Me bata, me prenda, faça tudo comigo

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Boa leitura!

17 — Me bata, me prenda, faça tudo comigo

Draco POV

Eu me sentia um idiota, olhando para Harry, enquanto ouvia ele falar, sentindo que poderia ficar daquela forma para o resto de minha vida.

Estávamos os dois na cama dele, dentro de seu trailer, conversando sobre milhares de coisas diferentes, sem qualquer motivo ou direção. Eram apenas assuntos aleatórios que vinham em nossa mente.

— Eu disse para papi que queria ter Hernando como minha persona no palco, depois de uma fase apaixonado por Hannah Montana. Disse que queria fazer a mesma coisa, ter um personagem completamente diferente e essencialmente igual a mim — Disse, me arrancando uma risada, vendo ele assentir — É, eu sei. Sirius disse nunca ter sentido tanto orgulho.

— Então...?

— Foi quando meu pai, James, começou a me ensinar como conduzir, e a arte de apresentar. Eu já sabia um pouquinho de tudo, porque foi onde cresci. Mas acho que... as minhas memórias mais doces são daquela época. Papi Sirius escolhia uma música, enquanto papi James me ajudava a treinar tecido acrobático. Remus sempre assistia os treinos e fazia refresco de uva para nós — Disse, os olhos perdidos em lembranças distantes, cheio de nostalgia. — Me fazia sentir incrível. De começo, eu fazia pequenas aparições junto com meu pai. Nessa época meu avô ainda era vivo, e coordenava os shows. Eu tinha sete anos.

— E quando se apresentou sozinho a primeira vez?

— Foi... alguns meses depois que meu avô faleceu. Nós... ficamos um pouco perdidos. Mi papito estava muito chateado com tudo o que estava acontecendo, por ter que assumir tanta coisa. Eu sei que tem Sirius e Remus, mas... é uma pressão maior sobre James, porque esse circo é algo que... é nosso. Está na família desde sempre. São milhares de Potters atrás de nós, marcando várias gerações.

— Não deve ter sido fácil para ele.

— Toda essa ansiedade o deixou nervoso, e no dia de um dos shows, ele passou muito mal e não conseguiu apresentar. Faltavam poucos minutos para começar a apresentação, e então meus pais começaram a discutir. Para saber quem iria comandar o show e fazer um número a mais para cobrir o de papito. Eu só... só queria mostrar para meu pai que eu poderia ajudar ele. Que também sou um Potter, e que... ia dar conta para que ele não tivesse que passar por aquilo sozinho.

— Você assumiu? — Perguntei surpreso, e ele assentiu.

— Eu já tinha treze anos. Peguei o microfone, e subi no palco. Eu tinha medo de estar ali sozinho, sempre fugia quando alguém falava sobre eu assumir um número só meu. Mas naquele dia, não senti medo. Sabia que meu pai ficaria orgulhoso. Consegui fazer toda a parte do meu pai nas apresentações dos shows, e fiz meu número na corda bamba sozinho. Depois disso eu nunca mais parei — Contou, com os olhos verdes cheios de uma nostalgia incrível, e eu sorri ao assentir, muito comovido.

Todas as vivencias de Harry pareciam ser intensas, e tão fortes.

Eu costumava pensar que viver uma vida com emoções, e não apenas cópias e fingimento era loucura. Algo que vemos nos filmes, mas não acontece de verdade com ninguém.

Mas conviver com Harry me fez ver que qualquer momento, do mais simples ao mais complexo, pode ser emocionante se você souber vivenciá-lo com paixão.

— El diablo, já está na hora de ir para sua casa! — As batidas pareciam socos na porta, e eu ri porque a voz era de Sirius, sem muita delicadeza ou paciência.

Eu sabia que nenhum dos pais de Harry estavam satisfeitos comigo ali com tanta frequência, mas Harry disse para ignorar e fingir que não entendia quando me ofendiam.

A Divina Comédia || DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora