Capítulo 06

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Canalha

Ganso: Não tem ninguém nervoso aqui, irmão - ele abaixou a arma, mas encarou a Bárbara, que nem desfez a postura - Mas se eu te ver de perreco pra cima do Japa de novo, a gente vai pro desenrolo.

Ela soltou uma risadinha debochada e colocou as mãos na cintura.

Bárbara: Tu quer ir agora? - perguntou - Chama o meu pai também. Ele vai amar saber que teu irmão, além de pegar a filhinha mais nova, ainda está fazendo ela de trouxa!

Vi os olhos do Japa se arregalarem só quando ouviu a Bárbara fazendo menção em chamar o Ret. O Ganso respirou fundo, e olhou desacreditado pro irmão.

Ganso: Tu tá se metendo nessa mermo? Tu quer morrer, porra? - praticamente gritou, olhando direto pro irmão - Quantas vezes vou ter que te falar que aquela ali não?

Japa: Pô, a gente se curte - ele falou, coçando a cabeça.

Ganso: Se curte - debochou - Vai tomar no cu, Japa. Tu sabe bem que o Ret é maluco, ele dá uns dois tiros na tua testa e some com a Bianca pra fora do morro, aí eu quero ver vocês se curtirem.

Bárbara: Pelo menos alguém nessa família tem senso.

Ganso: E tu fica quietinha porque não curti tuas atitudes. Tá achando que é quem pra sair peitando o meu irmão, assim?

Bárbara: Meu nome é Bárbara - ela estendeu a mão pra ele apertar - Mas você deve saber bem disso, já que a gente cresceu juntos.

Ganso: Ta se achando muito, hein, Babi! Da uma segurada na emoção.

Ela deu uma risadinha, e eu achei melhor me meter. Bárbara não ria pra ninguém. Não daquele jeito.

Canalha: Teu irmão tá no vacilo, não tá? Então pronto, Babi nem tá errada de cobrar algum bagulho. Todo mundo sabe que com elas não dá pra mexer! - já deixei avisado, só pro Ganso se lembrar. E me virei pra encarar minha futura namorada - Bora vazar daqui. Tu já deu o teu recado.

Bárbara: Uhum - ela estreitou os olhos na direção do namoradinho da Bianca - Eu tô de olhos bem aberto em você, moleque.

Ganso já ia se meter pra falar mais coisa, e eu já tava sem saco, então só puxei a Bárbara pela mão, arrastando ela pra longe deles dois. Depois de alguns passos, ela tentou tirar a mão da minha, mas eu nem deixei, firmando o aperto.

Bárbara: Me solta, Canalha.

Fiz o que ela pediu, mesmo sem querer. A gente parou de andar e ela me entregou a minha arma, sem munição.

Canalha: Tu ia ter coragem de atirar mesmo?

Ela deu de ombros.

Bárbara: Ia. Se ele merecesse eu ia sim.

Canalha: Ia arrumar rolo, isso sim. A gente ia morrer, pô.

Bárbara: Você não diz que me ama?! Então... iria morrer do meu lado. Linda história de amor!

Mesmo sabendo que ela estava zoando, eu fiquei felizão. Meu coração até bateu mais rápido ao ver o sorrisinho fraco e carregado de sarcasmo no canto daquela boca linda e gostosa.

Canalha: Nossa história de amor vai ser bem mais foda do que isso, Babi - tentei pegar na sua mão, mas a danada deu um passo pra trás, se afastando. Então só tive tempo de puxar sua blusa, fazendo com que ela se aproximasse mais do meu corpo, encostando em mim. Ganhei uns dois tapas e apertos no braço, mas não a soltei - Tu só fica fugindo do cara. Nem uma moralzinha. Tô nessa a anos, pô. Vai continuar por mais quanto tempo negando que quer o teu pretinho?

Bárbara: Meu e de mais quantas? - perguntou, passando a unha devagarinho pela lateral do meu rosto. Fechei os olhos, sentindo os pelos da minha nuca e braço se arrepiarem - Eu bem vi a Thuany saindo da sua casa mais cedo.

Eu engoli seco, tentando recuperar a minha sanidade pra falar. Mas ela ainda não tinha tirado a mão do meu rosto, e isso tava me deixando maluco, só imaginando aquela mão em outros lugares, fazendo outras paradas. Acho que eu babava só de pensar.

Canalha: Tô pra todas só porque tu não me quer - minha voz saiu rouca, e eu forcei meus olhos a abrirem, encarando o seu rosto. Minha mão soltou a blusa dela, e ao perceber que já ia se afastar, puxei o seu corpo pela cintura, fazendo seu quadril bater no meu - É só tu falar que me quer que eu largo todas, Babi.

Ela franziu o cenho e negou, mordendo o lábio inferior.

Bárbara: Eu não te quero, Canalha. Pode ficar com elas.

Doeu pra caralho, mas eu já tava acostumado. Então só soltei ela, deixando escapar uma risadinha da minha boca.

Canalha: Onde tu vai? - perguntei, quando vi ela saindo de perto de mim.

Bárbara: Vou pra casa. O Lucas me convida e some.

Canalha: Ta, pô. Eu sou nada pra ti?

Fiquei até com medo da resposta. A Bárbara era grossa demais as vezes, e nem precisava de tanto.

Bárbara: Você deve ter coisa melhor pra fazer.

Canalha: Queria te levar em um lugar. Mas tu nem vai querer, né?

Ela respirou fundo e rolou os olhos.

Bárbara: Você vai ficar me dando cantadinha barata?

Canalha: Só quero te levar em uma parada, Bárbara. Não sou maluco de fazer qualquer parada contigo sem tu querer - fechei a cara - Meu pai me mata.

Bárbara: Que bom que você sabe.

Nem era caô. Meu pai me matava mesmo se eu fizesse algum bagulho contra a vontade da Bárbara. E se ele não me matasse, o D2 matava, ou o Rato, ou a minha mãe, ou a Viviane, ou a Alana... mas pô, o Ret ia me queimar vivo, nem tinha dúvida. Não era nem louco de inventar uma parada dessas.

Ela não falou nada, então eu fui pianinho até a minha moto, vendo a Babi vir atrás, quietinha na dela. Estendi o capacete e ela colocou. Subimos na moto e ela continuou com o maior cuidado pra não encostar em mim.

Nem forcei dessa vez, tava doendo ainda o fora que eu ganhei do amor da minha vida.

Acelerei a moto dando um grau maneiro, e aí ela apertou os braços na minha cintura, dando uma risada gostosa perto do meu ouvido.

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