Capítulo 1

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Anastasia

Minhas lágrimas descem pelo meu rosto sem parar, meu coração pesado com a dor da perda.

Elliot, meu melhor amigo, meio que irmão mais velho e a pessoa mais próxima de mim.

Nós nos conhecemos quando eu ainda era adolescente. Elliot foi o escolhido do meu pai para ser meu tutor quando completei treze anos. Quando ele chegou eu tive uma queda por ele, mas de cara já percebi que ele não era pra mim.

A medida que eu fui crescendo nossa amizade foi crescendo também. Ele frequentava a minha casa sempre, passou a me considerar sua irmã mais nova. Eu sabia que ele vinha de uma família super rica, mas Elliot quase não falava deles. Só sabia que ele tinha dois irmãos porque escutei minha irmã conversando sobre ele com uma amiga.

Elliot rapidamente se tornou uma pessoa da família. Estava sempre presentes em jantares, aniversários e feriados, mas sempre sozinho. Até o dia que eu perguntei se ele não gostava de nenhuma mulher. Lembro dele confessar com lágrimas nos olhos de que era apaixonado pela minha irmã, mas ela parecia não notá-lo.

Depois dessa confissão nós nos tornamos ainda mais próximos. Eu podia ver a forma como ele olhava para Antonella sempre que ela passava, a tristeza nos seus olhos toda vez que ele estava me ensinando alguma coisa e ela chegava com algum cara que conheceu na faculdade. Eu me sentia mal por ele, mas não falava nada porque não adiantaria, Antonella nunca escutava  ninguém.

Com pena dele eu propus atividades que afastassem, pelo menos por um tempo a imagem da minha irmã da sua mente. Sempre estávamos jantando juntos, indo ao cinema, fazendo coisas de amigos.

A única que parecia não aprovar era Antonella.

Minha mãe sempre perguntava como ele estava, se nosso passeio tinha sido bom, mas minha irmã aproveitava cada ocasião para dizer o quão errado era eu estar saindo com um cara mais velho e coisa e tal. Depois que ela fez 25 - e eu 21 - ela ficou mais distante ainda. Não nos víamos mais à mesa durante as refeições e ela quase nunca estava em casa.

Elliot também se afastou, não só de mim como de toda a minha família. Toda vez que eu ligava ele dava a desculpa esfarrapada de que estava cansado demais ou com dor de cabeça. Eu preferia não forçar a barra, mas era óbvio que ele não estava legal.

Antonella também parecia com raiva do mundo. Ela mal olhava na minha cara e quando olhava parecia que queria me enforcar. Não me dirigia a palavra. Ela não se abria com  ninguém. Mamãe dizia ser coisa dela, mas era perceptível que, assim como  Elliot, ela não estava bem.

Até que a notícia chegou.

Eram quatro da manhã quando o telefone do meu pai tocou. Era o pai de Elliot contando que ele tinha se matado.

Eu nunca perguntei como ele tinha conseguido entrar em contato conosco sendo que Elliot quase nunca falava deles, mas isso, sinceramente, era o de menos.

O meu melhor amigo estava morto.

O meu melhor amigo está dentro do caixão que tem pás e mais pás se terra jogadas sobre ele.

Grace, a mãe de Elliot, chora sem parar nos braços do marido. Nós fomos formalmente apresentados durante o velório e ela estava feliz por conhecer a garota que o filho tinha como irmã.

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