Alguns dias se passaram, e como todo começo da vida de um casal, morar com Arthur estava sendo só flores.
Descia morro a baixo todas as manhãs bem cedinho para trabalhar, sim, eu já estava empregada novamente, estava trabalhando numa lavanderia, e todos os dias dava de cara com os meus antigos colegas de trabalho, inclusive Léo, uma vez que a lavanderia era em cima do restaurante.
Lá estava eu caminhando em direção ao restaurante e desviando o caminho para subir uma extensa escada ao lado.
- Bom dia. -falei sem encarar o homem parado na porta.
- Oi, Di. -a voz conhecida falou me fazendo parar.
- A oi Léo, não vi que era você. Como vai? -sorri fraco.
- Indo... -respondeu.
Apenas assenti com a cabeça e fui trabalhar.
Na lavanderia, além de tirar as roupas da máquina, eu as passava e as vezes quando Luana faltava, entregava aos donos.
*****
Como eu trabalhava só até o meio do dia, logo chegou a minha hora de ir pra casa.
-Tchau, Mônica. -falei fazendo um afago no ombro da mulher.
- Tchau,querida. -respondeu ela sorrindo como sempre .
Mônica é quem me ensinou tudo sobre o novo emprego, dispensa seriamente o "senhora " antes de seu nome e é definitivamente um amor.
Antes mesmo de atravessar a rua, meu celular tocou. Era Rute.
- Lembrou que tem irmã? -brinquei.
- Palhaça, eu nunca esqueci disso. Mas o assunto é sério. -ela terminou a frase praticamente sussurrando.
- Fala logo. -suspirei imaginando ter mais algum problema, atravessei a rua e sentei num banquinho da praça como de costume.
- Escuta bem, eu não deveria te ligar. Mas é que nós estamos aqui no Rio...
- VOCÊS O QUE?!
- Cala boca, deixa eu falar, não tenho tanto tempo... Então, mamãe resolveu fazer uma surpresa pra você, e por isso não te contou nada. Imaginando que você não gostaria tanto, liguei pra te falar. -pareceu terminar, mas eu estava chocada demais para me manifestar. Como assim meus pais vieram parar no Rio?, sem ao menos falar comigo, logo agora que minha vida está levemente de cabeça para baixo.
- Já pode rir da minha cara e falar que caí na tua piada. -não queria acreditar.
- Eu tô falando sério, ela vai te procurar, finge que não sabe de nada por favorzinho. -implorou.
- Ok. Vocês estão no Rio. -repeti pra mim mesmo acreditar.
- Sim, Ester. Deixa de ser lerda! -irritou-se.
- E a Mari?! -lembrei de sua namorada.
- Não quero falar disso. JÁ TÔ INDO! -gritou. -Tenho que desligar, minha mãe ta me chamando. -completou.
- Tá, Obrigada por me preparar antes para A grande surpresa. -ri fraco e a ligação foi encerrada.
Dona Maria e toda sua tropa controlada, estava na minha não mais nova cidade, ai que saudade daquela barba espetada do Seu Onofre, dos cabelos bagunçado -por mim- do meu pirralho idiota, da autoritária, mas não menos carinhosa dona Maria, até mesmo da vida complicada de Rute, no fundo eu os queria por perto sim, mas isso tudo me pegou de surpresa.
- Bom, vamos lá. -falei comigo mesma. -Quando eu penso que tá tudo certo, me vem uma dessa.
Dizia isso porque com certeza na primeira visita de mamãe à minha casa, irá torcer o nariz, como sempre faz quando não gosta de algo, e tentar emplacar minha vida com Arthur...
Fui caminhando pra casa, com pensamento longe, ansiosa por ver minha família e saber o que aconteceria depois disso.
Lutando contra o cansaço, cheguei ao topo do morro.
- Tão cedo em casa, vizinha! -a irritante Tetê gritou ao me vê abrindo o portão.
- Pois é... -desdenhei tentando não me irritar.
- Isso que é vida boa. -comentou se aproximando mais da janela para me alfinetar. -Quase não trabalha , né? Moleza!
- Moleza é a tua vida, que vive as custas do marido, e com o rabo grudado no sofá, assistindo esses programas fúteis de moda. -tentei me controlar, mas...
- Eita! Não tem educação não, garota? -indagou.
- Até tenho, mas não quero usar contigo. -falei e subi a escada, ficar batendo boca com aquela lá não era algo proveitoso.
Arthur não estava mais em casa, como sempre, eu precisava arrumar a mesma , morar com homem não dá muito certo, eles fazem tudo errado! Deixam tudo fora do lugar, e mais tudo aquilo que vocês já ouviram a vossa mãe reclamar dos maridos.
***
Quando Já era a noite, eu terminei de arrumar aquela bagunça, fiz lasanha para o jantar e estava de banho tomado, cheirosa esperando por ele. -nossa essa frase soou tão... sei lá, não é a minha cara. - perdidas nos pensamentos ouvi a porta sendo aberta.
- Oi,amor. -falou Arthur.
- Olá. -sorri.
Ele mudou toda sua rotina de trabalho depois que fui morar com ele, geralmente trabalhava até muito tarde da noite, mas agora voltava às nove ou dez horas.
- Como foi no trabalho? -perguntou.
- Normal, nada novo. Cansado? -peguntei.
- Pra trabalhar sim. -sorriu com seu velho companheiro Sorriso Malicioso.
- Bobo. -bati leve e seu ombro, logo ele me beijou.
- Não sabe o que eu descobri! Minha família está aqui no Rio. -contei a novidade.
- Jura? Sua mãe te procurou?
- Ainda não, disse a minha irmã, que ela quer fazer uma "surpresa" . -fiz aspas com os dedos.
- Conhecer o sogro é meio complicado. -ele coçou cabeça .
- Nesse caso, a sogra é bem pior. -falei rindo.
- O que é que eu fui arrumar? -ele gargalhou e me abraçou. - Mas ter você compensa.
Sorri, ultimamente mesmo com tanta preocupação, eu tenho sorrido muito, sorrido para os vizinhos -com exceção dona Tetê - gargalhando com Arthur, sorrindo pra vida...
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Amor Fora Da Lei [Completo]
RomanceQuem diria que o simples desejo de liberdade mudaria radicalmente a vida da complicada Ester? De uma família tradicional, criada à base de princípios religiosos, toda sua vida controlada e regrada pela mãe... Cansada disso tudo, a moça despenca do...