twelve

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Algumas semaninhas depois...

Durante essas semanas, eu fiquei bem mais próximo de Minho e Felix. Percebi o quão legal Minho é, e o quão fofos podem ser os changlix juntinhos.

Sim, changlix. Eu e Minho criamos esse nome quando os mesmos estavam brincando de casinha, onde Felix era a mãe e Changbin o pai. Os meninos amaram o nome, e disseram que os seus filhos irão se chamar "Changlix" e "LixBin". Achei tão bonitinho!

Na segunda feira a noite, quando no dia seguinte fomos embora da chácara, eu fui com Changbin visitar minha mãe, e sinceramente, preferia não ter ido.

Changbin contou a sua vó sobre Felix, dizendo o quão fofo ele era, o quão legal, bonito e gentil, enfim, elogiou tudo dele. Quando brincavam, dormiam e até quando dividiam a mamadeira na creche. Só que minha mãe não gostou muito. Ela disse ao Changbin com essas exatas palavras:

"Você não pode ser tão apegado a um menino assim. A amizade de vocês é bonita, mas sempre quando começa assim, termina em viadagem ou coisa pior. As pessoas te usam e te largam. Então, Changbin, cuide de você mesmo, pra você não tornar o que seu pai se tornou. Uma bixa, vadia que sai dando pra todo mundo." E sinceramente, assim que ela terminou de dizer aquilo, eu peguei Changbin e fui direto pra casa.

Onde se vê? Falar uma coisa DESSAS pra uma criança de 4 anos? Ela tem o que na cabeça? Merda? Eu sinceramente, respeito muito minha mãe. Sei que ela é mais velha, que na época não era "normal ser gay", mas precisava? Precisava falar uns absurdos desses pra uma criança de nem meia idade? Eu acho um absurdo isso.

Changbin não entendeu quase nada do que ela disse, principalmente no final. Mas quando ele me viu dirigindo e chorando, ele tentou me acalmar. Por mais que ele tente, e eu agradeço muito, mas não conseguiu, tive uma crise alí mesmo. Eu tentei me controlar, mas eu já não tinha mais controle sobre meu corpo. Só sabia chorar, tremer, pensamentos maldosos, não conseguia mexer meu corpo, estava em um pesadelo.

A sorte foi que eu consegui parar o carro. Changbin já estava desesperado, chorando junto comigo, enquanto tentava se soltar da cadeirinha. Eu já havia me soltado do cinto, aberto a porta do carro e tentando respirar o ar fresco da natureza.

Mas não, nunca conseguia me acalmar, parecia que era algo que me prendia lá, não tinha o que fazer, ou era ter a crise ou era ter a crise. Eu não tinha crises nesse nível a anos! Dês de quando Changbin nasceu, e adivinhem? Foi voltando da casa de minha mãe também.

Estávamos em uma rua deserta, não havia um carro passando, estava escuro, tarde da noite, um ótimo lugar pra ser assaltado. Percebi o quão preocupado e desesperado Changbin estava, e então foi aí que eu percebi que eu fiz muita merda. Eu não queria ter uma crise dessas na frente de ninguém, principalmente na frente de Changbin, que era tão sensível e tão apegado a mim. Com bastante dificuldade, com as mãos bastante trêmulas e quase não me obedecendo novamente, consegui pegar meu celular do bolso, desbloqueando o mesmo. E acredite, só essas ações demoraram no mínimo 5 minutos pra serem feitas. Assim que entreguei o celular pra Changbin, senti que ia desmaiar. Mas eu não podia. Não podia deixar Changbin sozinho, não nessa rua deserta e escura. Fiz mais força, já quase não aguento mais.

"Liga pra alguém" sussurrei, quase inaudível, mas felizmente ele conseguiu ouvir, e fez o que eu pedi. Changbin já havia se acalmado melhor, já havia parado de chorar alto e de ficar desesperado, vendo que eu já estava "mais calmo e melhor". Mas apenas na vista dele. Eu estava "mais calmo" era exatamente por eu estar mole. Quase desmaiando e desligando alí mesmo. Estava fazendo muita força, pois não queria que Changbin visse mais coisas, e coisas piores.

Pais solteirões¡ °Minsung.°Onde histórias criam vida. Descubra agora