Cap. 9 - Problemas à tona?

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Cecília Lários

— Meu amor? Não esquece do que eu te falei, tá? — tento chamar a atenção de Gustavo para a realidade mais uma vez.

Ele acordou hoje tão aéreo, quase não diz uma frase sem se perder nas palavras, e está com a mente muito longe da realidade.

Sei que está pensando na empresa e no contrato que eles perderam.

Em assuntos do escritório eu prefiro não me meter, pois não entendo quase nada do mundo corporativo, mas eu queria poder fazer algo para ajudar. Detesto ver o Gustavo assim.

— Gustavo?! — o chamo mais uma vez, e enfim ele me encara.

— Ah, oi meu amor... o que foi? — ele me olha enquanto bebe um pouco de café.

Ele mal tocou na comida.

— Promete que vai tentar resolver as coisas com calma? Por favor!

— Eu vou tentar, meu amor — ele disse, mas eu não me convenci muito. Gustavo às vezes não consegue manter a calma sob pressão. — Já está na hora de você ir pra escola?

— Está, o motorista está me esperando lá embaixo já. A Dulce volta comigo para o jantar de hoje.

— Ah, ótimo! Ela está louca para conhecer a prima nova.

— É, ela não é a única — eu disse rindo, recolhendo minha bolsa e me levantando da cadeira — Tchau meu amor, amo você.

— Te amo — ele devolveu o selinho e o tentou abrir um sorriso, mas logo voltou a ficar sério.

Suspirei, caminhando até a porta e saindo do apartamento em direção ao elevador.

Hoje o dia vai ser longo.

[...]

— Boa noite, meus amores — sorri só de ouvir a voz de Gustavo preencher a sala, anunciando que havia chegado.

— PAPI! — Dulce correu para os braços dele, esmagando o papai mais babão do mundo. Eu ri, terminando de descer as escadas.

— Ah, que saudade de você, meu amor! — Gustavo encheu a Dulce de beijos, arrancando altas risadas da menina — É tão bom chegar em casa e ser recebido assim, depois de um dia tão longo, depois de um dia cheio de problemas naquele escritório.

— Então sobe, toma um banho e desce, daqui a pouco os convidados estão chegando — eu peguei a pasta de suas mãos, colocando no sofá.

— Se eu pudesse, até desistia desse jantar para ficar apenas com vocês duas — ele disse.

— Oh! Mas eu me arrumei todinha, eu quero conhecer minha prima nova.

— Seu pai está brincando, Dulce — eu expliquei rindo — Vai lá, meu amor, sobe e toma o seu banho.

— Uh, vou lá! — ele colocou a Dulce no chão, se aproximou para pegar a mala e me deu um selinho breve — Eu já volto, meus amores.

— Tá bem — devolvi com outro selinho e sorri, voltando minha atenção para Dulce enquanto ele subia as escadas — Vamos ver o que a Fran e o Silvestre arrumaram para o jantar hoje?

— Eu espero que a Fran não tenha feito aquela 'fajoada' dela, porque hoje não tem que ser algo mais legal — eu gargalhei alto assim que entendi o que a Dulce quis dizer.

— Você quer dizer feijoada?

Ela riu.

— É, isso — eu ri — Mamãe, você acha que essa Cassandra vai gostar de chegar na nossa família agora?

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