No momento em que o celular de Vinícius despertou, Mariana acordou, mas não se levantou. Estava com sono, ainda era muito cedo, 03:45h da manhã. Ficou deitada meio sonolenta. Ouviu todo o movimento de Vinícius, no banheiro ao escovar os dentes, ao vestir-se e ao abrir e fechar a porta. Pronto! Poderia dormir tranquila por mais algumas horas... não sabia se conseguiria, pois, sua ansiedade estava grande. Não iria trabalhar naquele dia, afinal, estava de férias! Mas precisava se organizar.
Ela não conseguiu dormir profundamente, apenas cochilou. A ansiedade não a deixou se entregar ao sono profundo. Às 05:00 decidiu se levantar, tomou um banho, escovou os dentes e não conseguiu comer nada. Era um misto de medo e euforia por estar colocando em prática seu plano.
Começou seu trabalho de fazer as malas. Decidiu que uma mala de tamanho médio seria o suficiente. O barulho do elevador estava deixando-a apreensiva e corria para esconder a mala ao menor sinal de que pudesse ser ele a voltar, entrar por aquela porta e vê-la fazendo as malas. Mas felizmente o tempo passou e ela foi conseguindo se tranquilizar.
Fez escolhas básicas do que levar, tinha noção de que não poderia levar muita coisa, quanto menos, melhor... Precisava ser prática e assim o fez. Priorizou roupas práticas que poderiam ajudá-la numa fuga, como shorts, calças jeans e leggings, blusas leves e dois casacos, já que seu destino era o Sul do país, onde a temperatura é relativamente mais fria que em Goiânia. Sua decisão pelo Sul como rota de fuga reduziria a possibilidade de encontrar Vinícius em algum ponto.
Entre calçados, optou por tênis e sandálias rasteiras. Não se esqueceu dos itens de higiene pessoal e maquiagem básica, apenas um protetor solar com tonalidade e um batom.
Seguiu colocando na mala seus documentos pessoais. Todos que pudesse precisar. Pegou até seu passaporte. "Nunca se sabe quando vai precisar de um passaporte em uma fuga", pensou ela. Melhor estar preparada. Embalou os demais documentos em uma caixa para enviar por correio à casa de sua mãe. Ela não morava longe dali, mas se fosse levar pessoalmente, a mãe iria perguntar o porquê daquilo. Não queria ter que explicar. Fugiria sem avisar. Quando estivesse longe e em segurança, ligaria e explicaria.
Ao concluir a mala, escondeu-a na parte de cima do armário do quarto de hóspedes, onde Vinícius raramente mexia. Isso para o caso dele voltar por alguma razão. Era bobagem, ela sabia! Pela hora que ele saiu, já deveria estar longe de Goiânia. Mas seu coração estava acelerado com aquela ideia. Achou melhor não ignorar isto.
Por volta de 08:30 h estava com tudo pronto. Agora seguiria os demais passos do plano: iria abastecer o carro, trocar o óleo e calibrar pneus. Depois passaria nos Correios e postaria a caixa com documentos endereçada à mãe. Vestiu leggings e calçou tênis para sair e concluir as outras tarefas que tinha, quando finalmente pegou seu celular, que desde a hora em que havia se levantado não pegava. Entrou em pânico! Notou que havia 8 chamadas de Vinícius não atendidas! Havia esquecido o aparelho no silencioso. No exato instante em que habilitou o toque do celular entrou uma nova chamada de Vinícius. Apreensiva, sem saber o que fazer, demorou para atender. Quando o fez, ouviu Vinícius vociferar do outro lado da linha:
—O que diabos você está fazendo que não atende a porra desse celular?!!!
—Eu ... esqueci o telefone no silencioso. Não ouvi tocar. E o aparelho estava dentro da bolsa. – ela segurava para não demonstrar em sua voz o pânico e a insegurança de quem não estava falando a verdade.
—Quantas vezes eu te falei para andar com esse telefone na mão?!!! Você parece criança! Do jeito que você é, tem que amarrar o telefone no pescoço!
—Desculpe, foi um descuido! – tremia por dentro e tentava falar compassadamente para a voz não sair tremida e se denunciar.
—Chega! Onde você está?
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Reconstruindo o Destino [Degustação: DISPONÍVEL NA AMAZON]
RomanceMariana vivia um relacionamento abusivo, mas decide se libertar das amarras desse relacionamento. Em sua fuga, o destino lhe apresenta um policial federal que pode lhe ajudar a se libertar. Miguel, agente da Polícia Federal há 10 anos, de beleza e c...