Quando o despertador de Rosamaria tocou às 7h da manhã com o alarme intitulado "aeroporto", a mulher já estava mais do que acordada. Para falar a verdade, ela não conseguiu pregar os olhos desde que chegou do aniversário de Jovana. Repetiu mil vezes em sua cabeça seu último diálogo com a loira, sua saída levemente dramática e, principalmente, a conclusão sobre o que estava sentindo por Carol. Não era pouca coisa para se digerir em uma madrugada, afinal.
Rosamaria não era do tipo que sentia necessidade de se justificar pelas suas atitudes, mas talvez ter ido embora do aniversário de Jovana sem dar um tchau decente depois de fugir do beijo dela tenha sido demais. Ela sabia que precisaria encarar a loira cedo ou tarde, mas essa era a última coisa que queria pensar hoje. Isso era problema para a Rosamaria de segunda-feira, e ela era apenas a Rosamaria de domingo.
A mulher dirigiu até o aeroporto em total silêncio, sem nem ligar o som do carro. Ao mesmo tempo que estava feliz pela volta de Carol, dentro de si existia uma angústia muito grande de entender como ela reagiria internamente a esse reencontro. Ter confessado a Jovana que gostava de outra pessoa tornou tudo tão sério que a mais nova se questionava se realmente era aquilo que ela sentia, ou se não foi apenas um momento de carência e bebida em excesso. Interpretando suas próprias atitudes nas últimas semanas ela já sabia a resposta, mas mesmo assim insistia em criar hipóteses.
Quando o portão do desembarque abriu e ela viu Carol saindo de lá apressada buscando alguém com o olhar, sabendo que esse alguém era ela mesma, Rosamaria teve a tão famosa sensação de borboletas no estômago. Sensação essa que somente a mais velha foi capaz de despertar depois de tantos anos. Não era sua ideia inicial fazer uma cena no meio do aeroporto, mas ela levantou as mãos em um aceno e deu uma leve corridinha até a mulher, que abriu os braços com um sorriso enorme esperando o contato dos corpos, pronta pra lhe tirar do chão.
— Meu Deus, que saudade desse cheiro! — A mais velha apertou o abraço e virou o rosto para deixar um beijo na lateral da cabeça da mulher. Ela se manteve ali algum tempo, respirando por entre os fios de cabelo da mais nova, que também não fez qualquer esforço para se soltar.
— Que bom que tu gosta, meu perfume é bem caro mesmo — Rosamaria brincou e viu Carol afastar os corpos e franzir os olhos de maneira divertida em resposta, até que a mais nova completou, voltando a encaixar seu rosto no pescoço dela — Senti tua falta, Caroline.
— Também senti a sua! — A mais velha respondeu com um sorriso tão iluminado quanto o sol que brilhava no céu naquela manhã — Posso roubar seu domingo pra mim?
— Ele já era teu antes mesmo de tu pedir.
Com essa resposta, Carol diminuiu novamente a distância entre elas, dessa vez para deixar um selinho nos lábios da mais nova, que correspondeu colocando as duas mãos em seu rosto e puxando para um beijo mais longo. Depois, Rosamaria pegou a mala que estava na mão de Carol para empurrá-la até o carro, deixando que a mais velha levasse apenas a própria bolsa no ombro. Ela sabia que Carol nem deveria estar tão cansada assim, já que não era uma viagem longa e ela ainda voava de executiva, mas mesmo assim quis fazer um agrado.
Já dentro do carro, Carol foi contando alguns casos da viagem tão distraída que nem percebeu quando Rosamaria desviou o caminho, virando em outra entrada que não era para o bairro delas. Foi somente alguns minutos depois que a mais velha se calou e encarou a mulher com o questionamento explícito em seus olhos.
— Cê tá me sequestrando? — Ela levantou uma sobrancelha.
— Quero te levar em um dos meus lugares favoritos que eu não vou há quase dois anos pra gente tomar café da manhã, tudo bem por você? — Rosamaria respondeu um pouco tímida, sem tirar os olhos da direção. Essa parada não estava planejada, mas a vontade surgiu e ela só seguiu seu desejo, ignorando o fato que comprou vários itens para fazer o café em casa.
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The Only Exception [Rosattaz]
FanfictionRosamaria é uma jornalista esportiva que está muito realizada profissionalmente, mas sua vida pessoal é o oposto disso. Ela vive um relacionamento que já dura cinco anos e parece que tem cada vez menosr sintonia com seu companheiro, apesar de não ad...