Depois de uma longa conversa vi que Laura era a candidata ideal. Sua história de vida me cativou muito até que chegou uma hora que já não conversávamos como futuras patroa e empregadas mas sim como amigas.
- Eu gostei muito do seu currículo e você me parece ser a pessoa que eu estava procurando. Fico feliz em dizer que a vaga é sua! - Disse eu à Laura me levantando da cadeira e lhe estendendo a mão para cumprimenta-la.
- Nossa dona Marina, eu nem sei o que dizer... - Laura me diz esboçando um lindo sorriso e não acreditando muito que tinha conseguido um emprego assim de cara.
- Diga que aceita e que começa já! Até porque eu tinha começado a arrumar a casa quando você chegou e tenho muito o que fazer, uma ajuda seria ótimo.- Digo em tom de brincadeira.
- Claro, dona Marina! Por onde eu começo?
Passamos a tarde toda arrumando a casa e conversando. Laura me contava de sua vida no interior e eu de minhas aventuras na cidade. Eu adorava o jeitinho que ela falava, além de ser linda e ter um belo corpo, Laura era meiga, gentil e atenciosa.
- Uffa, terminamos! Foi um ótimo trabalho em equipe. Não acha Laura?!
- Foi sim dona Marina.
- O que você acha de sairmos pra jantar? Aquela pizza não deu conta da minha fome, rsrs.
- Eu não sei dona Marina. Não seria um pouco descabido uma empregada sair com a patroa?
- Aaah, para com isso Laura. Você é a minha convidada essa noite, faço questão!
- Ain dona Marina. Estou tão sem graça.
- Deixa de bobagem, Laura! Vou te levar a um dos meus restaurantes favoritos. Considere como minhas "boas vindas" pra você. E eu não aceito não como resposta.
- Tudo bem dona Marina, eu vou com a senhora.
- Isso aí, é assim que eu gosto! Vou tomar um banho e me arrumar lá em cima. Você pode usar o banheiro aqui de baixo. Já sabe onde é o seu quarto e onde ficam as coisas, certo?! Então sinta-se a vontade.
- Obrigada dona Marina.
Depois de tomar o meu banho e me arrumar, desci as escadas e me deparei com Laura parada no meio da sala de pé. Ela estava com um lindo vestido azul como mini estampas que ia até um pouco acima dos joelhos e tinha um leve caimento rodado. Seus cabelos longos estavam soltos e quase não havia maquiagem em seu rosto, e nem precisava, Laura era linda ao natural.
- Nossa, você está muito bonita, Laura! Cuidado para não arrasar corações essa noite.
- Aaah dona Marina, assim a senhora me deixa muito sem graça.
- Que nada, pare de modéstia. Podemos ir?
- Sim, podemos.
Entramos no meu carro e fomos até o restaurante. Eu havia escolhido o Trattoria di Trevi Ristorante, era o melhor restaurante italiano da região, eles serviam as melhores massas e o Tiramisù deles era delicioso, um verdadeiro manjar dos deuses. Entramos e logo conseguimos uma mesa, o que era meio difícil já que era um dos restaurantes mais renomados da cidade. Eu olhava pra Laura e ela parecia um peixinho fora d'água, seus olhos percorriam todo o restaurante, ela parecia estar abismada com aquele lugar.
- Laura, tudo bem com você?
- Sim dona Marina. É que aqui é tudo tão lindo.
- Eu sabia que ia gostar. Vamos nos sentar?!
- Sim, obrigada.
Sentadas à mesa e os olhos de Laura ainda eram perdidos na beleza do restaurante. Em seu rosto havia um ar de surpresa e encantamento que acentuava ainda mais o seu jeito tão simples e encantador de ser. Fiquei admirando Laura enquanto ela, por sua vez, admirava o lugar.
- É tudo tão chique aqui, não é mesmo dona Marina?!
- É sim Laura.
- E deve ser caro também. Olha só esses cardápios.
