POV GABRIELA GUIMARÃES
Permaneci imóvel de costas para a porta e, para mim, haviam se passado horas, mas o bom senso me diz que foram apenas alguns segundos. O que ela estava fazendo aqui depois de tudo?
- Não... A Gabi não está! - Naiane foi firme e essa era, com certeza, uma reação que eu não esperava. Meus pés estavam fixados com chumbo no chão e eu não conseguia andar, um nó na garganta me impossibilitava de falar também.
- Ah, não tem problema! - Sheilla disse passando por Naiane e adentrando meu apartamento com leveza e firmeza ao mesmo tempo, de quem era dona do espaço. - Eu espero por ela.
No mesmo instante me virei e a vi, parada em minha sala, com o rosto levemente inchado e os cabelos presos em um rabo de cavalo alto e meio bagunçado. Seus olhos percorreram o meu corpo coberto apenas por um short e um topper. Eu não deveria, mas senti um misto de constrangimento e até um... arrependimento.
- Gabriela, nós podemos conversar? - Sheilla se dirigiu a mim como quem sabia que eu estava ali desde o momento em que chegou.
Naiane permanecia com a porta aberta e um olhar impaciente. Eu estava completamente paralisada e apenas assenti com a cabeça. Talvez a ficha estivesse começando a cair, talvez trazer Naiane para cá não teria sido a melhor atitude... Talvez eu sinta bem mais por Sheilla e me importe bem mais do que sou capaz de assumir para mim mesma.
- Nai... - Disse cuidadosamente, mas ela pareceu entender antes mesmo que as palavras saíssem da minha boca.
- Vou colocar uma roupa e já estou saindo! - Ela levantou as mãos e eu respirei fundo, querendo pedir desculpas, mas não sendo capaz, ainda pelo nó e, em partes, por não querer que Sheilla notasse que eu me importo. Eu não sabia ao certo o que queria transparecer à Sheilla.
Enquanto Naiane se trocava, eu e Sheilla permanecemos imóveis e em absoluto silêncio. Diferente de todos os nossos silêncios completamente confortáveis, esse silêncio trazia dor, aperto no peito e um insistente e chato nó na garganta.
Nós estávamos nos machucando em silêncio.
Minutos depois Naiane estava de volta e, já na porta, ela se despediu me jogando um beijo no ar. - Obrigada pela noite, Gabi! A gente se vê.
A mesma sensação de constrangimento me inundou e eu apenas respirei fundo enquanto ela deixava meu apartamento. Torci para que Sheilla não tivesse escutado, mesmo com ela estando a menos de um metro de nós. Antes que eu pudesse dizer algo ou até mesmo me mover, Sheilla quebrou o silêncio com uma pergunta que me envergonhou.
- Vocês transaram, Gabriela?
- Isso não te compete, Sheilla. - Tentei não transparecer o sentimento de quem sabia que tinha feito merda.
- Não mesmo, eu não me importo com quem você transa ou deixa de transar, eu me importo apenas com a promessa que você quebrou. - Ela dizia transparecendo mais mágoa do que raiva.
- Não deveria também, já que você a quebrou transando com sua noiva! - Minha boca dizia o contrário do que o meu coração gritava, mas ela não podia me cobrar uma coisa que ela mesma não fez e eu estava decidia a não fazer papel de boba mais.
- Eu não transei com Marianne, Gabriela! - Seu olhar era vazio e decepcionado e me atingiu em cheio.
Me mantive em silêncio pensando na atitude que tomei por impulso e o que isso poderia me causar.
- Eu não saio por aí transando com qualquer pessoa só para amaciar o meu ego. Muito menos saio por aí quebrando promessas que fiz para uma pessoa que eu digo me importar. - Ela acrescentou e, mais uma vez, me acertou em cheio.
Eu não era esse tipo de pessoa, não mais. Ou pelo menos eu não queria ser com Sheilla, eu não queria cometer os mesmos erros, não queria meter os pés pelas mãos, mas aparentemente era tarde demais porque eu já tinha feito isso.
- Sheilla... - Tentei começar alguma baboseira qualquer, mas ela me interrompeu.
