Anastasia
Eu olho para a minha irmã completamente apavorada.
Antonella sorri para mim através do espelho retrovisor com notável satisfação e eu sinto meu coração bater mais rápido no peito.
— Por que está fazendo isso? Antonella, por Deus. — eu grito e tento passar sobre o console para o banco dianteiro, mas ela rosna e me dá uma cotovelada no esterno.
Eu gemo e caio contra o banco traseiro novamente, meu peito queimando.
— Tenta colocar a mão em mim de novo que eu te mato aqui mesmo, Anastasia.
— Por que você está fazendo isso, caralho. O que eu te fiz, Antonella? — minha irmã revira os olhos e me fita através do retrovisor como se eu fosse idiota.
— O que você faz, Anastasia? Como tem a cara de pau de me fazer essa pergunta? Você nasceu, desgraçada e isso fodeu com a minha vida.
Eu rio sem humor.
— Isso é brincadeira, né? Não tem condições de você estar falando sério. — Antonella bufa.
— Eu nunca quis uma irmã, Anastasia. A vida era perfeita, tudo era meu mas aí você tinha que chegar e atrapalhar tudo.
— Você está louca. Sociopata, mentirosa e agora insana. Que baixo nível, Antonella.
Ela rosna e aperta o volante com força, parando o carro no acostamento antes de se virar para mim com um sorriso doentio e apontar um revólver destravado para a minha testa.
— Sabe o melhor disso tudo? Depois que eu te matar nunca mais vou precisar ouvir essa sua voz irritante de novo.
E eu apago com a coronhada que ela me dá na cabeça.
◕ ◕ ◕
Minha cabeça roda e sinto uma leve vertigem quando abro os olhos.
Uma dor absurda explode do lado direito do meu crânio e eu esfrego o lugar com uma careta, meus dedos vindo molhados e manchados de vermelho.
Pisco para acostumar meus olhos a pouca iluminação e levanto a cabeça, olhando pela janela do carro.
A única iluminação é proveniente dos postes da estrada e Antonella parece absorta em pensamento enquanto cantarola Dangerous Women da Ariana Grande.
Psicopata do caralho.
Esfrego meus olhos e tento guardar na memória qualquer ponto estratégico que possa me ajudar, mas a placa com Portland a 75 milhas me desespera novamente.
Nós já estamos a horas na estrada e eu não faço a mínima ideia de para onde exatamente essa filha da puta está me levando.
Me mexo com cuidado para não fazer barulho e o meu pé bate sem querer no homem que me arrastou até o carro e que agora está quieto ao meu lado.
O corpo dele balança e cai para a frente, uma perfuração de bala na testa.
Eu ofego auditivamente e Antonella percebe, enfiando a mão por trás do banco até alcançar o meu cabelo e puxar com força.
— Acordou, vadia. Já estava me sentindo solitária.
— Além de louca agora você também é assassina. Quanta classe, Antonella Steele. — rosna o enfio minhas unhas no braço dela, puxando para longe do seu aperto.
— Sua filha da puta do caralho, eu vou te matar. — ela grita, tateando por trás do banco.
Aperto o pulso dela com o meu polegar e indicador e ela berra de dor, jogando o volante para a esquerda da pista.
Arregalo meus olhos e empurro o cadáver até pressioná-lo contra a porta e me lanço sobre o console, dando um soco na bochecha da minha irmã quando ela tenta me empurrar para trás de novo.
Caio sentada no banco dianteiro e parto para cima dela com patas e socos.
Antonella grita e tenta se desvencilhar enquanto o carro patina pela pista.
Eu tento puxar o volante e estabilizar o carro, mas Antonella mantém a direção descontrolada, nos jogando totalmente na contra mão.
— Você vai nos matar, Antonella. — ela sorri para mim e dá de ombros, segurando o volante com força antes de jogar o carro de uma vez para a direita.
— Então nós duas vamos queimar no inferno juntas, Anastasia.
A última coisa que consigo registrar é o carro girando enquanto um barulho ensurdecedor de metal se contorcendo e vidro quebrando se destoa da tranquilidade da noite.
Nós giramos pelo que me parece uma eternidade até finalmente pararmos e o silêncio voltar novamente.
Olho em meio a névoa de poeira e confusão e vejo tudo de cabeça para baixo, o cadáver caído do lado de fora do carro e Antonella com o rosto ensanguentado à minha esquerda.
Tento afastar o meu cabelo do rosto, lutando contra a dor até do simples movimento e minhas mãos vem sujas de sangue fresco.
Respiro fundo e uso da minha pouca força para me arrastar para fora do carro, agarrando uma raíz de uma árvore próxima.
Cacos de vidro rasgam a minha pele e eu gemo enquanto tento me apoiar na árvore, mas minhas pernas cedem e eu caio sentada no chão.
Encosto minha cabeça no tronco e suspiro, espalmando a mão na minha barriga.
Limpo o sangue escorrendo do meu nariz com as costas da mão direita e fecho meus olhos.
Eu só preciso descansar um pouco.
Mas tudo fica escuro de repente.
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Lo Imperdonable
RomanceAlguns erros são esquecidos com o tempo, mas outros são imperdoáveis...