Reconstruindo o Destino [Degustação: DISPONÍVEL NA AMAZON]

Capítulo 24

Miguel havia saído da casa de Mariana cabisbaixo. Voltou para o trabalho e tivera dificuldades de se concentrar com algumas dúvidas em mente. 

"E aquela mala? Aquele clima diferente na casa..." 

Por volta de 17:30h resolveu ligar para ela e convidá-la para uma corrida no parque. 

"Assim quem sabe, num ambiente mais descontraído, conseguisse arrancar algo dela."

—*—

Mariana fazia uma última conferência na casa quando o telefone fixo tocou. Deve ser Miguel, pensou ela. 

Avaliou que seria mais acertado não atender, pois poderia ter dificuldades de sair dele. O telefone tocou uma, duas, três vezes... na quinta vez decidiu que não atender seria pior, pois ele poderia ir lá sem avisar e, se chegasse na hora dela sair, poderia impedi-la ou até atrasá-la. 

Tirou o fone do gancho e tentou se preparar psicologicamente para aquela ligação: 

— Alô!

—Alôooo! É da casa da Bela Adormecida? – riu ele do outro lado da linha. 

Ela sorriu também.

—Não sei. Talvez da Gata Borralheira!

—Então nesse caso ofereço minha abóbora preta com teto branco para ser usada como carruagem para Cinderela ir ao baile. – ela não resistiu e deu uma gargalhada. —É sério, abóbora chegando aí às 18:15h e o baile será no parque e eu até te deixo usar seu vestido de baile com estampa de caveira.

—Bobo! Não vai esquecer aquela blusa nunca mais, né?! – ela ria divertida.

—Não mesmo! Você tinha que ter te visto se estabacando no chão vestida nela. É inesquecível! – ele não perdia a oportunidade de fazer graça. —Mas agora é sério, chegarei aí as 18:15h.

Mariana tentava desesperadamente arrumar uma desculpa para não ir, pois levando-se em conta os dois dias anteriores em que foram correr no parque, ela imaginava que aquela corrida, acabaria em um jantar no apartamento de Paula.

—Ah, não vai dar. Não estou me sentindo bem.

—Sério? O que está sentindo? – disse ele preocupado. e antes que ela respondesse, prosseguiu: —Então, já chego aí e te levo ao médico! 

—Não!!! – disse ela tentando falar num tom que não demonstrasse seu desespero. —Não precisa, estou bem.

—Ué, está se sentindo mal e está bem? Não entendi. – Miguel era rápido e a cercava com suas próprias palavras.

—Quero dizer que não estou me sentindo bem, mas não é grave a ponto de precisar ir ao médico. Apenas ... – tentou pensar em algo que pudesse justificar sua mentira. — ... apenas coisas de mulher...

—Coisas de mulher, é? – ele tentava arrancar alguma coisa dela.

Sem alternativa, Mariana se viu obrigada a ser mais clara.

—Ah, Miguel! Estou com cólicas. Pronto! Estou sem força e sem ânimo para atividade física. Quero apenas tomar um banho, deitar e ficar quietinha.

—Ok. Então vou aí pra te fazer companhia. Te levo o jantar e te faço um chá de gengibre com camomila.

—Não precisa!!! – quase gritou.

—É sério Mariana. Esse chá é tiro e queda! Gengibre como anti-inflamatório diminui as dores e a camomila acalma e ajuda a relaxar. Minha mãe fazia esse chá para minha irmã quando ela sentia cólicas e, sempre funcionava.