- São menus, Laura. E quanto a ser caro, bom, não há preço que pague você apreciar uma bela comida. Não se preocupe, peça o que quiser.
- Mas dona Marina, eu nem sei o que são tudo isso. Não entendo o "menu" (risos)
- Tudo bem! Não se preocupe, se você quiser peço pra nós duas.
- Eu acho melhor dona Marina.
- Garçom?!
- Sim, madame?!
- Por favor, uma Salada Panzanella de entrada. Como prato pricipal vamos querer um Bucatini all'amatriciana com molho bechamel, guanciale e queijo pecorino. Para acompanhar uma garrafa de Barbera d'Alba tinto. E de sobremesa o clássico e delicioso Tiramisù.
- Certo! Mas alguma coisa, madame?
- Só isso, obrigada!
A essa altura Laura me olhava como se eu fosse de outro mundo. Seu olhar ingênuo dirigido a mim me deixava sem palavras, eu nunca havia estado com uma pessoa tão doce como Laura e aquilo me encantava. Ela era um diamante bruto que precisava ser lapidado. Pouco tempo depois o garçom chega com o vinho e nós começamos a degustar, a princípio Laura resistiu em provar mas depois da minha insistência ela provou e acabou adorando o vinho. Logo menos chegou as entradas e ela, a cada garfada, se maravilhava com o sabor das comidas, com o Bucatini all'amatriciana então nem se fala. Na hora da sobremesa mais uma surpresa, Laura gostou tanto que até quis pedir a receita ao chefe mas eu disse pra ela que eu poderia conseguir pela internet.
Na hora de irmos embora percebi que Laura tinha uma certa dificuldade em andar, bom duas taças de vinho foram o suficiente para Laura ficar levemente embriagada. Auxiliando ela a andar a pus no carro e fomos para casa. No caminho de volta passávamos por uma praia e assim que Laura avistou o mar me pediu para descermos e ir até lá. Como eu adorava caminhar a noite pela praia aceitei o pedido, parei o carro próximo a um quiosque e descemos. Laura parecia uma criança correndo para areia e tirando os sapatos, eu a olhava de longe achando graça de tudo aquilo. Tirei meus sapatos, sentei na areia e fiquei olhando Laura ir até a beira do mar para molhar os pés. Quando ela me viu sentada na areia se aproximou e sentou ao meu lado e disse:
- Eu nunca tinha visto o mar. Ele é tão grande e tão bonito, mas água é bem salgada.
- Não acredito que você provou a água do mar, Laura. (risos)
- (risos) Eu queria saber se era verdade mesmo, ué.
- Só você mesmo Laura.
- Dona Marina?
- Sim, Laura?!
- Obrigada por me levar ao restaurante e me deixar conhecer o mar.
- Não precisa agradecer Laura, foi um prazer.
Enquanto observávamos o mar percebi que Laura foi gradativamente inclinando a cabeça até recostar em meu ombro, achei aquilo estranho e quando fui ver Laura havia dormido sentada ao meu lado, eu achei aquilo tão fofo. Tirei o meu blazer, joguei em seus ombros e a chamei pra irmos pro carro, chegando no carro coloquei-a semi acordada no banco de trás e dirigi até em casa. Chegando lá não quis acorda-la, tirei ela do carro, peguei em meus braços e carreguei até o quarto dela. Ela dormia tão serena que só fiz a cobrir com um lençol, quando fiz isso ela despertou momentaneamente e me disse:
- Eu adorei a noite...
Terminando de cobri-la e me afastando até a porta para apagar a luz respondi, sorrindo e bem baixinho:
- Eu também!
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Laurina
Short StoryQue a gente não manda no coração isso é fato, mas como lidar com isso quando o seu passado resurge e o presente da pessoa não pode ser você? O que fazer quando o seu coração foi partido? Ou quando é tarde demais para se arrepender? Venha se se apaix...