15.

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Camila

Lauren já está praticamente vestida quando eu acordo.

Está de pé perto das janelas – ela as fechou, embora já esteja quente demais aqui – e está dando o nó na gravata, olhando para seu reflexo.

Ela tem o cabelo comprido. Quando joga futebol, o cabelo cai em seus olhos e suas bochechas. Mas ela o alisa para trás depois do banho, então sempre se parece com uma gângster pela manhã – ou com uma vampira de filme preto e branco, com aquele bico de viúva que ela tem.

Eu já me perguntei se Lauren consegue disfarçar o fato de ser uma vampira por parecer tanto com uma. Tipo, seria demais dar uma intimada nela por isso – algo como um soco no nariz, muito direto. (Lauren tem um nariz estreito e longo. Do tipo que começa muito no alto da cabeça da pessoa e praticamente se intromete nas sobrancelhas. Às vezes, quando estou olhando para ela, tenho vontade de estender a mão e puxá-lo para baixo uns dois centímetros. Não que isso fosse funcionar.) (O nariz dela também é um pouco torto perto da parte de baixo – eu que o deixei assim.)

Não sei em que pé estamos essa manhã.

Digo, prometi ajudá-la a descobrir o que aconteceu com sua mãe. Será que devemos começar agora mesmo? Ou esse é o tipo de promessa que vai voltar para me assombrar daqui a anos, quando eu tiver me esquecido dela?

E, seja como for, ainda somos inimigas, certo? Ela ainda quer me matar?

Ela provavelmente não vai tentar me matar até eu ter ajudado com esse negócio da sua mãe – acho que isso é um pensamento reconfortante.

Lauren dá um último puxão no nó de sua gravata e então se vira para mim, colocando o casaco.

– Você não vai se livrar.

Eu me sento.

– O quê?

– Você não vai fingir que a noite passada foi um sonho ou que não estava falando sério. Vai me ajudar a vingar a morte da minha mãe.

– Ninguém disse nada sobre vingar. – Afasto meus cobertores e me levanto, chacoalhando o cabelo com as duas mãos. (Fica amassado quando eu durmo.) – Eu disse que te ajudaria a descobrir quem a matou.

– Isso é me ajudar, Cabello. Porque assim que eu souber, vou matar essa pessoa.

– Bem, não vou ajudar nessa parte.

– Já está ajudando. – diz Lauren, colocando a mochila sobre o ombro.

– O quê?

– A partir de agora. – diz ela, apontando para o chão. – Estamos começando isso agora. É a nossa prioridade absoluta.

Ela se dirige até a porta.

Eu quero argumentar.

– Mas...?

Lauren para, bufa e então se volta para mim.

– Mas e todo o resto? – pergunto.

– Que resto? – diz ela. – Aulas? Ainda podemos frequentar nossas aulas.

Ascensão e queda de Camila CabelloOnde histórias criam vida. Descubra agora