Capítulo 15

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Vinícius estava extremamente irritado. Encostado atrás de uma árvore na calçada do lado de fora do terreno que pertencia à igreja e ao auditório, esperava a saída de Mariana e Miguel. Estava bem na esquina, o que lhe dava uma boa visão do estacionamento interno. Seu carro estava estacionado do lado de fora, na rua. Sorte de ele ter encontrado vaga para estacionar logo ali. Pura sorte mesmo, porque jamais imaginava que fosse entrar naquele ambiente quando chegou no exato momento em que a vaga era desocupada.

Ele havia decidido ficar ali e espreitar. Quem sabe não dava sorte e conseguiria pegar a vagabunda distraída. Uma coisa era certa, se não a pegasse ali, pegaria em outro dia, em outro lugar. Agora que tinha encontrado a desgraçada, seria fácil segui-la, isso sem falar no app espião do celular que mais cedo ou mais tarde o levaria até ela. Era só ter paciência e esperar a maldita deixar o celular ligado. Poderia até ir embora agora mesmo, mas estava com aquele sujeito atravessado em sua goela. "Sujeitinho petulante e intrometido. Quem ele pensava que era? Só cresceu para cima de mim por estar acompanhado e armado. Queria ver ele sozinho! Na certa não teria aquela coragem toda. Só porque era mais alto, achava que podia falar grosso! Ele iria pagar por isso!"

Enquanto Vinícius remoía seu ódio, viu Miguel levando Mariana para o carro. "Carrão", observou Vinícius com nítida inveja. "Aposto que é desses playboyzinhos filhinhos de papai! Babaca!" pensava com desdém. De longe, viu que os amigos de Miguel haviam se dispersado. Cada um para um lado. Decidiu seguir Miguel. Quando estivesse sozinho, na hora certa pegaria aquele sujeito. Entrou no Honda de Mariana e postou-se atrás do volante à espera da saída de Miguel.

—*—

Miguel conduziu Mariana até seu carro, uma Range Rover Evoque preta com teto branco. Miguel, como bom cavalheiro e protetor, abriu a porta e ajudou Mariana a subir no carro e a pôr o cinto. Mariana estava incomodada com aquilo. Não queria que Miguel a levasse à casa de Paula, onde estava escondida. Não queria que ninguém soubesse onde estava. Mas Miguel estava decidido a deixá-la em segurança. Tinha sido tão bom com ela, ajudando-a a se livrar de Vinícius. Então, por ora, precisava dar-lhe um voto de confiança, já que se mostrara tão empenhado em protegê-la.

Após acomodar Mariana no banco de passageiro, deu a volta no carro, mas não sem antes observar Paulo, há uma distância de segurança, pronto para qualquer coisa. Em seguida viu Elias indo em direção à árvore onde Vinicius, sem percebê-lo, permanecia. Ligou o carro e perguntou-lhe a direção a seguir.

—Não precisa me deixar em casa. Pode me deixar em qualquer rua. Já gastei muito do seu tempo e fico agradecida pela ajuda.

—De jeito nenhum! Aquele sujeito ainda está por perto. Não posso deixar você na rua. Vou deixá-la num local onde possa ficar segura. A propósito, você não deveria voltar para casa. Se esse sujeito sabe onde você mora, lá não é seguro.

—Estou hospedada na casa de uma amiga. Ele não sabe onde é.

—Mas ele chegou até você aqui! Não quer me explicar como você se colocou nesta situação?

Ela ficou calada pensando o que diria a ele. Não queria dar detalhes da sua vida para um desconhecido.

—Ok. Se não quer dizer, vou respeitar.

—Obrigada! Ainda não estou pronta para falar.

—Entendo! Mas uma hora você terá que falar. Se não para mim, para outra pessoa. Não vai conseguir viver fugindo.

Isso era uma grande verdade! Analisando o que sucedera, ela agora estava numa situação mais difícil que antes. Vinícius havia chegado até ela no meio de seu plano de fuga e poderia até não saber exatamente onde ela estava agora, mas já sabia que era nas redondezas. Ela tinha que dar um jeito de sair da cidade o quanto antes.

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