Capítulo 27 - Acordar do pesadelo

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A noite estava fria, mas Carina se sentia completamente aquecida deitada no peito de Maya com os braços na mulher rodeando seu corpo. Ela se sentia protegida, algo que há muito tempo não sentia. Carina dormiu sentindo coração de Maya bater e a respiração da loira tão calma quanto a sua. Depois de muito resistir ao efeito do vinho, que espalhou calor em ambos os corpos, elas resolveram ir para cama. Afinal, tinham trabalho no dia seguinte. Maya tomou um banho gelado antes de encontrar Carina na cama e puxar seu corpo quente para perto. Ela não sentia sono, mas podia ver o cansaço no rosto da médica, então a embalou em seus braços e ficou fazendo cafuné em seus cabelos até ela dormir. Exatamente como ela fazia com Marina. Era tão engraçado o quanto as duas pareciam fisicamente e tinham tantos jeitos iguais.

Mas, diferente da mulher em seus braços, Maya não conseguia pregar os olhos. Era reconfortante ter Carina em seus braços, sentir o perfume doce e sua respiração quente em seu pescoço. Maya podia dizer que ela finalmente tinha voltado para casa, porque Carina sempre foi seu lar, seu lugar seguro. Mas ela não conseguia parar de pensar que algo estava errado, que aquela sensação ruim não ia embora por algum motivo e ela tinha que estar preparada. Ela manteve seus olhos abertos e alerta a qualquer barulho.

Maya queria contar todos os seus medos para Carina, mas não queria que a médica achasse que ela estava entrando em surto de novo porque ela não estava. Ela tinha sentindo uma sensação ruim há algum tempo quando deixou Carina sozinha com Jack, ela sentia algo estranho toda vez que seu olhar cruzava com o do bombeiro, mas isso só se intensificou depois que ela sumiu do mapa. E sejamos sinceros, ninguém some do mapa a não ser que não queira ser encontrado! E ela sabia que Jack planejava algo, talvez não com Carina e Marina, mas com ela. Nunca se pode entender a mente de outra pessoa.

Maya viu o dia clarear lentamente até resolveu sair da cama. Carina resmungou um pouco, mas logo agarrou o travessou que a loira estava deitada. Maya sorriu com aquilo, era um ato impensado, mas que significava muita coisa. Ela se inclinou para beijar os cabelos de Carina antes de sair do quarto. Maya passou pelo quarto de Marina e a viu dormindo tranquilamente, mas não quis entrar para não acordar a menina. Ainda era cedo, o relógio marcava cinco da manhã. Geralmente ela iria correr esse horário, mas nos últimos dias seus exercícios estavam sendo feitos na estação, já que ela estava priorizando vir para casa de Carina logo nas primeiras horas do dia.

Maya desceu até a cozinha e fez café, mas não na cafeteira importada e extremamente chique de Carina. Ela fez seu café do jeito antigo, usando o filtro para coar, jogando o pó e água quente. Não era o jeito errado de se fazer, mas com certeza Carina reclamaria e faria seu café chique com grãos moídos na hora. Ela bebeu o líquido quente, sentindo-se um pouco melhor. O dia clareava lentamente e o frio fez sua pele se arrepiar. Ela sentou na varanda de trás da casa de Carina e ficou observando o céu. Com certeza não seria um dia de sol, talvez até chovesse, mas ela esperava que fosse um bom dia. Um dia calmo e sem surpresas, e a noite ela voltaria para casa com a filha para se prepararem para o acampamento. Talvez acampar nesse fim de semana fosse bom, poderia fazer todos os seus medos irem embora enquanto ela aproveitava um tempo em família. Sim, elas eram uma família mesmo que não oficialmente. Mas era assim que Maya se sentia no momento.

Mesmo com o café quente em suas mãos – o que geralmente fazia sua dor de cabeça ir embora – Maya ainda sentia o latejar. Não era muito, mas ainda incomodava. Talvez fosse porque não tinha fechado os olhos na noite passada, e ela sabia que uma noite sem dormir podia prejudica-la em seu trabalho, por sorte ela teria muita papelada para resolver e não se envolveria com as cenas. Não hoje, não com sua mente tão longe. Ela não conseguiria se concentrar.

Maya sentiu braços quentes lhe rodearem e sorriu imediatamente.

- Quando eu pedi para você ficar, foi pensando em acordar ao seu lado. – Ela escutou a voz rouca de Carina bem no seu ouvido.

Você pode me perdoar?Onde histórias criam vida. Descubra agora