Come Bother Me - Sheibi

Capítulo 3

POV SHEILLA CASTRO 

Foi fácil arrumar pretextos para não ir ao escritório pelas próximas quatro semanas que sucederam o evento no sítio. Eu não entendo o que está acontecendo em relação a Gabriela, mas sei que não posso deixar ultrapassar nenhum limite, além do mais, o pensamento de que provavelmente a garota só estava sendo simpática não sai da minha cabeça.

Fui puxada dos meus devaneios pelo som de uma batida, desviei o olhar da tela do computador a minha frente levantando os olhos em direção a porta com um sobrancelha erguida. Caminhei até a entrada e antes que eu pusesse alcançar a maçaneta, a porta se abriu revelando a imagem de Thaisa.

- Você não pode me expulsar, eu trouxe vinho e comida japonesa! – Thaisa disse levantando o vinho e já tirando os sapatos enquanto entrava.

- Eu preciso me lembrar de proibir sua entrada sem aviso prévio e mudar a senha da minha fechadura! – falei bufando, enquanto a seguia pela cozinha.

- Amor, acorda! Vai me proibir de entrar no meu próprio prédio? Sorte sua que não convoquei a trupe toda. – A loira fala enquanto abre a caixa de comida no balcão da cozinha e se dirige ao armário, buscando por taças.

- Não entendo qual foi o contexto do momento em que decidimos morar no mesmo prédio, mas provavelmente envolvia álcool, como todas as minhas péssimas decisões! – completei amarga, servindo o vinho nas taças que Thaisa estendeu a minha frente.

Nos dirigimos para a sala amplamente arejada e nos sentamos no tapete estendido no chão, apoiando a caixa de comida na baixa mesa de centro. Começamos a comer num silêncio perfeitamente confortável, até que Thaisa fez questão de pôr um fim nele.

- Você prefere me contar ou vai me deixar criando teorias? Eu tenho uma ótima!

- Contar o que? – Perguntei sem pretensão, bebericando meu vinho.

- O motivo pelo qual você sumiu do escritório depois de ver o tanquinho da Gabizinha... – Só de lembrar da imagem eu me engasguei, babando um pouco do vinho, tentando, em vão, não deixar Thaisa perceber, mas a loira apenas riu e corrigiu a frase – digo, depois do fim de semana no sítio.

- Eu não sumi, estou trabalhando de casa e em total contato com vocês – por mais que eu me esforçasse, foi tudo que consegui dizer. A imagem de Gabriela de biquini, que eu estava lutando constantemente para esquecer, volta a  pairar insistentemente na minha cabeça.

- Qual foi, Sheillinha, se eu não estivesse aqui nós estaríamos há um mês sem nos vermos e olha que eu moro dois andares abaixo de você! – Thaisa disse de forma firme, mas soou triste e me fez pensar no quanto eu estava me isolando. De novo.

- Ok, desculpa. Vamos jantar com mais frequência e eu volto ao escritório na próxima semana. – Não era totalmente verdade, mas também não era mentira. Eu pretendia passar mais tempo com minha amiga e voltar a frequentar o meu próprio escritório, mas ainda não sabia como fazer isso sem ligar as duas coisas à Gabriela.

- Então vamos encontrar as meninas num barzinho que abriu aqui perto, como forma de se desculpar – Thaissa disse já se levantando, retirando as caixas de comida e indo em direção a cozinha. Eu sabia que não adiantaria eu tentar negar ou discutir, eu estava em dívida e um barzinho não é uma forma tão ruim de pagar por ela, então apenas me levantei, caminhei em direção ao quarto para me arrumar e minutos depois estávamos saindo de casa.

O lugar se parece com todos os outros bares ao redor, um tipo de pub com muita gente, devido a divulgação. A música enjoativamente alta e um cheiro peculiar, que eu não conseguia distinguir no primeiro momento.

Caminhei alguns passos atrás de Thaisa em direção a uma mesa de canto onde as meninas estavam e confesso que o sorriso mútuo que elas me ofereceram me deixou perfeitamente confortável em estar ali. Eu definitivamente sentia falta dos nossos momentos juntas, afinal, além de minhas melhores amigas elas eram minha família. Me senti estranhamente bem e nada afastaria esse sentimento hoje.