Mas não me deixe ficar sem ela

5K 724 2.2K
                                    

rs

boa leitura!

18 — Mas não me deixe ficar sem ela

Draco POV

Eu me sentia muito agitado desde que saí da casa do meu pai naquela noite.

Enquanto dirigia, e pensava na forma como ele se esquivou da pergunta sobre amar ou não minha mãe, eu só conseguia pensar em como ele parecia se recusar a ver ela de todas as formas desde que se separaram.

Não conseguia me lembrar da última vez que estiveram no mesmo ambiente, ainda que nunca brigassem ou entrassem em conflito quando eram obrigados a tal.

É claro que acontecia, com uma frequência maior quando eu era adolescente. Meu pai tentava estar ali nos momentos importantes.

Uma das razões para ele ter comprado a casa na cidade, mesmo que odiasse estar ali, era para que pudesse me ver e eu sentir que tinha um espaço com ele mesmo quando estava longe. Não éramos dados de afeto ou nada sentimental, mas eu sempre soube que podia ir para ele quando precisasse.

Após me assumir para meus pais, eu passei meses esperando que ele se afastasse mais. Que ficasse diferente, ou surtasse comigo.

Nada disso aconteceu. Ele continuava reclamando do mesmo jeito, continuava brigando comigo pelas mesmas coisas. Não foi um marco. Mas ele ter aceitado, quando eu sempre tive certeza que não iria, me fez simplesmente decidir ir morar com ele por um tempo.

No último ano do ensino médio, me transferi de escola e fui morar com ele, com a perfeita desculpa que me ajudaria a preparar para a universidade se passasse tempo com ele e entendesse melhor sobre as empresas da família.

Era estranho pensar nisso tudo, porque me fez ver que eu sempre orbitava ao redor dele, que sempre quis estar mais próximo dele. Nunca consegui achar exatamente algo que nos trouxesse para a familiaridade de quando eu era garotinho.

Mas agora, depois daquele momento estranhamente reconfortante, eu me sentia agitado e satisfeito.

Eu e meu pai éramos dois ferrados, esse era nosso laço.

Isso me fez pensar demais.

Ele jamais se envolveu com qualquer pessoa, e parecia abominar a ideia de um jeito estranho.

Eu sempre soube que ele era sozinho.

Apenas se concentrou no trabalho, e há anos era tudo o que fazia. Subitamente, me senti com vontade de tentar me aproximar mais. Eu era a única família que ele tinha, e de alguma forma pela primeira vez eu percebi algo:

Era suficiente.

Para meu pai, eu era suficiente. Mesmo com toda a fase ruim, mesmo com todas as brigas e desentendimentos, e todas as coias que eu fazia que ele abominava.

Quando cheguei em casa, eu queria muito ver minha mãe.

Sabia que não deveria tomar partido de nenhum deles, mas perceber depois de tantos anos após o divórcio que ele nunca deixou de amar ela havia me deixado totalmente abalado, pois pouco entendia sobre os dois.

— Chegou tarde, Draco.

— Fui ver meu pai — Comentei, sentando no sofá ao lado dela, vendo-a erguer os olhos para mim — Ele está na cidade, e trouxe uns...

— De novo te empurrando essas papeladas? — O tom de voz era quase áspero.

— Eu gosto de ajudar ele com isso — Insisti, vendo ela mover os ombros em sinal de cansaço.

— Gosta de ajudar, ou está fazendo isso só porque é o que ele quer?

— Eu gosto de ajudar — Tornei a dizer, muito sincero.

A Divina Comédia || DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora