The Only Exception [Rosattaz]

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A impressão que Rosamaria teve era de que passaram horas se encarando com os olhares de espanto, mas na verdade foram apenas alguns segundos. Na mente da mais nova apenas duas possibilidades se destacavam: eu posso me arrepender, e por outro lado, só se vive uma vez. Dada toda a tensão que seu corpo estava sentindo naquele momento, e sua instabilidade emocional que cresceu nos últimos dias, ela só conseguia considerar uma daquelas possibilidades. Por outro lado, na mente da mais velha, era como se nada se passasse. Era tudo abstrato, pensamentos voavam tão rápido que ela não conseguia nem decifrá-los. Ela não esperava ouvir aquilo de Rosamaria, e esperava menos ainda o gesto que veio a seguir.

Rosamaria deu um passo a frente para se aproximar de Carol, que não se moveu um centímetro, mas sua respiração levemente atordoada entregava que seu corpo estava respondendo ao movimento da mais nova mesmo que internamente. Em segundos seus lábios já estavam próximos, por iniciativa de Rosamaria, que ao encostar sua mão no rosto da mais velha parece ter a tirado de um transe e feito tudo finalmente se desenrolar. Carol segurou a cintura da mais nova e puxou em sua direção, as duas se desequilibraram juntas, mas atrás delas uma parede serviu de apoio. 

Então aconteceu. As duas começaram a se beijar lentamente, explorando o território desconhecido que era a boca da outra, e aos poucos desbravando com toques suaves mais partes de seus corpos. Carol estava encostada na parede e fazia pressão para manter Rosamaria o mais próxima possível, enquanto a mais nova, por sua vez, se permitia ser guiada ao mesmo tempo em que precisava lutar com seu desejo de ir além da boca e deixar beijos por aquele corpo inteiro.

Em uma luta silenciosa, as duas estavam vencendo ao mesmo tempo. O ambiente estava quente, e se aquele banheiro fosse um pouco menor, era certo que os espelhos estariam embaçados pelo calor gerado por aqueles corpos se encostando. Rosamaria jogou sua cabeça para o lado, deixando ali exposto um pescoço nu que era como um imã para os lábios da mais velha. Carol não demorou para explorar o local, e junto fez um movimento com seu joelho para pressionar entre as pernas da mais nova, que deixou escapar um gemido abafado com gosto de quero mais. Nesse momento a mulher mais velha direcionou sua mão para o botão da calça jeans de Rosamaria, tendendo a abri-lo, porém, a mais nova pareceu ter tido um choque de realidade com esse gesto.

— Não, não podemos... eu não posso fazer isso com o Gustavo e... tu é... não, só não.

E a mais nova usou as duas mãos para empurrar Carol, sem conseguir olhar para a chefe diretamente. A mais velha ficou paralisada, não soube como agir, teve medo de qualquer gesto piorar toda a situação. Numa rapidez absurda Rosamaria saiu correndo do banheiro e a deixou lá sozinha.

A mais nova fez o caminho direto para a sala de sua equipe, e lá estavam todas suas amigas que imediatamente perceberam sua entrada quase teatral e o desespero estampado no rosto. Ninguém falou nada, mas era nítido que Rosamaria seria a primeira.

— EubeijeiaCarolnossachefeagoraefudeu — Não houve pausa entre as palavras, e Rosamaria sentia que a qualquer momento seu coração podia pular do peito.

Um conjunto de troca de olhares arregalados, gritos de "que?" e mãos na boca tomaram conta do ambiente. Betinha pegou um copo d'água e Rosamaria bebeu em uma virada só. Depois que respirou, a mulher contou tudo para as amigas: desde o jantar na casa de Sheilla, a ida na casa de Carol, a conversa no happy hour... tudo. Elas ouviram atentamente, sem a iniciativa de dar qualquer tipo conselho, o que Rosamaria precisava naquele momento era desabafar e assim o fez. Enquanto falava caiu a ficha que empurrou sua chefe agressivamente, então levantou-se da cadeira e avisou as amigas:

— Caralho, eu vou ser mandada embora. Preciso pedir desculpas pra ela.

— Ei, calma! Vai parecer que você é louca! — Gabi tentou parar a amiga, mas seu esforço foi em vão porque Rosamaria saiu disparada em direção a sala de Carol.