Lá estava eu mais uma vez no mesmo lugar onde tudo começou, mas dessa vez era diferente, eu mal sabia o que sentir ou falar. Laura me olhava mas era incapaz de dizer alguma coisa também. Adentrei o quarto dela para entregar-lhe o remédio e um chá que havia preparado, essa parecia uma boa forma de se começar.
- Te trouxe um chá, e um remédio pra dor.
-Obrigada, Marina! Mas não precisava se incomodar.
- Laura, eu serei direta! Porque não me avisou que iria voltar? Ou melhor, porque você foi embora daquele jeito?
- Marina?
- E porque...
- Marina! Por favor, uma coisa de cada vez. Eu sei que eu fiz mal em ter ido embora daquele jeito sem avisar mas eu fiquei sem reação. Aconteceu tudo tão rápido, você sabe, eu tinha um noivo, ou melhor, eu tenho um noivo e uma vida em outra cidade, planos...
- Como acha que EU fiquei, Laura?! Depois de anos eu finalmente tinha me envolvido com alguém que realmente fez sentido pra mim. Tê-la em meus braços foi um momento único e de um sentimento que a tempos não sentia...
- Eu fiquei confusa, Marina. Como acha que foi pra mim?! Eu nunca tinha ficado com uma mulher antes e todo aquele sentimento repentino me fez ficar apavorada. Eu precisava dar um tempo, colocar a cabeça no lugar, por isso voltei para a casa dos meus pais.
- Se ao menos você tivesse me esperado chegar pra poder ir...
- Marina, do que adiantaria, hein?! Além do mais parece que você ficou muito bem sem mim por perto, não é?!
- É uma longa história, Laura. E, o que você queria que eu fizesse? Você foi embora sem mais nem menos, eu mal sabia se voltaria...
- Você está certa, Marina! Eu não deveria ter voltado mesmo.
- Não foi isso que eu quis dizer, Laura.
- Olha, acho que é melhor assim, Marina. Vi como você e aquela mulher estavam bem a vontade, e era nítido na sua cara o quanto estava feliz com ela.
- Realmente! "Aquela mulher" me fez muito feliz esse tempo todo que ficamos juntas. Alias, não é só de hoje que ela me faz bem. Caso não saiba, Letícia estudou comigo em Berlim, mais do que isso, foi o meu primeiro e grande amor de adolescência. Mas você...
- Eu o que, Marina?!
- Eu não sei explicar. Até pouco tempo atrás você era apenas minha secretária mas as coisas foram tomando outro rumo. Cheguei a pensar que era coisa da minha cabeça, daí aconteceu da gente ter aquela tarde e eu pensei: "Finalmente eu não estou louca, ela sente o mesmo por mim." Mas depois você fugiu pro interior e me deixou sem muitas explicações.
- Marina, você não entenderia...
-Eu fiquei pensando em você, até me culpei por você ter ido, mas depois de um tempo percebi que eu não deveria fica pensando em você. Foi então que segui minha vida e a Letícia apareceu, ou melhor, reapareceu e eu realmente achei que tinha conseguido tirar você da minha cabeça mas quando te vi parada no meio da cozinha, não sei, tudo ficou confuso e eu não consegui entender o que estava acontecendo.
- Eu não vou mentir, Marina. Senti o mesmo quando te vi, alias, até mesmo antes. Vindo pra cá eu pensei muito no que aconteceu entre nós, mas, não posso...
- Não pode?! O que você não pode, Laura?
- Marina, fico feliz que tenha reencontrado o seu "grande amor". Acho que foi melhor assim. Agora, me dê licença...
- Espera! Você vai aonde?! A gente não acabou... Laura?!
- Acabamos sim, Marina! Acho que tudo já foi esclarecido. Foi um erro termos ficado juntas e agora tudo se resolveu, você tem a Letícia, eu o Carlos. Tenho certeza que vai ser melhor assim. Até porque...
- Até porque o que?!
- (Silêncio total)
-Laura!
- Eu... Me caso no final do ano.
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Laurina
Short StoryQue a gente não manda no coração isso é fato, mas como lidar com isso quando o seu passado resurge e o presente da pessoa não pode ser você? O que fazer quando o seu coração foi partido? Ou quando é tarde demais para se arrepender? Venha se se apaix...