BárbaraO Deco deu uma risadinha, digna do grande filho da puta que era.
Deco: Tá falando isso por causa do Japa? - eu dei de ombros, sem pouco me importar - Você pode ser minha filha também, Babizinha.
Bárbara: Sou esperta demais pra ter o seu gene na veia. O meu pai se chama Filipe, e cara... ele é tão melhor do que você, que nem filho útil sabe fazer direito.
Deco: Meu garoto estava sendo bastante útil pra você, nos últimos dias, não? - ele perguntou, apontando com a cabeça pro Padilha - Ah, e o meu outro deixou a tua irmã caidinha.
Bárbara: Você tem alguma coisa a ver com a relação do Japa e da Bianca?
Ele negou.
Deco: Não. Tenho que admitir que nesse caso eu não tenho nada envolvido... infelizmente. Mas me faz muito feliz saber que meus dois moleques traçaram as duas princesinhas do Ret.
Bárbara: Você está precisando conversar mais com os seus filhos, Deco. Porque até onde eu sei... nem o Padilha, e nem o Japa, encostaram na gente.
O Deco encarou o Padilha, que abaixou a cabeça. Soube que tinha rolado alguma mentira ali no meio, mas não consegui me ligar no que era exatamente.
Deco: Tu já não pode dizer o mesmo de mim, né?!
Bárbara: Sujo. Nojento. Imundo - gritei, sentindo as minhas mãos começarem a tremer.
Ele aumentou o sorriso, e encarou as fotos no chão.
Deco: Já viu? Essas são as minhas favoritas.
Eu não consegui me manter fria naquele momento, disparei sem nem mirar, mas vi que pelo menos dois tiros atingiram ele, porque caiu no chão, com a calça e a camiseta manchadas a sangue.
Continuei atirando, mas nem era pra matar, porque eu nem mirava nele. Atirei na parede, até descarregar todo o pente das duas armas, enquanto gritava toda a dor e a humilhação que eu sentia, pra fora de mim.
Tipo terapia.
O Deco estava apagado no chão, eu nem sabia se estava vivo, mas eu precisava daquele homem vivo, ele merecia tortura. Todos os tipos, meios, e formas de tortura dolorosa, era o que ele merecia!
Mas eu ainda tinha raiva, ódio, e precisava descontar em alguém. Peguei arma que estava jogada ao lado do Deco, e apontei na direção do Padilha, que começou a se debater enquanto chorava.
Eu atirei sem pena, sem receio, sem limites. Eu nem me reconhecia.
Também não recolhia o Padilha, depois de ver o seu corpo todo perfurado e sangrento, pelo chão.
Chutei o Deco, e ele ainda estava desacordado.
Ouvi o barulho de carros de aproximando, junto com a aceleração de motos, e sai da casa, mirando a arma na direção do local. Mesmo que não houvesse nenhuma munição na pistola, poderia assustar alguém, se fosse necessário.
Mas eu respirei aliviada, quando vi os rostos conhecidos, correndo na minha direção.
Deixei que o meu corpo batesse contra a parede da casa, e me abaixei ali, escondendo o rosto entre as mãos, e sentindo o choro tomar conta de mim com força.
O meu corpo doía, minha cabeça doía, a adrenalina tinha passado e só tinha deixado a dor. Mas eu preciso confessar ter me sentido extremamente aliviada. Uma página virada. Um ponto final nessa história bizarra.
Senti braços quentes me apertando com força, e mesmo sem eu abrir os olhos, reconheci sendo o meu pai, pelo cheiro. Minha mãe beijou a minha cabeça, parando também ao nosso lado.
Bárbara: Eu resolvi - choraminguei, limpando o rosto. Mas as lágrimas insistiam em continuar caindo - Eu resolvi por nós. Tá tudo resolvido. Ele não vai mais incomodar ninguém.
Ret: Pô, não faz mais isso, pelo amor de Deus - ele falou, suspirando e me apertando com mais força contra o seu corpo. Pelo tom da voz, eu soube que estava chorando. Assim como a minha mãe, que chorava feito uma criança - Achei que fosse te perder.
Neguei com a cabeça, retribuindo o abraço.
Bárbara: Eu sou forte, pai!
Ret: Eu sei, tu é a minha Retinha, porra.
Eu soltei uma risada abafada, e senti a minha mãe me puxando, pra abraçar ela. Abracei a mulher da minha vida inteirinha, mas encarei o meu pai, vendo o olhar dele mudar de puro amor, pra puro caos, antes de ele entrar na casa, junto com os outros.
Alana: Você se machucou?
Bárbara: Não. Eu tô bem.
Alana: Cara, A Fabiana tá se fodendo na mão do Grego - ela fofocou.
Bárbara: Mesmo? Que pena.
Alana: Sim, eu fico muito triste com uma notícia dessas.
Nós duas rimos, e ela me deu um beliscão, fazendo que eu reclamasse.
Bárbara: Pra que isso?
Alana: Você é foda, filha. Mas da próxima vez, vê se leva o celular e não faz nada sem contar pra gente.
Bárbara: Vacilei. Erro de iniciante.
Ela concordou com a cabeça, dando um sorrisinho.
Alana: Te amo muito, minha pequenininha.
Rolei os olhos, mas dei um beijo no rosto dela.
Bárbara: Te amo também, nossa criancinha.
Ouvi um pigarro, e me virei de costas pra minha mãe, encontrando o Canalha completamente impaciente, dançando encima dos próprios pés.
Canalha: Momento lindo, pô. Vocês são perfeitas, mas eu preciso tocar em ti agora - ele se aproximou, segurando o meu rosto entre as mãos, e me puxando pra longe da minha mãe - Tu tá bem, vida?
Soltei uma risadinha, perdendo toda a postura de bandida má para aquele galanteador barato.
Bárbara: Tô - me estiquei na ponta dos pés, roubando um selinho - Tô bem.
Ele ainda me olhava preocupado, mas foi se acalmando aos poucos, quando eu o abracei.
A gente ainda precisava colocar um ponto final naquela história, e eu via na cara de todos eles, que o fim do Deco seria o mais doloroso de todos, e de certa forma, isso me confortava muito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Saturno
RomanceO meu coração não sei se é um bom lugar pra ti. * Segunda temporada de Lado a Lado *