Capítulo 24

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Canalha

O Daniel não fez muita questão, ele só ficou no canto da sala, de braços cruzados, quando o Ret pediu a minha ajuda, sabendo que eu curtia pra caralho papo de tortura, e a gente quebrou o velho todinho na porrada.

A Alana ficou do lado do irmão, só olhando, durante o tempo todo. Eu via o Felipe encarando eles as vezes, como quem pedia pra continuar, mas eu tava cego, pô. Nem conseguia parar se ele me pedisse.

Minha gostosa tava sentada na cadeira, com os braços cruzados e expressão curiosa na cara, de vez em quando ela soltava uma risadinha, e era a única parada que me fazia ter vontade de largar tudo, só pra ir beijar a boca dela.

O Ret me empurrou, quando viu que o velho já estava quase apagando, e só aí eu parei de bater.

O meu sogrão pegou uma faca na mão, me fazendo sorrir, antes de enfiar a faca na barriga do verme, que apagou na hora.

Canalha: Porra, já?

Bárbara: Ele tinha que ter sofrido mais - ela opinou, como quem fala de um jogo de futebol que assistiu na televisão.

Ret: Ele ainda tá respirando - falou, e encarou a Babi - É isso mermo que tu quer pra tua vida, bandida? Quer entrar de vez pro crime?

Bárbara: Eu? Claro que eu quero. É o meu sonho de princesa!

A Alana soltou uma risadinha, e eu sorri também, ao ver o sorrisão no rosto da Bárbara. Ela ficou em pé, e se aproximou do Filipe.

Ret: Tu tá fodida então, porque eu vou te treinar três vezes mais pesado do que treinei a tua mãe, e não quero saber de enrolação. Se não, tu tá fora, e eu te coloco em um convento só pra tu aprender a não ser emocionada.

Ela concordou com a cabeça, mas fez uma careta.

O Filipe esticou a faca pra ela, que segurou entre as mãos, olhando pro corpo do velho, quase morto, no chão.

Canalha: Tu não sente nada olhando o cara assim? - perguntei pra ela, que nem me olhou, mas deu de ombros.

Bárbara: Sinto felicidade. Justiça é uma parada que me agrada bastante.

Ela se abaixou, tirando a faca que estava na barriga do homem, de uma vez só, e assistiu o sangue se esparramando pra todos os lados, enquanto ele sufocava.

Ret: Eu sei que tu pode fazer melhor.

Bárbara: Mas eu nem comecei - falou, dando um sorrisinho na direção do pai.

A Babi pegou a faca que estava cheia de sangue, e enfiou, sem a menor pena, no pau do velho, que resmungou sem força nenhuma em um fio de voz e desmaiou mais uma vez.

Doeu em mim. Até eu desviei o olhar.

Nota mental pra nunca vacilar com ela na vida. Ia parar de perturbar ela, e se pá era uma boa ideia eu sumir no mundo antes que se irritasse e quisesse me fazer de brinquedo.

O Ret fez uma careta, olhando pra filha.

Ret: Ai.

Ela soltou uma risadinha e pegou a outra faca, a que o Ret tinha entregado pra ela, e começou a cortar várias partes da pele do homem, mas não cortes muito fundos. Acreditava que ele já tinha passado dessa pra pior, mas tive a minha confirmação quando a Bárbara pegou um frasco de álcool, no canto da sala, e jogou encima de cada corte que ela mesmo tinha feito.

Eu me afastei, indo lavar as minhas mãos, quando vi que o velho tava realmente morto, e nem tinha reagido com a ardência do álcool entrando em sua carne.

A Babi pareceu chateada com isso, e foi abraçar o Ret, que beijou a cabeça dela, mas nenhum dos dois desviou os olhos do defunto.

A Alana chegou perto deles, e eu fui ajudar ela e o Daniel a empurrar o corpo pra dentro da área onde a gente carbonizava os corpos, porque as vezes era mais fácil do que enterrar ou jogar na vala.

Foi ela quem ateou fogo no corpo do próprio pai, e depois ficou abraçada com o irmão.

A Babi me encarou, e sorriu fraco na minha direção, estendendo a mão pra que eu me aproximasse dela e do Ret.

Fui igual um cachorro, mas antes que eu pudesse encostar nela, entrando no abraço, o Filipe me encarou com a pior cara dele, e eu travei no lugar, coçando a nuca.

A Bárbara riu e deu um beijo no braço do pai, desviando o olhar do meu.

Me contentei em ficar parado, porque não queria que o meu corpo fosse o próximo a ser queimado.

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