Reconstruindo o Destino [Degustação: DISPONÍVEL NA AMAZON]

Capítulo 4

Concluída a arrumação do escritório, Miguel preparou seu almoço, como era seu costume nos dias de folga. Afinal, durante a jornada de trabalho mal dava tempo de engolir um lanche. No máximo dava pra almoçar com os colegas em restaurantes das redondezas.

Após a refeição, recolheu a louça na máquina. A Divina não viria naquele dia, então precisaria deixar a casa habitável. Tentou ser rápido, porque depois do almoço pretendia matar saudades de sua irmã Érica, visitando-a em seu consultório, aproveitando para ter notícias da princesinha Alice, de 9 meses de idade, o "xodozinho" da família. Se tivesse sorte, poderia encontrar a sobrinha no consultório mesmo, pois às vezes Érica levava a filha e a babá para o trabalho para ficar pertinho da cria.

Como planejado, finalizou a arrumação da cozinha, tomou um banho, vestiu jeans e camiseta preta, pegou seus óculos escuros e rumou para a visita tão aguardada. Miguel passou a tarde com Érica e, para sua felicidade, Alice estava lá com a babá. Ele adorava a sobrinha. Ela era encantadora! ​E estava numa fase em que possuía um certo grau de energia, além de estar mais atenta e curiosa, gostava de brincar com o tio com seus brinquedinhos musicais e se derretia em gostosas gargalhadas quando Miguel imitava o som dos animais.

Miguel sempre gostou de crianças. Mas quando a Alice nasceu, aquele pedacinho de gente o deixou especialmente encantado. Seu nascimento mexeu com ele. Ela o fez enxergar a necessidade de se aquietar e constituir família. Vibrara com o nascimento dos gêmeos Daniel e Rafael, filhos de seu irmão Maurício com Adriana, há 6 anos. Mas com Alice foi diferente. Talvez porque quando os gêmeos nasceram, ele estivesse em outra fase da vida, com 28 anos, ainda vivia uma fase mais namorador. Agora ele estava com 34 anos, mais maduro e com outra visão de mundo.

Na verdade, desde que Érica se casou com Renato, há 3 anos, ele começou a repensar sua vida. Sua irmãzinha caçula, não precisaria mais dele para cuidar dela, Renato assumiria aquela função. O anúncio da gravidez de Érica mexeu um pouco mais com ele. E quando viu o rostinho de Alice a primeira vez, pronto! Girou a chave de vez! Ele então começou a sentir falta de alguém mais significativo em sua vida. Entretanto, tinha que ser alguém especial e até aquele momento esse alguém não havia aparecido.

Miguel ficou com Érica e Alice até o fim do expediente da irmã. Ajudou-a fechar o consultório e a colocar Alice, já adormecida, no bebê-conforto, no carro. Ao se despedirem, Érica disse ao irmão o quanto havia gostado de sua visita e pediu a ele que fizesse isso mais vezes, no que Miguel se justificou:

—Os últimos dias foram puxados pra mim.

—Papai e mamãe sentiram sua falta no último fim de semana, mas entenderam que você não foi visitá-los na fazenda por causa do trabalho. Você vai no próximo fim de semana?

—Sim, irei. Também estou com saudades deles.

—Ótimo! Vamos combinar! Quem sabe Maurício também poderá ir e assim reuniremos toda a família?! Vai ser gostoso. – Érica finalizou enquanto entrava no carro e colocava o cinto de segurança.

Concordou, deu um beijo de despedida na irmã e seguiu para casa. Hora de descansar, amanhã começaria cedo no trabalho. Foi um bom dia!

—*—

Naquela tarde, após o término do expediente de Mariana, Vinícius a esperava na porta do trabalho. Ao entrar no carro, ela exibia um semblante mais leve, um ligeiro sorriso, um ar de felicidade, o que não passou despercebido por Vinícius que, num misto de curiosidade e autoritarismo, quis saber o motivo. Mariana disse apenas que teve um bom dia de trabalho. Em seguida, recostou-se no banco de passageiro e fechou os olhos. Era uma maneira que havia encontrado para diminuir o papo entre eles. Não queria conversar muito e correr o risco de se entregar. Não podia em hipótese nenhuma pôr seus planos a perder. Seguiram o caminho de casa como o mesmo problema da manhã. Trânsito pesado, horário de pico, obras da prefeitura, engarrafamentos.

—*—