BárbaraO Renan se arrumou e ficou parado no canto do banheiro me olhando, estava quieto demais. Nem era normal, ele sempre vinha cheio de gracinha pra cima de mim e nunca me deixava em paz.
Bárbara: O que foi? - perguntei, olhando o seu reflexo no espelho.
Ele deu de ombros, mas continuou me olhando.
Canalha: Linda demais pra ser de verdade.
Neguei com a cabeça, desviando o olhar para as minhas mãos.
Bárbara: E você fala isso pra quantas?
Canalha: Pra todas, pô. Mas contigo é sincero o bagulho. Fico até besta.
Bárbara: Te deixa mais feliz se eu disser que acredito?
Canalha: Fico mais feliz só de ouvir a tua voz, minha deusa da beleza.
Rolei os olhos.
O Renan era um filho da mãe desgraçado. Como confiar numa peste dessas? Tinha nem como, não queria ser trouxa por ninguém, ainda mais por homem, mas ele falando essas paradas, e me olhando do jeito que me olhava, eu ficava até molinha.
Tentei controlar o sorriso, mas foi meio impossível, e o Canalha veio me beijar, me prensando contra a pia do banheiro.
Ret: Babi?
Gelei, travando no lugar, quando ouvi sua voz próxima o suficiente. Logo depois consegui ouvir os seus passos se aproximando.
O Renan foi perdendo a cor, a cada passo que o meu pai chegava mais próximo.
Era o fim dele. E talvez o meu também.
Ret: Filha?
Ele bateu duas vezes na porta do banheiro, e eu empurrei o Canalha pra longe de mim, porque não conseguia pensar bem com ele tão perto do meu corpo.
Bárbara: O-Oi pai.
Gaguejei porra. Gaguejei!
Senti as minhas mãos formigando e vi que o Renan estava travado no lugar, sem nem reagir.
Ret: Tu tá cagando?
Bárbara: Tô saindo.
Os olhos do Renan se esbugalharam e eu fiz sinal com as mãos, para que ele ficasse em silêncio, e sai pela porta, sem abrir ela completamente, para que ele não aparecesse.
Dei um sorrisinho nervoso na direção do meu pai, que cruzou os braços, com o cenho franzido.
Ret: Cagou?
Bárbara: Comi alguma parada que não me fez bem - menti, colocando a minha mão na barriga e fazendo cara de dor. Não consegui pensar em nada melhor pra inventar na hora.
Ret: Hum - ele riu - Quer ir pra casa? Te levo.
Bárbara: Posso ir andando, não precisa me levar.
Realmente já estava querendo ir embora. Queria dormir um pouco e tomar um banho.
Ret: Tu viu o Renan? - neguei com a cabeça - O moleque sumiu, pô.
Bárbara: O Rato tá vivo ainda? - perguntei, tentando mudar de assunto.
Ret: O Rato tá sim, eu só não sei por quanto tempo o Galego vai continuar, depois de ter falado que tá querendo namorar a Beatrice. Mó tiração. Se fosse tu, ele já levava dois tiro na cara pra parar de ser besta.
Dei uma risadinha nervosa. Conseguia imaginar o nervosismo do Canalha lá dentro do banheiro, ainda mais ouvindo um bagulho desses.
Bárbara: Achei que tinha ouvido você falar que ia nos dar mais confiança. Me enganei?
Ret: Foda mudar do dia pra noite. Tu é bem filha da tua mãe mermo, né? A Alana que tinha dessas de querer mudar o jeito do cara! - bufou bolado.
Bárbara: A mãe nunca errou na vida dela, gato. E se ela queria mudar você, é porque não tava maneiro, igual o que eu e a Bianca estamos tentando fazer.
Ele concordou.
Ret: Boto fé. Tu tá melhor, rabugenta?
Bárbara: Melhor do que?
Ele fez uma careta.
Ret: Da caganeira.
Bárbara: Ah, tô. Tô sim, pô. Claro.
Ret: Vou dar um mijão e nós vai pra casa, depois eu volto pra cá pra zoar a cara do Rato mais um pouco. O Salvador tá se divertindo pra caralho.
Eu ri, só imaginando as piadinhas que o meu padrinho estava fazendo.
Meu pai deu um passo à frente, tentando entrar pela porta do banheiro, mas eu acordei pra vida a tempo, e bloqueei sua passagem.
Bárbara: Usa outro, pai. Aí o cheiro tá ruim.
Ret: Tu é podre mermo, né? - sorri fraco - Já venho.
Respirei aliviada, quando ele saiu de perto de mim, entrando de volta na sala de estar e deixando o corredor vazio.
O Renan abriu a porta e me puxou pra dentro mais uma vez, prendendo a risada enquanto me beijava.
Canalha: Atriz da globo - falou, separando a boca da minha.
Bárbara: Caralho, que sufoco - abracei o pescoço dele, dando um beijo em seu queixo - Me deixa ir, se não ele vai aparecer aqui de novo.
Ele concordou com a cabeça, e me puxou pra mais um beijo, antes de me soltar e me deixar sair do banheiro.
Esperei o meu pai na entrada da garagem, depois ele me levou até a nossa casa, e voltou pro churrasco.
Aproveitei o meu tempo sozinha pra tomar um banho na maior paz, e depois deitei embaixo das minhas cobertas, assistindo um filmezinho maneiro.
Antes de eu pegar no sono, vi que o Canalha tinha mandado uma mensagem no meu celular, perguntando se eu tinha chego bem e se eu estava afim de fazer alguma parada.
Mas antes mesmo de eu conseguir responder, acabei caindo no sono.
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Saturno
Roman d'amourO meu coração não sei se é um bom lugar pra ti. * Segunda temporada de Lado a Lado *