Capítulo 08

7.6K 543 93
                                    


Bianca

Eu saí de perto da minha mãe somente quando a Babi deixou o banheiro. Tomei um banho rápido pra não me atrasar e depois fui me arrumar no meu quarto. Quando desci as escadas, a minha irmã estava tomando o seu café na mesa, mas nossos pais já estavam prontos para sair de casa, colocando armas na cintura e o colete à prova de balas na frente do corpo.

Dia de assalto.

Eles não precisavam disso. Tinham um dinheiro bom guardado que faria com que vivêssemos bem por um tempo ainda, mas isso não importava, o que realmente interessava para aqueles dois era a loucura e a adrenalina de meter o louco.

Alana: Vocês sabem, a gente não vai voltar tão cedo hoje... - nem deixei ela terminar de falar.

Bianca: Mas vocês vão voltar, né?

Minha tpm estava no pior grau e eu só queria chorar.

Ret: Alguma vez a gente não voltou? - até querendo ser fofo ele era grosso.

A Babi colocou a xícara na mesa, fazendo baralho e atraindo a atenção pra ela.

Bárbara: Quando vão deixar eu ir junto?

Ret: Quando eu morrer - falou, fazendo cara feia pra ela, que manteve a expressão séria.

Bárbara: Você que sai perdendo, eu posso ser muito útil.

Ret: Eu já ouvi essa parada antes - ele encarou a minha mãe, que deu uma risada, abraçando o pescoço dele - Não viaja, Rabugenta. A vida do crime não é pra ti.

O meu pai era completamente contra a ideia de entrarmos nessa vida.

Por mim, nem fazia diferença. Eu tinha toda a consciência do mundo que era o crime que me bancava, que sustentava a minha família, as nossas necessidades e os nossos luxos, e não me envergonhava por isso.

Meus pais eram fodas, e eram os melhores no que faziam, junto com o meu padrinho D2, meu tio Salvador e o meu tio Rato. Nos últimos meses eles estavam treinando o Canalha e o Galego pra participarem dos assaltos junto com eles.

Mas eu não tinha o sonho insano que a minha irmã mais velha tinha. No fim das contas eu queria realmente cursar uma faculdade e arrumar um emprego maneiro em alguma área que eu gostasse.

Armas me deixavam nervosa, se eu visse sangue eu vomitava ou desmaiava... realmente não ia saber lidar com tudo isso.

A minha mãe era mais de boa. Ela me apoiava pra caralho na minha decisão, nas minhas escolhas e me incentivava muito. Assim como ela também fazia com a Bárbara. Ela só falava que achava não ser o momento certo, mas que via um grande potencial na minha irmã pro crime.

Bárbara: Eu vou só terminar de tomar o meu café e ir perguntar o que o Grego acha disso.

O Grego, chefe do tráfico no morro e meu quase sogro, também apoiava a decisão da Babi de entrar nessa vida. Ele queria muito isso, olhava pra ela como se fosse um diamante a ser lapidado. E sempre fazia questão de lembrar ao meu pai que ele via o mesmo potencial na minha irmã, que viu na minha mãe a anos atrás... e que uma junção entre a Alana e o Filipe não podia ser melhor.

Saturno Onde histórias criam vida. Descubra agora