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A situação no ambiente de trabalho continuava desconfortável, principalmente para Carol. Apesar disso, sua reconexão com Rosamaria trouxe um fôlego a mais para tolerar o dia a dia enquanto esperava o tempo passar e deixar isso tudo sair de foco até a próxima fofoca corporativa surgir distraindo as pessoas. 

"Tu fica tão longe agora... Saudade desse rostinho lindo." A mensagem apareceu na tela do celular da mais velha e só de ler ela já sabia quem era. 

"De noite eu vou estar tão perto que cê vai me bater pra eu afastar." Ela respondeu tentando dar um tom de humor, mas era só pra tirar um sorriso de Rosamaria, porque por dentro Carol ainda estava muito machucada com o modo que as coisas aconteceram. Não suportava a ideia de ter seu caráter questionado profissionalmente, já que sempre se dedicou a sua carreira mais do que tudo e agora estava jogada de lado enquanto homens engravatados decidiam seus próximos direcionamentos.

"Banheiro em cinco minutos." 

Rindo da urgência da namorada, Carol se adiantou para chegar antes no banheiro afastado que já era o refúgio delas desde antes de serem um casal. Aguardou um tempo até que a namorada cruzasse a porta direto para seus braços, deixando vários selinhos em sequencia nos lábios.

— Tu era uma chefe muito melhor, o Santarelli é um saco! — Rosamaria resmungou.

— Obrigada, eu acho — Carol coçou a cabeça — Por que cê quis me encontrar aqui?

— Porque eu odeio ficar longe o dia inteiro — A mais nova respondeu, voltando a circular a namorada com os braços.

— Não é das minhas atividades favoritas também. Sabe o que eu prefiro bem mais?

Ela olhou provocante para Rosamaria, que passou a língua nos lábios quase como um convite para a namorada. Carol se aproximou mais e a encostou na parede, usando as duas mãos para pressionar seus corpos e tornando toda a situação mais quente. Elas continuaram o beijo até que o smartwatch da mais nova apitou com uma notificação.

— Que merda, tenho reunião agora. Preciso ir! — Rosamaria deu alguns beijos na bochecha de Carol, que sorriu em compreensão, mas segurou a mulher antes de sair.

— É melhor cê se arrumar, tá toda descabelada — Ela virou a mais nova em direção ao espelho.

— Descabelada e molhada entre as pernas, é bom tu se preparar pra resolver isso mais tarde.

A mais nova deixou a namorada no banheiro e saiu a frente em direção a sala de reunião. Chegado na porta, viu que Roberta estava acompanhada do chefe Santarelli e eles fizeram sinal para que a mulher sentasse. Ao entrar na sala, viu que Jovana e Arthur também estavam presentes. 

— Oi Rosa, já estávamos começando. Pra te dar contexto, tenho pensado em um projeto bem grandioso que envolve duas áreas, e para isso vou precisar que trabalhem juntos e... 

— Com eles? — Rosamaria apontou para Arthur e Jovana sem a menor delicadeza. Ela simpatizava com Arthur, mas a última coisa que precisava era Jovana a perturbando diariamente sem poder fugir disso.

— Algum problema? — Santarelli aumentou o tom de voz.

Roberta cutucou Rosamaria por baixo da mesa discretamente.

— Não, nenhum. 

Rosamaria engoliu a seco. Ouviu atentamente ao chefe, e percebeu que Jovana a encarava de forma divertida, tentando chamar sua atenção quando Santarelli virava de costas. Que mulher infantil, pensou Rosamaria ao mesmo tempo em que revirava os olhos. 

Finalizada a reunião, Rosamaria saiu as pressas com Roberta, mas a amiga tinha outra reunião logo em seguida e precisou se apressar. Sozinha, Jovana a alcançou.

— Eu sei que você não vai com a minha cara só porque eu fiz uma brincadeirinhas sobre seu relacionamento, mas não precisa me olhar com desgosto também. 

— Prefiro te evitar, tu consegue ser bem desagradável quando quer — Ela respondeu sem diminuir o passo e mantendo seu olhar a frente, porém, Jovana acelerou e parou de frente para ela.

— Engraçado que eu não era desagradável pra você quando era solteira. Posso jurar que tinha uma atraçãozinha por mim.

— Ai, me poupe — Rosamaria manteve sua expressão de tédio, mas não era mentira. Ela odiava o fato de achar Jovana bonita, e odiava mais ainda que a loira soubesse disso.

— É meu jeitinho, Rosamaria. Todas minhas ex namoradas eu conquistei assim, na implicância. Tem muita gente que gosta, sabe? — Ela esperou Rosamaria responder mas recebeu apenas o mesmo olhar de tédio, então continuou — Enfim, vim te avisar que prometo que vou ser mais tranquila pelo bem da nossa convivência nesse projeto.

— Finalmente tu falou uma coisa boa de ouvir. 

— Só não pode se apaixonar por mim, tá? Não quero problema com a Gattaz! — Jovana riu e Rosamaria achou graça também. A loira era tão sem noção que chegava a ser engraçada. — Amanhã nos reunimos pra começar o projeto.

Ela observou Jovana se afastar e continuou com um sorriso no rosto por tamanha audácia da loira. Com um espaço de tempo livre, aproveitou para pegar dois cafés e foi até a área de trabalho de Carol. A mais velha não tinha mais uma sala para chamar de sua, mas pelo menos seu novo cantinho era um local sem muita movimentação. 

— Trouxe um café pra melhorar seu dia — Rosamaria chegou fazendo um carinho discreto no cabelo de Carol.

— O que melhora meu dia é você, mas obrigada pelo café, amor — Ela fechou os olhos para receber o carinho.

Percebendo pessoas se aproximando, as duas se afastaram rápido e Rosamaria voltou para seu setor enquanto Carol deu um gole no seu café, frustrada por se sentir como uma prisioneira.


Algumas horas depois...

Já era noite quando Rosamaria inventou de preparar um risoto para elas jantarem. Carol estava de frente pra ela na bancada da cozinha ajudando a cortar alguns ingredientes quando seu celular tocou indicando um número desconhecido.

Caroline Gattaz?

— Alô, sim. Sou eu mesma. Quem fala?

Carol arregalou os olhos ao ouvir a resposta do outro lado da linha e se afastou da cozinha enquanto Rosamaria a observava com curiosidade. A mais velha demorou quase vinte minutos na ligação, e quando finalmente encerrou voltou para perto da namorada com uma expressão indecifrável no rosto.

— Tá tudo bem? Quem era? — Rosamaria questionou com uma sobrancelha levantada.

— Parece que a pessoa que me substituiu na minha empresa anterior não deu muito certo.

— E...? 

— Me ofereceram o emprego de volta — Carol engoliu a seco — Lá em Portugal. 

Elas se olharam, mas nenhuma soube o que dizer.


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The Only Exception [Rosattaz]Onde histórias criam vida. Descubra agora