Saturno

Capítulo 32

Canalha

O bagulho tava bem louco. Pô, tudo tinha que ser muito bem calculado a partir de agora, pra não ter falha. O Deco enviou a mensagem, ele tava a um passo à frente. A gente não podia simplesmente invadir o Chapadão, podia ser uma armadilha.

O Rato tentou rastrear o celular e depois de quase duas horas ele conseguiu ver onde estavam. Mas o acesso logo caiu. O Deco teve tempo o suficiente pra programar cada passo, porque ele tava ligado que a gente tinha o Rato no nosso time, então ele fez alguma parada que dificultou e impediu que achássemos e que conseguíssemos entrar no celular dele. Nós desistiu depois de um tempo, porque já tava todo mundo cansado e pedindo por paz.

Eu tava maluco querendo ver a Bárbara, e ao mesmo tempo, não querendo.

Tava me culpando, internamente, por não ter sido forte o suficiente pra arrastar ela pelos cabelos daquele camarote e entregado pro Ret. Se eu tivesse feito esse bagulho, ninguém estaria chorando agora.

Fomos até a casa do Filipe e da Alana, e a minha mãe veio correndo me abraçar, perguntar como eu estava e o que tinha rolado. Mas eu só consegui perguntar uma parada.

Canalha: Cadê a Bárbara?

O Ret e a Alana começaram a prestar atenção na nossa conversa, assim como todos os outros.

Kelly: Dormindo. Ela subiu tem alguns minutos, pra tentar descansar.

Dani: Ela não quis tomar nenhum calmamente pra ajudar a dormir, deve estar acordada ainda.

Alana: É melhor a gente dar o tempo dela. Acho que todo mundo tá cansado aqui, e só precisa de um banho e descansar um pouco.

Laura: Sobrou muita comida, a Babi nem comeu, e tá tudo guardado na geladeira. Talvez vocês estejam com fome.

Kelly: Quer comer? - perguntou pra mim, mas eu neguei com a cabeça, me sentando no sofá - Vai pra casa descansar.

Canalha: Vou ficar aqui, tá de boa.

Ret: Quem deixou? - perguntou, metendo marra pra cima de mim.

O mano não ia cansar disso nunca, papo reto.

Eu devolvi o olhar pra ele.

Canalha: Se tu começar de graça eu deito lá na calçada, tem problema nenhum - dei de ombros - Mas não vou arredar o pé daqui.

Alana: Pode ficar, Renan. Só vai em casa, toma um banho e come alguma coisa também.

Neguei com a cabeça, me acomodando melhor no sofá.

Canalha: Ta suave.

A galera foi toda pra cozinha, e ao passar por mim o Filipe fez questão de esbarrar no meu pé, dando um chute proposital na minha panturrilha. Eu grunhi de dor, e ele deu um sorrisinho falso.

Minha mãe não demorou pra aparecer com um prato de uma tonelada na minha frente, me obrigando a comer. Ela ficou comigo até o pessoal ir embora, cada um pra sua casa, e ficar só o Ret e a Alana ali.