arrepio por toda a minha espinha e uma vontade louca de voltar no tempo e ter sua voz sussurrando e sua boca tão perto da minha.
Entre tarefas e devaneios meu dia vai chegando ao fim. Arrumo tudo rapidamente afim de poder voltar logo pra casa e descansar. Entro no carro, ponho o rádio numa boa estação e dirijo até em casa, hoje resolvi pegar o caminho que passa perto da praia e nossa, como eu amo passar pela praia a noite. Vidros abertos, uma música boa, vento no rosto e a sensação da maresia me deixavam muito relaxada, era o melhor jeito de se terminar um dia de trabalho.
Ao chegar em casa percebo que Laura ainda não chegou da faculdade, olho no celular e vejo uma mensagem dela dizendo que iria chegar mais tarde hoje. Diante de tal situação resolvo eu mesmo fazer o jantar. Eu não era tão boa na cozinha quanto ela, mas meu macarrão era de lamber os dedos. Enquanto faço o jantar acompanhada do meu bom vinho, como sempre, e das minhas músicas preferidas tocando no meu home theater vou cuidando para que tudo fique bom, ou pelo menos comível. (Risos).
Finalizando o jantar Laura chega da faculdade e se surpreende ao me ver na cozinha.
- A senhora, cozinhando?! - Diz ela não levando muita fé de que algo bom poderia sair dali.
- Ha ha sim, estou cozinhando e está muito bom por sinal, viu?! - Digo isso me aproximando com um pouco do molho do macarrão na ponta da colher para ela experimentar.
- Prova! Vai ver que não estou mentindo. - Completo.- Huuum! Não é que está bom mesmo?! - Ela diz com ar de surpresa.
- Eu falei que estava bom, agora pode se sentar que eu já vou servir o jantar. - Saio para pegar os pratos e talheres.
- Eu ajudo a senhora. - Ela diz.
Quando Laura chega perto do armário para pegar os pratos, eu sem perceber sua repentina chegada atrás de mim me viro com os talheres nas mãos que por sua vez caem todos no chão. Ficamos frente a frente. Seu corpo colado no meu era tudo que eu queria naquele momento. Laura então abaixa para pegar os talheres junto comigo, mais uma vez nossas mãos se entrelaçam. Laura me olha e já não mais com temor, é um olhar terno e de desejo. Ela quer o mesmo que eu, eu posso sentir.
Me contendo e finalmente pegando todos os talheres ponho a mesa para o jantar. Comemos, bebemos um pouco, ouvimos música e já na quarta taça de vinho Laura se levanta da mesa, vem em minha direção e mais uma vez me puxa pra dançar. Ela estava visivelmente alterada pela bebida mas eu queria ver até onde ela seria capaz de ir agora, já que na noite passada tinha deixado algo solto no ar. Ao fundo tocava uma música daquelas bem provocantes e eu acho que ela nem percebeu o que esse tipo de música poderia incitar.
Já que estou na chuva, vou me molhar! Puxei ela pra bem perto e comecei a dançar coladinha nela. Seu corpo no meu se movia na batida da música, eu a conduzia em uma dança completamente sensual e ela nem se quer resistiu. Minhas mãos passearam pelo seu corpo naquela dança e eu pude sentir de perto o seu cheiro. Ela estava de costas pra mim e o perfume marcante em sua nuca me fazia querer beija-la a todo custo. Ela então se vira de frente pra mim, me empurra pro sofá e então me diz:
- Lembra que eu ia te contar um segredo ontem, dona Marina?
Olho para Laura surpresa dela ter lembrado disso. A verdade é que aparentemente Laura não havia tido uma amnesia, ela só estava tentando tomar coragem para dizer o que sentia.
- O que você queria me dizer, Laura? - pergunto ansiosa pela resposta
- Acho que eu... -ela chega mais perto e se senta no meu colo- quero experimentar tudo aquilo que você disse sobre ficar com uma mulher.
Laura me olha fundo nos olhos e sussurra:
- Me beije, Marina!
Não preciso dizer que eu não pensei duas vezes para finalmente beija-la. E nossa, que beijo incrível! Seus lábios nos meus, um beijo quente e cheio de tesão. Sua língua invadia o céu da minha boca e eu a chupava delicadamente. Minhas mãos na sua cintura puxava ela pra mais perto eu queria mais, eu queria estar dentro dela. Eu tinha esperado muito tempo por isso e não poderia deixar essa oportunidade passar. Ela envolvia seus braços ao redor do meu pescoço e acariciava minha nuca enquanto me beija, foi então que eu a levantei do meu colo e puxando pela mão a levei para o seu quarto. Estávamos completamente cheias de tesão prontas para fazer aquele quarto incendiar.
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Laurina
Short StoryQue a gente não manda no coração isso é fato, mas como lidar com isso quando o seu passado resurge e o presente da pessoa não pode ser você? O que fazer quando o seu coração foi partido? Ou quando é tarde demais para se arrepender? Venha se se apaix...