Ascensão e queda de Camila Cabello

24.

Camila

Não sei direito porque estou tão feliz. Nada mudou.

Alguma coisa mudou?

O beijo. Isso foi novo.

O fato de olhar para Lauren e pensar em como o cabelo dela cai em uma onda preguiçosa sobre sua testa...

É, não. Eu já pensava nisso antes.

Lauren é uma vampira; isso não é novidade.

Pelo visto, Lauren é a vampira mais relutante e menos sugadora de sangue do mundo – o que é um tanto surpreendente.

E a mais bonita, pelo jeito. (Agora que já vi alguns.)

Eu quero beijar Lauren. Isso, sim, é uma mudança, mas não é algo que eu esteja preparada para pensar no momento.

... De novo. Eu quero beijá-la de novo.

*****

Estacionamos o carro num velho celeiro convertido em garagem, depois entramos na casa pela porta da cozinha. Em silêncio. Para não acordar ninguém.

– Está com fome? – pergunta Lauren.

– Sim.

Ela revira o refrigerador. Apenas uma vampira adolescente típica apanhando um sanduíche noturno.

Ela empurra uma caçarola nos meus braços, depois pega dois garfos.

– Leite? – ela oferece. – Coca?

– Leite. – respondo. Estou sorrindo. Não consigo parar de sorrir. Ela coloca a caixa por cima da caçarola, pega alguns guardanapos de tecido da gaveta, depois se dirige para o seu quarto lá em cima. É uma luta acompanhá-la.

Eu queria saber no que ela estava pensando...

Lauren

Eu não sei no que eu estou pensando.

Camila

Quando chegamos ao quarto dela, Lauren acende um abajur – a cúpula é de um vermelho escuro, de modo que não oferece muita luz – e se senta no chão junto ao pé da cama, apesar de o quarto estar cheio de coisas confortáveis para se sentar.

Eu me sento perto dela, que toma a caçarola de mim e lança um rápido Tá esquentando! Depois, tira a tampa e me entrega um garfo. É torta de carne.

– Você precisa comer? – pergunto. – Ou simplesmente gosta de comer?

– Eu preciso – diz ela, pegando uma garfada e evitando meu olhar –, só não tanto quanto as outras pessoas.

– Como você sabe que não é imortal?

– Chega de perguntas.

Nós acabamos com a torta de carne, comendo direto da tigela no colo de Lauren. Ela mastiga com a mão sobre a boca. Tento me lembrar se já a vira comer antes... Eu termino o leite. Ela não quer.

Ao terminarmos, ela coloca a louça suja do lado de fora da porta, depois acende o fogo na lareira com sua varinha.

Eu me arrasto para me sentar perto dela.

– Você é uma pira. – digo.

Ela dá de ombros, encarando o fogo.

– Você não está pensando em queimar a casa toda, está?