Capítulo 5 - Algo inevitável.

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Fazia duas semanas desde que Maya estava de volta a Seattle. Era uma manhã fria de domingo e ela estava de folga, e como sempre fazia em seus dias de folga, ela se preparava para correr. Quando estava em Nova York, ela se afundava em exercícios pesados nesses dias. Corridas mais longas, horas na academia, treino intenso de CrossFit. Seu condicionamento tinha melhorado e seu corpo ficado mais musculoso que antes.

Em Nova York, ela só tinha uma amiga, Leslie, e elas sempre saíam para correr ou fazer alguma coisa juntas. Leslie era como Andy era para a loira em Seattle. Elas viraram amigas depois de muito esforço de Leslie, e em uma noite num bar qualquer, depois de várias bebidas, Maya se abriu para a amiga. Ela contou sobre seu pai, sobre o melhor relacionamento que ela já teve, sobre a pessoa maravilhosa que era Carina e sobre como sua mente entrou em combustão. E sobre mesmo depois de já estar com a cabeça no lugar, ela ainda não tinha coragem para voltar.

Leslie viu o quanto Maya sofreu e ainda sofre, mas sempre disse a amiga o quão burra ela estava sendo em deixar passar o tempo sem estar com o amor de sua vida. Ela não perdia a oportunidade de mandar Maya para Seattle atrás de Carina, mas a loira não se sentia pronta. Na verdade, ela não tinha coragem de voltar. Sempre que pensava na possibilidade, ela entrava em pânico.

Hoje era um dos dias que Maya mais sentia falta da amiga. Era sua primeira folga desde que chegou a Seattle e ela sairia para correr sozinha. Ela estava acostumada a correr com Leslie contando sobre suas decepções amorosas. Maya amarrou o tênis e colocou seu fone de ouvido. Já que ela não tinha a amiga para ficar falando sem parar, então ela escutaria suas músicas favoritas.

Ela saiu do hotel que estava hospedada correndo de leve, apenas se aquecendo para sua corrida matinal de duas horas. O sol começava a aparecer e tinha tudo para ser um domingo lindo. Maya correu por uma hora e meia quando decidiu parar e comprar uma água numa barraquinha no parque da cidade. Há essa hora, o sol já tinha saído e queimava sobre as pessoas ali presente. Maya sentou em um banco, olhando para os lados observando as pessoas.

Alguns corriam, outros andavam de bicicletas, e algumas famílias se a reuniam. Ela podia ver pais ensinado seus filhos a andarem de bicicleta, alguns casais levando o cachorro para passear, alguns apenas sentados na grama aproveitando o sol. Ela gostava de observar as pessoas, mais um hábito que desenvolveu quando estava longe. Ela gostava de imaginar como eram suas vidas e se pareciam felizes.

Depois de um tempo sentada e recuperando as energias, ela resolveu voltar para o hotel. Maya jogou a garrafa de água no lixo e ajustou o nós nos sapatos, mas quando se ergueu e estava pronta para partir, seus olhos encontram alguém que ela não estava pronta para ver.

Carina estava ali, a poucos metros dela, sorridente enquanto conversava com alguém que Maya jurava que era sua residente, bom, agora não deveria ser mais residente, Jo Wilson. Elas estavam segurando um copo de café cada e pareciam envolvidas na conversa. O mundo de Maya deixou de girar naquele momento, ela só conseguia ter olhos para a italiana.

Carina estava ainda mais bonita do que antes, seu sorriso estava mais brilhante e seus cabelos maiores. Os gestos que ela fazia com as mãos enquanto falava ainda estava lá, Maya sorriu ao pensar que mesmo depois desse tempo todo, ela ainda tinha uma italiana quente dentro dela. Em meio a tantas vozes, Maya quase conseguia destacar a dela, o sotaque ainda parecia o mesmo. O mesmo sotaque que Maya sempre amou.

Carina soltou uma risada e a loira sentiu o coração parar de bater. Como ela sentia falta daquela risada. Maya não esperava encontrar Carina assim, no parque no meio de uma manhã de domingo, mas ela ainda ousou dar alguns passos para falar com a morena, mesmo sem saber o que iria dizer, mas ela saiu de sua bolha quando escutou uma criança chamando "mamãe" alto demais e correndo em direção a Carina.

Você pode me perdoar?Onde histórias criam vida. Descubra agora