Capítulo 19

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A hora do almoço estava perto de chegar, era sábado e o dia de apresentar Arthur à minha família.

   Estava tudo pronto, Arthur havia pedido para seus colegas de trabalho para que levasse todos de moto até em casa.

- Tudo pronto? -ele me perguntou, parecia mais nervoso que eu, me senti com quinze anos pronta pra viver um amor proibido pelos meus pais.

- Tudo Ok. -sorri.

- Ótimo.

   Arthur havia se vestido com a roupa mais formal  que ele tinha, formal apenas em vista das que ele costumava usar.

   Ouvi seu celular tocar, e logo me trouxe o recado.

- Chegaram.

 

   Desci a escada correndo e abri o portão rapidamente.

- Olá! -sorri.

- Oi minha filha. -meu pai falou.

- Venham, é por aqui. -apontei a escada e mamãe olhou para casa de Tetê sorrindo.

   Assim que chegamos na porta de entrada, ela torceu o nariz e levantou o olhar para o meu pai que apenas tocou seu ombro e assentiu em compreensão.

- Fiquem à vontade. -falei fechando a porta.

   João e Rute estavam totalmente calados, o pirralho foi  até a pequena sacada.

- Esse aqui é o Arthur, e esses são os meus pais. -os apresentei.

-Tudo bem, rapaz? -meu pai estendeu a mão.

- Jóia e o senhor?

- No céu. -meu pai respondeu rindo deixando Arthur sem graça.

   Minha mãe apenas sorriu em cumprimento e todos se acomodaram na sala.

- Então, Arthur, com o que você trabalha? -meu pai começou aquela entrevista chata de sogro rabugento.

- Moto táxi. -respondeu ele sério. 

- Hum. -não gostou muito e Arthur percebeu.

- Com licença. -pediu.

   Estava constrangedor aquela situação, eu imaginei que eles não gostariam tanto, mas nunca que ficaria esse silêncio insuportável e aquele climão.

- Minha filha, o que você  foi arrumar pra sua  vida, saiu de Goias pra morar aqui, nessa favela, nesse barraco.

- Mãe, por favor. Qual o problema?  Eu disse que me viraria, e agora você não pode mais interferir nas minhas decisões.

- Mas olha pra esse lugar!  Não era melhor na nossa casa? 

- Luxo nunca foi minha prioridade, a senhora me ensinou isso, lembra?

- Sim, mas... Ester!  Você me entende.

- Não, não entendo.

   Essa conversa aconteceu quando minha mãe saiu subitamente da sala, me chamando discretamente, estávamos em meu quarto.

   Ela respirou fundo e me olhou.

- Tudo bem, sua vida, suas decisões. -disse.

- Isso. Se não for abuso, só queria te  pedir uma coisinha, para tratar melhor o meu namorado. -pedi.

- Ok. -ela resmungou e saiu.

- Ufa! -suspirei revirando os olhos.

   Nos sentamos à  pequena mesa, mamãe já estava mais socializada com todo mundo, mais falante, João se deu super bem com Arthur, assunto principal: Futebol.

   Comemos em perfeita harmonia, o que me aliviou e depois de uma conversa descontraída, seu Onofre parecia se dar melhor com Arthur.

***

   Deixei todos na sala enquanto lavava a pouca louça do almoço.

   Rute apareceu na cozinha.

- Vocês são tipo A dama e o vagabundo, curti. -ela falou rindo apertando a minha barriga.

- Deixa de ser boba. -eu gargalhei por causa das cócegas. -Mas mamãe não curtiu muito. -falei.

- É o que parece, mas o que importa?  Você parece feliz. -ela sorriu.

  Parei um pouco pra pensar e não sabia exatamente se estava feliz, mas resolvi não preocupar.

- É, mas e você?  Como foi com Mariana?

- Não quero falar so...

- Por favor, Rute. -a interrompi. -Me conta.

- A gente terminou à um tempo.

- Tipo quanto?

- Semanas. Eu fiquei com um garoto.

- Jura?!  E por que?

- Sei lá, ele era legal, e rolou.

- Gostou?

- É... Acho que sim.

- Entendi.

- Mas deixa isso quieto, Mariana é alguém que eu tenho que esquecer, e no Rio tô a fim de reiniciar, começar uma vida nova.

- Aqui é um lugar bom pra isso. -falei rindo ao lembrar da reviravolta que deu a minha vida.

- É, eu percebo. -ela riu de mim por está lavando louças sem reclamar.

   Foi um dia bom, matei a saudade que estava de todos, apesar de tudo, foi um dia bom.

   Mas quando todos foram embora, respiramos aliviados.

- Enfim deu tudo certo. -Arthur riu me abraçando.

Amor Fora Da Lei [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora