Capítulo 21

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Bárbara

O Renan se arrumou e ficou parado no canto do banheiro me olhando, estava quieto demais. Nem era normal, ele sempre vinha cheio de gracinha pra cima de mim e nunca me deixava em paz.

Bárbara: O que foi? - perguntei, olhando o seu reflexo no espelho.

Ele deu de ombros, mas continuou me olhando.

Canalha: Linda demais pra ser de verdade.

Neguei com a cabeça, desviando o olhar para as minhas mãos.

Bárbara: E você fala isso pra quantas?

Canalha: Pra todas, pô. Mas contigo é sincero o bagulho. Fico até besta.

Bárbara: Te deixa mais feliz se eu disser que acredito?

Canalha: Fico mais feliz só de ouvir a tua voz, minha deusa da beleza.

Rolei os olhos.

O Renan era um filho da mãe desgraçado. Como confiar numa peste dessas? Tinha nem como, não queria ser trouxa por ninguém, ainda mais por homem, mas ele falando essas paradas, e me olhando do jeito que me olhava, eu ficava até molinha.

Tentei controlar o sorriso, mas foi meio impossível, e o Canalha veio me beijar, me prensando contra a pia do banheiro.

Ret: Babi?

Gelei, travando no lugar, quando ouvi sua voz próxima o suficiente. Logo depois consegui ouvir os seus passos se aproximando.

O Renan foi perdendo a cor, a cada passo que o meu pai chegava mais próximo.

Era o fim dele. E talvez o meu também.

Ret: Filha?

Ele bateu duas vezes na porta do banheiro, e eu empurrei o Canalha pra longe de mim, porque não conseguia pensar bem com ele tão perto do meu corpo.

Bárbara: O-Oi pai.

Gaguejei porra. Gaguejei!

Senti as minhas mãos formigando e vi que o Renan estava travado no lugar, sem nem reagir.

Ret: Tu tá cagando?

Bárbara: Tô saindo.

Os olhos do Renan se esbugalharam e eu fiz sinal com as mãos, para que ele ficasse em silêncio, e sai pela porta, sem abrir ela completamente, para que ele não aparecesse.

Dei um sorrisinho nervoso na direção do meu pai, que cruzou os braços, com o cenho franzido.

Ret: Cagou?

Bárbara: Comi alguma parada que não me fez bem - menti, colocando a minha mão na barriga e fazendo cara de dor. Não consegui pensar em nada melhor pra inventar na hora.

Ret: Hum - ele riu - Quer ir pra casa? Te levo.

Bárbara: Posso ir andando, não precisa me levar.

Realmente já estava querendo ir embora. Queria dormir um pouco e tomar um banho.

Ret: Tu viu o Renan? - neguei com a cabeça - O moleque sumiu, pô.

Bárbara: O Rato tá vivo ainda? - perguntei, tentando mudar de assunto.

Ret: O Rato tá sim, eu só não sei por quanto tempo o Galego vai continuar, depois de ter falado que tá querendo namorar a Beatrice. Mó tiração. Se fosse tu, ele já levava dois tiro na cara pra parar de ser besta.

Dei uma risadinha nervosa. Conseguia imaginar o nervosismo do Canalha lá dentro do banheiro, ainda mais ouvindo um bagulho desses.

Bárbara: Achei que tinha ouvido você falar que ia nos dar mais confiança. Me enganei?

Ret: Foda mudar do dia pra noite. Tu é bem filha da tua mãe mermo, né? A Alana que tinha dessas de querer mudar o jeito do cara! - bufou bolado.

Bárbara: A mãe nunca errou na vida dela, gato. E se ela queria mudar você, é porque não tava maneiro, igual o que eu e a Bianca estamos tentando fazer.

Ele concordou.

Ret: Boto fé. Tu tá melhor, rabugenta?

Bárbara: Melhor do que?

Ele fez uma careta.

Ret: Da caganeira.

Bárbara: Ah, tô. Tô sim, pô. Claro.

Ret: Vou dar um mijão e nós vai pra casa, depois eu volto pra cá pra zoar a cara do Rato mais um pouco. O Salvador tá se divertindo pra caralho.

Eu ri, só imaginando as piadinhas que o meu padrinho estava fazendo.

Meu pai deu um passo à frente, tentando entrar pela porta do banheiro, mas eu acordei pra vida a tempo, e bloqueei sua passagem.

Bárbara: Usa outro, pai. Aí o cheiro tá ruim.

Ret: Tu é podre mermo, né? - sorri fraco - Já venho.

Respirei aliviada, quando ele saiu de perto de mim, entrando de volta na sala de estar e deixando o corredor vazio.

O Renan abriu a porta e me puxou pra dentro mais uma vez, prendendo a risada enquanto me beijava.

Canalha: Atriz da globo - falou, separando a boca da minha.

Bárbara: Caralho, que sufoco - abracei o pescoço dele, dando um beijo em seu queixo - Me deixa ir, se não ele vai aparecer aqui de novo.

Ele concordou com a cabeça, e me puxou pra mais um beijo, antes de me soltar e me deixar sair do banheiro.

Esperei o meu pai na entrada da garagem, depois ele me levou até a nossa casa, e voltou pro churrasco.

Aproveitei o meu tempo sozinha pra tomar um banho na maior paz, e depois deitei embaixo das minhas cobertas, assistindo um filmezinho maneiro.

Antes de eu pegar no sono, vi que o Canalha tinha mandado uma mensagem no meu celular, perguntando se eu tinha chego bem e se eu estava afim de fazer alguma parada.

Mas antes mesmo de eu conseguir responder, acabei caindo no sono.

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