21.

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Lauren

Gosto de praticar violino na biblioteca. Meus irmãos e irmãs ainda não têm permissão para vir aqui, e há uma parede de vidraças com moldura de chumbo que dá para os jardins.

Gosto de praticar violino, ponto. Sou boa nisso. E distrai todas as partes do cérebro que só atrapalham. Consigo pensar com mais clareza quando estou tocando. Meu avô também tocava. Ele podia lançar feitiços com seu arco.

Esqueci o violino aqui quando parti para a escola – estava meio pirada das ideias –, e agora estou um pouco enferrujada pela falta de prática. Tenho trabalhado numa canção Kishi Bashi que minha madrasta, Clara, chama de "desnecessariamente taciturna".

Lauren... Srta. Pitch.

Deixo o instrumento cair de meu queixo e me viro. Vera está de pé perto da porta.

– Me desculpe por interromper, mas sua amiga está aqui para vê-la.

– Não estou esperando por ninguém.

– É uma amiga da escola. – diz ela. – Ela está usando uniforme.

Eu largo o violino e ajeito minha roupa.

Acho que pode ser Alexa. Ela vem até aqui às vezes. Embora normalmente envie um SMS antes... Não geralmente: sempre. E ela não estaria de uniforme. Ninguém estaria; não em plenas férias.

Acelero o passo, praticamente trotando pela sala de estar e a de jantar, varinha em mãos. Clara está à mesa com seu notebook. Ela ergue o olhar, curiosa. Eu desacelero.

Quando chego ao saguão, Camila Cabello está ali de pé como um cão perdido.

Ou uma vítima de amnésia.

Está usando seu casaco de Watford e botas pesadas de couro, e está coberta de neve e lama. Vera deve ter-lhe dito para ficar sobre o tapete, porque ela está bem no meio de uma poça das duas coisas.

Seu cabelo está uma bagunça e seu rosto está corado; ela parece estar prestes a perder o controle ali mesmo, sem nenhuma provocação.

Paro na entrada em arco para o saguão, recolho minha varinha na manga da blusa e enfio as mãos nos bolsos.

– Cabello.

Ela levanta a cabeça de súbito.

Lauren.

– Estou tentando imaginar o que você está fazendo na minha porta... Rolou por uma ladeira íngreme e aterrissou aqui?

Lauren... – ela diz outra vez. E espero que consiga desembuchar. – Você... você tá usando uma calça jeans.

Eu inclino minha cabeça.

– Estou. E você tá vestindo metade do terreno até aqui.

– Tive que vir caminhando desde a estrada.

– Foi?

– O taxista ficou com medo de descer pela entrada da sua casa. Ele acha que aqui é mal-assombrado.

– E é.

Ascensão e queda de Camila CabelloOnde histórias criam vida. Descubra agora