- Não, Gabriela. Eu pensei que você fosse diferente e eu não estou disposta a passar por outro relacionando conturbado. Eu sei que não fui completamente sincera com você, mas eu tive medo de te perder, medo de nos perder e parece que para você, isso é tudo que eu venho fazendo, nos perdendo. Eu realmente devo ter sido horrível para você jogar tudo fora por uma noite de sexo. Em momento algum eu quebrei a promessa que te fiz, sempre foi nós duas, eu só estava cuidando de uma pessoa que, você queira ou não, foi minha noiva bem antes de eu te conhecer e estava em coma por minha causa!
- Ah, então a culpa é minha? - Perguntei mesmo sabendo que, em partes, era.
- A culpa é nossa, Gabriela. Eu comecei estragando tudo quando não fui totalmente sincera com você e você terminou de estragar quando nos trocou por uma noite de sexo com a primeira mulher que te atendeu e se submeteu a isso!
Nessa altura eu já não era capaz de segurar minhas lágrimas e nem Sheilla. Estávamos apenas em completo silêncio deixando as lágrimas rolarem enquanto nos olhávamos e tentávamos entender porque fizemos isso.
Eu queria dizer que a amava, correr no quarto e buscar o anel que comprei para ela, mas algo dentro de mim doía. Doía toda a história de Marianne que eu ainda não havia engolido e doía ainda mais ter agido como se Sheilla fosse qualquer pessoa, como se ela não importasse, enquanto era exatamente o contrário.
Tudo que eu sempre quis foi ajudar Sheilla com sua bagunça e não bagunça-la ainda mais... E a última coisa que podia era me machucar ainda mais.
- Você tem razão. - Foi tudo que eu consegui dizer e Sheilla, apesar de parecer frustrada, parecia completamente rígida perante a situação.
- Isso é tudo? - Ela parecia querer me arrancar alguma justificativa.
- Desculpa, mas sim. - Respirei fundo querendo dizer uma infinidade de coisas, mas sem conseguir formular sequer uma frase que fizesse sentido. - Eu não quis te magoar.
- Mas magoou. - Ela disse quase que imediatamente.
- Assim como você me magoou... - Disse baixo, tentando justificar meu erro com o dela.
- Não seja imatura, Gabriela... Uma coisa não justifica a outra, pelo amor de Deus! Marianne era minha noiva, eu causei o acidente que a deixou em coma, o mínimo que eu poderia e deveria ter feito, foi o que fiz, ter dado assistência a ela.
- Você poderia ter dado assistência a ela e falado que você tinha alguém. - Deixei meus ciúmes transparecer, mesmo sem querer.
- Eu só estava esperando o momento certo, Gabriela. Estava apenas sendo cuidadosa, ela ficou desacordada por dois anos! - Sua voz passava uma leve impaciência e eu percebi o quão imatura eu fui, o que me deixou ainda mais magoada comigo mesma.
Apenas respirei fundo e Sheilla vendo que eu não falaria nada, caminhou em direção a porta. Antes de abri-la, ela me olhou como quem esperava algum pronunciamento e eu me acovardei, apenas encarando os meus pés.
Pude ouvir Sheilla soltar uma respiração pesada e, mesmo em silêncio, ali já com a mão na maçaneta, ela disse tanta coisa apenas com um olhar e logo em seguida saiu, fechando a porta atrás de si.
- Sheilla! - Disse alto no mesmo momento em que a porta bateu e esperei que ela voltasse, mas ela não voltou.
As lágrimas rolaram incontrolavelmente e a ressaca moral finalmente me atingiu em cheio. Como você pode ter sido tão burra, Gabriela?
____________________________________Capítulo curtinho apenas pra confortar o coração do voleifã que passou o dia esperando a tal da lista 🤡
Não se esqueçam de votar e comentar bastante! Estamos entrando na reta final e eu quero a opinião de vocês.
Até o próximo capítulo (em breve, prometo)! 😉
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Come Bother Me - Sheibi
Fanfiction"Mas quando eu penso em você, eu quero arriscar. Eu quero abrir mão do que eu acho que sei e me redescobrir ao seu lado. Eu quero sentir por você e sentir com você. Quero criar um contexto para nós onde só caiba felicidade. Venha me incomodar, amor...